Publicado em 10 de agosto de 2020 às 21:48
A Justiça condenou a União a pagar R$ 59 mil por declarações críticas do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dirigidas ao coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol. Cabe recurso da decisão. >
A sentença do juiz Flavio Antônio da Cruz, da 11ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, foi proferida na sexta-feira (07) e atende a um pedido do próprio Dallagnol, que entrou com ação contra o ministro em dezembro de 2019 por "insinuações, acusações e ofensas de distintos naipes e calibres, em sessões de julgamento ou em entrevistas concedidas à imprensa". >
Na visão do magistrado, Gilmar Mendes excedeu o limite do "razoável" e ofendeu a honra do procurador em declarações públicas.>
Ninguém pode ser censurado por criticar ou por defender a operação Lava Jato. Tampouco é cabível a repreensão de alguém pelo fato de criticar algum servidor do povo e suas atividades. O problema não está na crítica; está na forma com que ela se apresenta, escreveu o juiz. >
>
Isso não pode ser feito de qualquer modo, atingindo-se a honra dos servidores do povo que nela atuam. Não se pode confundir a crítica democrática à atividade do órgão público com a crítica pessoal, endereçada aos sujeitos, por meio de impropérios, insinuações ou aleivosias, completou.>
Na sentença, são reunidos diversos de exemplos de declarações do ministro consideradas ofensivas pela Justiça, incluindo comparação da força-tarefa a uma organização criminosa formada por "gente muito baixa, muito desqualificada" e insinuações de que os procuradores da Lava Jato queriam lucrar com a operação. >
O documento traz ainda a transcrição de falas de Gilmar Mendes durante julgamento, em março do ano passado, sobre a competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar crimes comuns que apresentam conexão com crimes eleitorais, em que o ministro chamou os integrantes da força tarefa Lava Jato de "cretinos", "gentalha", "covardes", "voluptuosos", "voluntaristas", "espúrios", "reles" e "vendilhões do templo".>
O ministro Gilmar Mendes não comentou a sentença.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta