Publicado em 1 de junho de 2021 às 16:21
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu nesta terça-feira (1º) a realização da Copa América no Brasil e comparou o torneio a outras competições esportivas que ocorrem no país. >
Ele ainda acusou a rede Globo de estar por trás das reações contra a organização do campeonato no Brasil, por conta de direitos de transmissão.>
"No que depender de mim, todos os ministros -inclusive o da Saúde- já está acertado, haverá [Copa América no Brasil]. Protocolo é o mesmo da Libertadores, da Sul-Americana, é a mesma coisa", disse Bolsonaro, ao sair do Palácio da Alvorada.>
A fala do mandatário foi transmitida por um site bolsonarista.>
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"Fui instado no dia de ontem pela CBF [Confederação Brasileira de Futebol], conversei com todos os ministros interessados; da nossa parte positivo. O que está havendo aqui? O movimento da Globo contrário, porque os direitos de transmissão são do SBT", acrescentou.>
Em seguida, Bolsonaro argumentou que outros torneios de futebol estão ocorrendo no Brasil.>
"Está havendo jogo da Libertadores. Não está havendo também [jogos] da Sul Americana? Também não começa agora na sexta-feira (4) as eliminatórias da Copa do Mundo? Ninguém fala nada, problema nenhum. Por que quando se fala em Copa América querem questionar, que causa aglomeração, ajuda a espalhar o vírus etc? É pressão dessa imprensa chamada Globo aí, nada mais além disso".>
"Se eu não me engano, foi anteontem que a Argentina falou que não tinha como fazer mais [a Copa América]. E na América do Sul, quem tem estrutura para isso, a custo quase zero para a gente [é o Brasil], porque os estádios estão aí. O Brasil foi sondado pela CBF e eu dei sinal verde, no que depender do governo federal. É como se fosse uma Libertadores, não estamos tendo jogos da Libertadores agora?", afirmou o presidente, em outro trecho da transmissão.>
Horas mais tarde, em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou a abordar o tema. Ele afirmou que, ao ser sondado pelo CBF, consultou ministros que tinham algum envolvimento com o assunto.>
"Foi unânime. Deixo bem claro, unânime. Todos deram sinal positivo", disse.>
O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que é "inacreditável" que o governo federal queira sediar a Copa América no Brasil no momento de agravamento da pandemia do coronavírus.>
"Seria transformar essa copa em campeonato da morte. Já que nós não podemos fazer um apelo ao presidente, ao Ministério da Saúde e à CBF, que tem se transformado em negacionista e irresponsável, quero me dirigir à seleção brasileira, aos seus jogadores, aos treinadores, ao Neymar", disse.>
"Neymar, não concorde com a realização dessa Copa América no Brasil. Não é esse o campeonato que nos precisamos disputar. Precisamos disputar o campeonato da vacinação, é esse que precisamos disputar e ganhar. (...)Não permita entrar em campo enquanto os seus parentes, conhecidos, continuam a morrer", continuou Renan.>
Na segunda (31), a Conmebol informou que a Copa América ocorreria no Brasil, após a desistência tanto da Colômbia como da Argentina. Os colombianos abriram mão do campeonato por conta dos protestos e da violência registrados nas ruas do país, enquanto que os argentinos alegaram o recrudescimento da pandemia da Covid.>
O governo Bolsonaro foi criticado por concordar com a vinda da competição para o país, onde o coronavírus já deixou mais de 460 mil mortos.>
Na noite de segunda, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) afirmou que a realização da Copa América no Brasil ainda não está definida, mas disse que o evento, caso ocorra no país, seguirá protocolos sanitários como a vacinação de atletas e comitivas.>
"Não tem nada certo. Estamos no meio do processo, mas não vamos nos furtar a uma demanda, caso seja possível atender", declarou o ministro.>
O ministro detalhou ainda condições sanitárias que devem ser estabelecidas caso o torneio de fato ocorra no Brasil, entre elas a de que atletas e comitivas estejam vacinados.>
"Esse evento, caso se realize, não terá público. No momento são 10 times. No máximo, já foi acordado nessa reunião com a nossa presença e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), são dez times, com dois grupos; 65 pessoas em cada delegação. Todos vacinados. [É] imposição que nós tratamos com a CBF. Até agora não há documento firmado, apenas essas tratativas", afirmou.>
Caberá à CBF, segundo o governo, negociar diretamente com os estados e municípios para escolher as sedes do torneio.>
Pela tabela original, os jogos serão realizados de 13 de junho a 10 de julho. Neste calendário, é inviável um atleta receber, por exemplo, duas doses da Coronavac, no intervalo recomendado de 28 dias entre cada aplicação, antes da primeira rodada.>
O governo não explicou se as datas das partidas poderão ser alteradas ou se aceitará atletas que receberam apenas uma dose da vacina, o que não garantiria a eficácia do imunizante.>
Auxiliares do governo Bolsonaro relataram surpresa com o anúncio de que o torneio seria realizado no Brasil. No Ministério da Saúde, interlocutores disseram reservadamente que souberam do tema apenas na manhã desta segunda.>
Alguns governadores de estados cotados para receber partidas -como Pernambuco e Rio Grande do Norte- já afirmaram que não têm condições sanitárias para isso. Outros disseram que não foram procurados pelo governo.>
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