Publicado em 5 de junho de 2020 às 14:06
A pandemia de Covid-19 já traz impactos nas políticas de HIV/Aids e de tuberculose, como redução das equipes técnicas, de consultas e de exames de rotina.>
Nos programas de Aids, por exemplo, houve redução em 40% das equipes e 35% das consultas. Os serviços de referência relatam queda de 22% das testagens de HIV. Nas ações de tuberculose, 24,5% dos diagnósticos foram atingidos.>
Os resultados são de uma pesquisa de entidades que acompanham políticas relacionadas a essas doenças. Na primeira etapa do levantamento, 69 coordenadores municipais e estaduais de programas foram ouvidos. Nas próximas duas fases, serão entrevistados profissionais de saúde e usuários.>
Na apresentação dos dados preliminares, na quinta-feira (4), profissionais que atuam na ponta desses serviços relataram que a situação atual já é pior do que a retratada na pesquisa, feita entre os dias 28 de abril e 10 de maio. >
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"Os atendimentos ambulatoriais de pacientes com HIV foram praticamente paralisados na sua totalidade. Muitos serviços de referência fizeram a mesma coisa. Tudo isso sem nos avisar", disse Moyses Toniollo, do Conselho Nacional de Saúde, que mora em Salvador (BA).>
Dilza Soares Silva, supervisora do serviço de DST-Aids de Campos Maior (PI), diz que o atendimento está restrito aos pacientes que estavam com atendimentos agendados. Também só recebem antirretrovirais aqueles que já tinham receita médica.>
"Não há agendamento de novas consultas. Tenho três casos novos de pacientes soropositivos que não podem sequer faezr o teste de carga viral porque não estão marcando nada. Só para casos urgentes. Exames que estavam agendados também não estão sendo feitos", relata.>
Há também queixas de problemas de diagnóstico porque laboratórios municipais pararam de fazer exames para tuberculose para atender às demandas da pandemia.>
Outros estão parados porque não têm cabines de segurança. O exame diagnóstico é feito a partir de amostras de escarro do paciente (baciloscopia).>
"Infelizmente a pauta da Covid-19 vem atropelando e muito as ações voltadas ao HIV, Aids e tuberculose. Temos que ficar atentos para que elas sejam oferecidas apesar da pandemia", disse Carla Almeida, coordenadora da pesquisa.>
A oferta de Prep (Profilaxia pré-exposição) foi reduzida em 35% nos locais pesquisados. Um quarto dos gestores (25%) nem sequer sabe como os serviços estão operando neste período. E 13% dos entrevistados dizem que não aderiram à recomendação de distribuir antirretrovirais por 90 dias, como recomendado pelo Ministério da Saúde, por problemas com logística e estoque de medicamentos.>
A pesquisa também aponta uma redução de 42% das equipes técnicas dos serviços de tuberculose e diminuição de 20% da oferta de consultas por conta das ações para o enfrentamento da Covid-19.>
Segundo Carla, além dos impactos da epidemia de Covid-19 na rede laboratorial, há relatos de falta de manutenção de equipamentos, de insumos e de profissionais.>
A pesquisa conta com o apoio da Articulação Social Brasileira para o Enfrentamento da Tuberculose (Articulação TB/Brasil), Articulação Nacional de Aids (Anaids), Comitê Comunitário de Acompanhamento de Pesquisas em tuberculose (CCAP TB/Brasil) e do segmento Sociedade Civil da Parceria Brasileira contra a Tuberculose.>
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