Publicado em 26 de setembro de 2020 às 15:59
Timothy Ray Brown, considerado a primeira pessoa a ser curada da infecção do HIV, enfrenta agora uma leucemia em estágio terminal. Também conhecido como "paciente de Berlim", em referência à cidade em que viveu, ele recebeu um transplante de um doador com resistência natural ao vírus da Aids há cerca de 12 anos. >
Em entrevista à The Associated Press, Brown relatou que o câncer voltou no último ano e de forma mais agressiva. Hoje, com 54 anos, vive em Palm Springs, na Califórnia, onde recebe cuidados paliativos. >
"Ainda estou feliz por tê-lo feito", diz sobre o transplante histórico. "Isso abriu portas que não existiam antes" e inspirou cientistas a trabalhar mais para encontrar uma cura, que muitos começaram a pensar que não era possível, comenta.>
"Timothy provou que o HIV pode ser curado, mas não é isso que me inspira nele'', afirma Steven Deeks, um especialista em Aids da Universidade da Califórnia, que trabalhou com Brown em pesquisas para a cura. "Tiramos pedaços de seu intestino, tiramos pedaços de seus gânglios linfáticos. Cada vez que lhe pediam para fazer algo, ele aparecia com uma graça incrível.">
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Brown foi diagnosticado com leucemia em 2006. Na época, o médico Gero Huetter, especialista em câncer sanguíneo da Universidade de Berlim, defendia que um transplante de medula era a melhor chance para que o paciente sobrevivesse e propôs utilizar o procedimento também para tentar curá-lo do HIV, com a participação de um doador com uma rara mutação genética que fornece resistência natural ao vírus da Aids.>
Nesse tipo de procedimento, os médicos precisam destruir o sistema imunológico doente do paciente com quimioterapia e radiação, depois transplantar as células do doador e esperar que elas se desenvolvam em um novo sistema imunológico para o receptor. O primeiro transplante de Brown ocorreu em 2007, mas foi apenas parcialmente bem-sucedido, pois o vírus do HIV sumiu, mas a leucemia permaneceu.>
Ele teve um segundo transplante do mesmo doador em março de 2008. Desde então, testou repetidamente negativo para HIV e tem aparecido frequentemente em conferências sobre a Aids, onde a pesquisa de cura é discutida. >
"Ele tem sido como um embaixador da esperança", disse o parceiro de Brown, Tim Hoeffgen. Um segundo homem, Adam Castillejo, chamado de "paciente de Londres'' também teria sido curado por um transplante semelhante em 2016. >
Doadores como esses são escassos e os procedimento é muito arriscado para ser amplamente utilizado. Os cientistas têm testado a terapia genética e outras maneiras de tentar obter o efeito da mutação genética favorável sem ter que fazer um transplante. >
Em uma conferência em julho, pesquisadores disseram que podem ter alcançado uma remissão de longo prazo em um homem do Brasil usando uma combinação poderosa de drogas destinadas a liberar o HIV de seu corpo./ASSOCIATED PRESS>
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