Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 18:32
O esvaziamento das funções da Casa Civil e a demissão de assessores da pasta, anunciados nesta quinta-feira, 30, pelo presidente Jair Bolsonaro, foram vistos por integrantes do governo como o "fim da linha" para o ministro Onyx Lorenzoni, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. O comportamento do ministro tem incomodado não apenas o presidente, mas seus colegas de Esplanada, que o acusam de fazer a velha política, ao usá-los para atender a demandas do baixo clero do Congresso, e de ter indicado para o governo nomes que viraram dor de cabeça para seu chefe, como o ministro da Educação, Abraham Weintraub. >
Bolsonaro decidiu nesta quinta tirar das mãos de Onyx o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que cuida das privatizações de estatais e concessões, uma das grandes vitrines do governo. O programa havia migrado para o guarda-chuva da Casa Civil em julho do ano passado, como uma espécie de "prêmio de consolação" após Onyx perder a articulação política do Planalto. Agora, foi transferido para o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes.>
Sem o PPI e sem a articulação política, Bolsonaro deixou a Casa Civil totalmente esvaziada.>
A situação se agravou após o vai e vem envolvendo o agora ex-secretário executivo da pasta, Vicente Santini, braço direito de Onyx. Ele havia sido demitido publicamente por Bolsonaro na terça-feira após ter utilizado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir à Europa e à Ásia. Na quarta-feira, foi readmitido em outra função. Nesta quinta, voltou a ser exonerado. >
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A segunda demissão de Santini ocorreu após críticas que Bolsonaro recebeu nas redes sociais e foi decidida após Bolsonaro receber a informação de que o assessor de Onyx usou o nome do ministro Paulo Guedes para justificar sua polêmica ida a Davos num avião oficial, o que custou aos cofres públicos ao menos R$ 740 mil. Ao checar a história, o presidente descobriu que foi enganado.>
Para Bolsonaro, Santini disse que foi a Davos, a pedido de Guedes, ajudar na defesa do PPI. Para Guedes, o assessor afirmou que viajou a mando do presidente. Ao saber das versões, Bolsonaro teria ficado possesso: "Mentiroso!". O que nenhum interlocutor explica é por que, mesmo assim, Santini foi recontratado na quarta-feira. >
Um dos primeiros apoiadores de Bolsonaro antes da eleição, Onyx coordenou a transição do governo no fim de 2018. Depois, na Casa Civil, acumulava a articulação política e a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), por onde passam as principais decisões do governo.>
Na metade do ano passado, Bolsonaro tirou a articulação de Onyx e a passou para a Secretaria de Governo. Já a SAJ foi transferida para a Secretaria-Geral da Presidência. Considerado um "prêmio de consolação", Onyx ganhou o PPI, que agora foi para a Economia. A secretária especial do PPI, Martha Seillier, também está na corda bamba, embora tenha apoio do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para se manter no cargo.>
COORDENAÇÃO>
Em outro foco de desgaste, o ministro da Casa Civil tem recebido críticas nos bastidores por não coordenar a atuação de todas as pastas da Esplanada, o que também seria sua função. Um sinal de que Bolsonaro está insatisfeito com o trabalho foi o fato de ter passado o Conselho da Amazônia, no início do mês, para o vice-presidente Hamilton Mourão.>
Para integrantes do governo, apesar de a situação de Onyx ser a mais grave, as mudanças na Casa Civil anunciadas nesta quinta por Bolsonaro são vistas como um prenúncio de uma possível minirreforma ministerial.>
Diante do esvaziamento de sua pasta, Onyx decidiu antecipar seu retorno ao Brasil e, segundo apurou o Estado, tem a expectativa de se reunir ainda hoje com Bolsonaro. Oficialmente, o ministro só voltaria ao trabalho na segunda-feira, após duas semanas nos Estados Unidos. Procurados, Onyx e Santini não responderam. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>
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