Publicado em 28 de novembro de 2025 às 13:33
Uma petição virtual quer mudar o nome da Praia do Matadeiro, em Florianópolis, para Catarina Kasten, em homenagem à professora que foi assassinada durante uma trilha no local. O abaixo-assinado já contava com quase 8 mil assinaturas até a manhã desta sexta-feira (28). Ele foi lançado virtualmente na segunda-feira (24) por moradores da capital catarinense que se dizem ainda extremamente abalados com o que aconteceu.>
A intenção da mudança, segundo eles, é fazer do local um memorial contra a violência. O grupo diz que a trilha que leva ao Matadeiro, frequentada por moradores, trabalhadores e visitantes, "se tornou um símbolo doloroso de tudo que ainda falha na proteção das mulheres da região". Para os criadores da petição, o ato seria um marco público de responsabilidade e compromisso com o tema. Eles ainda argumentam que mudar o nome do ponto turístico não altera o cotidiano econômico e de visitação. "Que a Praia Catarina seja um lembrete permanente de que a cidade não aceita conviver com insegurança -e de que está disposta a aprender, agir e transformar.">
Para que uma praia mude de nome, é preciso que um Projeto de Lei da Câmara Municipal seja apresentado. A proposta poderia ser apresentada por meio do próprio município por algum parlamentar da Casa. O UOL entrou em contato com a Prefeitura de Florianópolis e com a Câmara de Vereadores. Não houve retorno até o momento, mas o espaço segue aberto para manifestação.>
A estudante de pós-graduação, 31, foi estuprada e morta estrangulada na trilha do Matadeiro enquanto ia para uma aula de natação. Na última sexta-feira, ela havia saído de casa por volta das 7h e não voltou, o que fez com que o companheiro dela acionasse a polícia. Imagens de câmeras de segurança ajudaram a polícia a identificar o suspeito. Um dos vídeos gravados no caminho para a trilha mostra o homem escondido atrás de uma barraca. Outra imagem, feita por turistas que perceberam uma "atitude suspeita", mostra ele sem camisa deixando uma área de mata.>
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O suspeito, Giovane Correa Mayer, 21, confessou os crimes e está preso preventivamente. À polícia, ele afirmou que asfixiou a jovem e a violentou sexualmente. Ele vai responder por estupro e feminicídio. Giovane será investigado por estupro em 2022. Polícia determinou a reabertura da investigação do estupro de uma idosa de 69 anos, que havia sido encerrada sem apontar culpados. As autoridades irão comparar o material genético colhido na época do crime contra a vítima com o do suspeito de matar Catarina.>
Catarina era professora de inglês e aluna de um curso de pós-graduação na UFSC. A instituição lamentou a morte, afirmou que o caso causou indignação e disse que "tais ocorrências não podem ser naturalizadas".>
No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.>
Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.>
Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.>
Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.>
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