Publicado em 16 de julho de 2020 às 11:05
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido da Polícia Federal (PF) e autorizou a corporação a ter acesso aos dados da investigação do Facebook que retirou do ar uma rede de contas e perfis falsos ligada a integrantes do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, a seus filhos, ao PSL e aliados. >
O acesso foi autorizado em dois inquéritos sigilosos que tramitam no STF: o das fake news e o dos atos antidemocráticos. No primeiro, Moraes apontou, em maio, indícios de que um grupo de empresários atuava de maneira velada financiando a disseminação de notícias falsas e conteúdo de ódio contra integrantes da Corte e outras instituições. O ministro também definiu como "associação criminosa" o grupo conhecido como "gabinete do ódio".>
Já na investigação sobre o financiamento de atos antidemocráticos, foi autorizada em junho a quebra de sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos bolsonaristas. Ao decretar a medida, Moraes registrou "real possibilidade" de atuação de associação criminosa voltada para a "desestabilização do regime democrático" com o objetivo de obter ganhos econômicos e políticos.>
No último dia 8, o Facebook revelou que identificou e removeu 35 contas, 14 páginas e 1 grupo na rede social, além de 38 contas no Instagram, por "comportamento inautêntico coordenado". O anúncio fazia parte de uma ação contra redes de desinformação em quatro países. >
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No Brasil, a investigação da plataforma identificou pelo menos cinco funcionários e ex-auxiliares que disseminavam ataques a adversários políticos de Bolsonaro. Na lista está Tercio Arnaud Thomaz, assessor especial da Presidência e integrante do "gabinete do ódio".>
Um dos funcionários envolvidos na rede identificada pelo Facebook trabalhava para o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente. Outro é contratado do deputado estadual pelo PSL de São Paulo Coronel Nishikawa. A rede de fake news derrubada inclui ainda os deputados estaduais do Rio Anderson Moraes e Alana Passos, ambos do PSL. A rede social indicou que as páginas no Facebook que foram derrubadas tinham 883 mil seguidores, enquanto as contas no Instagram, 917 mil. Além disso, 350 pessoas estavam no grupo investigado.>
Tercio Arnaud Tomaz não quis comentar o conteúdo do relatório. O Palácio do Planalto também não se manifestou. O deputado Coronel Nishikawa disse que, ao questionar funcionário, ouviu que ele não tinha conhecimento de nenhuma conta sua suspeita. Anderson Moraes classificou como "absurda e arbitrária" a ação do Facebook. Alana Passos disse que ela e seus funcionários não tiveram nenhum tipo de bloqueio e que não pode responder por eventuais conteúdos publicados por seus assessores.>
Após a ação da rede social, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa de seus aliados e criticou a derrubada de páginas e perfis. "Desafio a imprensa apontar um texto meu de ódio ou dessas pessoas que estão do meu lado", disse na ocasião. >
Já a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News comemorou a derrubada a rede de desinformação, destacando a necessidade de ter acesso ao conteúdo publicado pelas contas excluídas.>
No mesmo dia do anúncio do Facebook, o PSOL encaminhou uma petição a Moraes, pedindo que o ministro solicitasse "busca e apreensão" das provas e indícios colhidos pelo Facebook.>
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