Publicado em 29 de maio de 2020 às 21:46
A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou três pessoas após as agressões de um grupo de militantes bolsonaristas contra profissionais de enfermagem durante a realização de uma manifestação na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 1º de maio. O termo circunstanciado com os indiciamentos chegou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios nesta sexta-feira (29).>
Foram indiciados Sabrina Nery Silva, Marluce Carvalho de Oliveira Gomes e Renan da Silva Sena.>
Os suspeitos, no entanto, foram indiciados por infrações de menor poder ofensivo. Vão responder pelos crimes de injúria e por infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução e propagação de doença contagiosa -por conta das políticas de combate à pandemia de coronavírus.>
Além dos outros dois crimes previstos no Código Penal, Sena também vai responder sob suspeita de ameaça. O processo corre em segredo de Justiça.>
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A reportagem não conseguiu contato com os indiciados nesta sexta-feira.>
Além dos boletins de ocorrência registrado pelas vítimas, o procurador-geral da República, Augusto Aras, havia solicitado ao Ministério Público do Distrito Federal que investigasse as agressões naquele fim de semana -jornalistas também foram agredidos dois dias depois.>
Após a liberação do termo circunstanciado pela Justiça do Distrito Federal (procedimento padrão, apenas para que o caso ganhe um número processual), o caso seguirá portanto para análise do próprio MPDFT, que vai decidir se oferece denúncia contra os acusados.>
As agressões promovidas por militantes bolsonaristas naquele fim de semana começaram no feriado do Dia do Trabalho, sexta-feira, 1º de maio.>
Cerca de 60 profissionais de enfermagem realizavam um protesto silencioso na Praça dos Três Poderes em homenagem aos colegas de profissão mortos durante o combate à pandemia do novo coronavírus.>
Os participantes também exibiam cartazes pedindo melhores condições de trabalho durante a epidemia e para que as pessoas respeitassem as políticas de isolamento social.>
Apesar de ser um ato público, os profissionais de saúde resguardavam espaços vazios entre eles, para evitar infecções pelo coronavírus.>
Um grupo pequeno de militantes bolsonaristas começou se mobilizar para dispersar os profissionais de enfermagem, cercando-os, gritando ofensas e distribuindo empurrões. Renan da Silva Sena chegou a cuspir em uma estudante que defendia as colegas.>
Sena era funcionário terceirizado no MDH (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), comandado por Damares Alves.>
Ele havia sido contratado pela empresa G4F Soluções Corporativas, que tem um contrato de R$ 20 milhões com o ministério. A pasta efetivou o desligamento do funcionário dias após o episódio.>
Dois dias após os atos dos profissionais de enfermagem, no domingo, uma manifestação em favor do presidente Jair Bolsonaro, na mesma região, terminou com jornalistas agredidos pelos militantes.>
O fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S. Paulo, chegou a ser derrubado e foi vítima de chutes e socos.>
A Polícia Civil informou que segue investigando essas outras agressões, contra jornalistas, mas ainda não identificou os suspeitos.>
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