Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 20:23
O presidente Jair Bolsonaro dedicou a sexta-feira (31) para encontrar uma saída para a crise política que tem como protagonista o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM). Após esvaziar as funções do auxiliar palaciano, retirando na quinta-feira (30) de seu comando o PPI (Programa de Parceria de Investimentos), o presidente agora discute formas de contemplar o aliado em outro cargo na Esplanada dos Ministérios.>
Em conversas reservadas relatadas à reportagem, Bolsonaro tem lembrado que Onyx foi um aliado de primeira hora e que, mesmo insatisfeito com o seu trabalho na Casa Civil, não pretende abandoná-lo.>
Para tentar chegar a uma solução, o presidente se reuniu nesta sexta-feira (31) com os ministros da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, e do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno. Bolsonaro também conversou sobre o tema com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.>
Segundo auxiliares presidenciais, Bolsonaro avalia três hipóteses para Onyx: alocá-lo no Desenvolvimento Regional, na Cidadania ou na Educação. As duas últimas pastas são comandadas por aliados do ministro gaúcho, o que, na visão do Palácio do Planalto, seria uma saída menos traumática.>
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Caso opte por alocar Onyx na Educação, Bolsonaro atenderá ainda a ala do governo e parlamentares que cobram a demissão do atual ministro, Abraham Weintraub.>
O atual titular da Educação está desgastado pela atual crise do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e tem sido criticado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). >
O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, está também desgastado com Bolsonaro. Desde o ano passado, o presidente tem se queixado do desempenho dele e cogitado retirá-lo da pasta.>
Para conseguir fechar a equação, o presidente tem buscado um nome para o comando da Casa Civil. O favorito de Bolsonaro é Jorge Oliveira, mas o ministro tem demonstrado resistência. O plano estudado por Bolsonaro é o de fundir a Casa Civil com a Secretaria-Geral da Presidência. >
Um plano B seria a nomeação de um dos líderes do governo para comandar a articulação política: como Fernando Bezerra (MDB-PE), do Senado, e Eduardo Gomes (MDB-TO), do Congresso.>
A indicação de Bezerra, no entanto, enfrenta um empecilho. Ela pode inviabilizar que seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (DEM-PE), assuma Minas e Energia em maio, quando o ministro Bento Albuquerque deverá ser indicado para uma vaga destinada à Marinha no STM (Superior Tribunal Militar).>
Além do mais, articuladores políticos de Bolsonaro consideram que trazer um parlamentar para o Planalto, neste momento, pode ser contraproducente. Eles argumentam que prestigiar o MDB poderia desencadear um movimento de partidos que votam com o governo por mais espaço na Esplanada. >
Após uma reunião com ministros sobre a situação do coronavírus, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre a situação do chefe da Casa Civil. Ele disse que encontrou Onyx nesta tarde, mas não respondeu aos questionamentos.>
"Isso não é assunto, não foi tratado aqui. [Ele] estava aqui agora há pouco. Já que deturpou a conversa, acabou a entrevista. Obrigado, pessoal", disse Bolsonaro.>
Mais cedo ao chegar a Brasília, Onyx disse não considera deixar ao governo. "Como já disse, a minha missão, com o presidente Bolsonaro, é servir o Brasil. Mas claro que toda e qualquer decisão dentro do governo é liderada por ele", disse ao canal GloboNews.>
O ministro afirmou ainda que quer "entender as razões" de Bolsonaro sobre o esvaziamento da Casa Civil.>
"Mas a nossa relação é de muita amizade, a nossa relação é de muita confiança entre um e outro, nós somos amigos há mais de 20 anos. Eu tenho certeza de que o entendimento vai prevalecer", disse o ministro à emissora.>
A tendência, na avaliação de auxiliares palacianos, é que um anúncio oficial seja feito apenas na próxima semana. O adiamento também seria uma forma de prestigiar Onyx nos seus últimos momentos do cargo. Bolsonaro escalou Onyx para representá-lo na segunda-feira (3) na sessão solene de abertura do ano legislativo no Congresso.>
Onyx já havia perdido a articulação política em junho, após ser criticado pela interlocução com o Legislativo. Além disso, a coordenação jurídica da Presidência havia sido passada para a Secretaria-Geral.>
Sua situação se agravou após o caso de Vicente Santini, demitido nesta semana da secretaria-executiva da pasta por ter usado um voo exclusivo da FAB (Força Aérea Brasileira) para voar de Davos, na Suíça, para Déli, na Índia.>
Santini teve sua saída do cargo anunciada por Bolsonaro na terça-feira (28). Um dia depois, foi nomeado para outra função na Casa Civil, com um salário apenas R$ 300 menor. A repercussão negativa levou ao recuo em menos de 12 horas, confirmando então a saída do assessor. Onyx antecipou o retorno das férias nesta sexta-feira para definir seu futuro com Bolsonaro.>
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