Publicado em 24 de junho de 2020 às 07:52
Partidos de oposição enviaram nesta terça-feira (23) uma carta ao embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, em que pedem esclarecimentos sobre a entrada nos Estados Unidos do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, indicado a um cargo na diretoria do Banco Mundial. >
O documento, assinado por 72 deputados, solicita ainda que a embaixada americana e o Departamento de Estado americano digam sob qual status Weintraub permanece nos EUA, considerando que ele não representa o governo brasileiro ou qualquer órgão internacional.>
Ministros de Estado têm direito a passaporte diplomático, e Weintraub foi beneficiado com o documento em julho de 2019, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores. Não há informação oficial se ele fez uso desse passaporte e se viajou com a família.>
Ao deixar o Ministério da Educação (MEC), Weintraub disse ter recebido um convite, referendado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para ser o diretor representante do Brasil e de outros oito países no Banco Mundial, instituição multilateral de fomento ao desenvolvimento com sede em Washington.>
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O salário anual previsto é de US$ 258.570, o equivalente hoje a R$ 115,8 mil por mês sem 13º, ou mais de três vezes o salário atual do ministro, de R$ 31 mil.>
Na carta a Chapman, a oposição levanta dúvidas sobre a indicação. "Weintraub deixou seu cargo às pressas, aparentemente para assumir um cargo no Banco Mundial cuja nomeação oficial ainda está pendente", escrevem os parlamentares.>
Os deputados dizem ainda que, por causa da restrição de entrada nos EUA de cidadãos não-americanos que tenham estado no Brasil nos 14 dias anteriores, pelo momento da exoneração de Weintraub e a "pressa do governo" para mudar a data da saída no Diário Oficial, são "levados a crer que Weintraub entrou nos Estados Unidos da América com um passaporte e visto diplomático.">
Também levantam a possibilidade de o ex-ministro ter viajado aos EUA para evitar o inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF). Weintraub também é alvo de uma investigação no tribunal por racismo por ter publicado um comentário sobre a China.>
"Ficamos preocupados que Abraham Weintraub tenha sido admitido nos Estados Unidos sob falsas pretensões para se esquivar do inquérito sobre suas ações e que agora ele resida nos EUA fora do status regular", dizem os deputados.>
Weintraub viajou na sexta-feira (19) para Miami e já se encontrava nos EUA na manhã de sábado (20), horas antes de a exoneração ser oficializada no Diário Oficial da União. Nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) retificou a data de demissão do ex-ministro e estabeleceu que a exoneração passou a valer na sexta-feira.>
Nesta terça, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou a saída rápida do ex-ministro.>
"Eu não entendi por que...ele tava fugindo de alguém? Estranho, não é? Vai ser a primeira vez na história que alguém diz que está exilado e tem o apoio do governo, né?", disse. "Geralmente é o contrário. As pessoas fogem porque estão sendo perseguidas por um governo.">
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