Publicado em 8 de fevereiro de 2020 às 21:33
A Fieg (Federação de Indústrias de Goiás) compartilhou nesta sexta-feira (7) uma nota em que o presidente do órgão, Sandro Mabel, diz que o governo estadual errou ao aceitar que o governo federal instalasse em Anápolis uma base de quarentena para os brasileiros que serão evacuados de Wuhan, epicentro da epidemia do novo coronavírus. Também disse que a população "não suportaria outro trauma" como ocorreu com o acidente radiológico com césio-137 em Goiânia, em 1987.>
Para Mabel, os cidadãos de Anápolis estão apreensivos com a chegada do grupo no próximo domingo (9). >
"Goiás pode ser prejudicado com a discriminação, impactando no turismo, nos negócios, com queda na produção e comercialização de produtos. É um desastre para o estado. Podemos sofrer segregação do que é produzido em Goiás, afetando a exportação de industrializados e carne, por exemplo", diz o presidente. >
Nota da Federação de Industrias de Goiás diz que quarentena de brasileiros evacuados de Wuhan no estado é um desastre Reprodução Nota da Federação de Industrias de Goiás diz que quarentena de brasileiros evacuados de Wuhan no estado é um desastre O governador do estado, Ronaldo Caiado (Democratas), classificou a nota como "monstruosa". "Estou na Base Aérea de Anápolis onde vamos fazer vistoria ao lado dos ministros da Defesa e da Saúde antes da vinda dos brasileiros da China. Fui informado da nota monstruosa assinada por Sandro Mabel. Chocou nosso Estado de Goiás a posição desse mercenário, canalha e desumano", escreveu em seu perfil no Twitter.>
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A Ibrachina (Instituto Socio-Cultural Brasil-China) enviou à Folha de S.Paulo uma nota de repúdio sobre o caso, na qual diz que o momento é de solidariedade e não de segregação. "Consideramos que esta manifestação foi de uma insensibilidade desnecessária para com os brasileiros que retornam à sua pátria e para com as famílias que os aguardam. Rezamos para que possam estar juntos em breve", diz o comunicado.>
Uma cápsula de fonte radioativa brilhante foi encontrada e aberta em 13 de setembro de 1987 em um ferro-velho de Goiânia.>
Mais cedo, em evento para divulgar o local, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, cumprimentou o presidente Jair Bolsonaro por realizar a operação.>
"Isso vai fazer com que os brasileiros passem a refletir mais sobre o que é ser brasileiro e a importância de serem protegidos por sua nação. Imagino uma pessoa que está em um país e o país nega para ele a condição de ser repatriado. Uma nação que não cuida dos seus próprios filhos, que imagem passa para fora?", disse.>
Inicialmente, porém, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que não tinha a intenção de buscar o grupo e que o resgate não seria oportuno. A decisão por fazer a operação ocorreu após brasileiros divulgarem vídeos pedindo apoio do governo para retorno.>
Para o prefeito de Anapólis, Roberto Naves (PP-GO), a população da cidade pode ficar tranquila. "Existe toda uma estrutura montada, até para cuidar das roupas que essas pessoas trarão", afirma. >
"Se fizer uma distração e esquecimento de que é uma atividade de quarentena, diria que acabamos de ver um excelente hotel. Mas a vigilância sanitária está presente", diz o presidente da Anvisa, Antonio Barra.>
O acidente radiológico de césio-137 Uma cápsula de fonte radioativa brilhante foi encontrada e aberta em 13 de setembro de 1987 em um ferro-velho de Goiânia.>
A cápsula fazia parte de um aparelho de radioterapia. Doses precisas de radioisótopos servem para destruir células cancerosas.>
Só duas semanas depois é que se descobriu a natureza do material. O equipamento pertencia a uma instituição privada, o Instituto Goiano de Radioterapia, que foi desativado em 1985, mas deixado no local.>
Na ocasião, pouco mais de 112 mil pessoas foram monitoradas. Destas, 129 apresentaram contaminação, ficaram isoladas de acordo com a gravidade e foram encaminhadas para tratamento. Quatro morreram por síndrome de radiação aguda.>
Cerca de 1.100 pessoas receberam uma dose superior a um ano de radiação "de fundo", natural. A chance de desenvolverem câncer pode chegar em 1 para cada 100 casos de exposição.>
Uma lei estadual prevê o pagamento de pensão às vítimas da radiação, bem como assistência médica.>
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