Publicado em 12 de julho de 2021 às 16:34
A implantação do novo gabinete da presidência da Câmara dos Deputados tem custo previsto de R$ 969 mil e ainda está em fase intermediária das obras, conforme constatou a reportagem em visita ao local na semana passada. >
O empreendimento foi um dos primeiros atos de Arthur Lira (PP-AL) ao assumir o comando da Casa, em fevereiro deste ano. >
O deputado colocou em prática um antigo anseio de antecessores, o de se instalar em um local com acesso direto ao plenário, sem a necessidade de passar pelo Salão Verde, onde normalmente são abordados por repórteres que fazem a cobertura jornalística diária da Câmara. >
Para isso, desalojou para outra área o comitê de imprensa, local que jornalistas usam no dia a dia. >
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Quando inaugurado, o novo gabinete e suas salas contíguas, que ocuparão cerca de 600 metros quadrados, terão como vista o gramado principal em frente ao Congresso. >
O atual gabinete da presidência da Câmara fica no lado oposto, distante cerca de 30 metros do plenário. >
Para participar das sessões, os presidentes da Câmara precisam hoje passar pelo Salão Verde, que é um espaço com cerca de 2.000 metros quadrados por onde circulam deputados, assessores, funcionários, visitantes, lobistas, jornalistas, entre vários outros, e que se transforma em um formigueiro humano no dia de votações importantes. >
A Câmara afirma estar usando na maior parte da obra contratos já existentes, decorrentes de licitações para execução de outras intervenções e manutenções nas edificações. >
De acordo com a Casa, a previsão é de gasto de R$ 277 mil com sistema de ar condicionado e exaustão, R$ 218 mil com divisórias modulares, R$ 395 mil com obras civis e instalações elétricas, hidrossanitárias e de detecção de combate a incêndio, R$ 60 mil para a plataforma de acessibilidade e R$ 19 mil para armários. >
O jornal Folha de S.Paulo solicitou à Câmara em 17 de maio informações básicas sobre o custo previsto da obra, valores já gastos, licitações feitas, além de outras relativas ao empreendimento, todas elas de simples coleta nos órgãos técnicos da casa. >
Dois dias depois, a assessoria de imprensa da Casa enviou email sem nenhuma resposta às perguntas, informando que a demanda deveria ser encaminhada via Lei de Acesso à informação. No email, a assessoria orientava a reportagem a se identificar no pedido, para que houvesse prioridade na resposta. >
A solicitação foi feita em 20 de maio, com a identificação pedida. Resposta parcial às perguntas só chegou, porém, em 29 de junho, um mês e 12 dias depois da formalização do pedido, o que viola a Lei de Acesso à Informação. >
Após recurso por meio da lei e de nova solicitação à assessoria, as informações completas foram repassadas em 9 de julho. >
A lei estabelece, com base no princípio constitucional da transparência, ser dever do poder público "a observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção", a "divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações". >
Nos casos em que isso não ocorra de forma espontânea, a concessão da informação deve ser imediata, caso os dados estejam disponíveis. >
Não sendo possível, a lei estabelece que as informações deverão ser fornecidas em um prazo máximo de 20 dias, com prorrogação por mais 10, mediante justificativa expressa. O não cumprimento da lei sujeita o agente público a responder por conduta ilícita. >
A assessoria de imprensa da Câmara afirmou que as informações pedidas pela Folha de S.Paulo "exigiram consultas a diversos órgãos técnicos da Casa, o que demandou a ampliação do prazo para resposta". >
Sobre o descumprimento do prazo da lei, a assessoria afirmou que os órgãos técnicos da Câmara se dedicam a diversas atividades ordinárias para garantir o funcionamento regular da Casa, entre elas, "a de cumprir com rigor, transparência e seriedade às demandas sobre a Lei de Acesso à Informação". >
"Eventuais atrasos no envio de respostas da LAI ocorrem em função da necessidade de tempo adicional para reunir as informações pedidas, especialmente quando exigem consultas a vários órgãos da Casa e cujas informações estão em processo permanente de atualização, como foi o caso, por se tratarem de gastos para obras em pleno andamento." >
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