Publicado em 30 de novembro de 2020 às 15:40
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, disse acreditar que os ataques hackers ao sistema da corte no primeiro turno das eleições municipais e em datas anteriores podem ter sido feitos por grupos diferentes. >
"No dia 15 de novembro, ocorreram duas situações diferentes. Houve um vazamento de informações, atribuído ao hacker português que tinha parceiros brasileiros, e isso parece fora de dúvida, e houve o que se chama de ataque maciço, conhecido como ataque de negação de serviço. Milhares de acessos simultâneos para tentar derrubar", disse Barroso ao participar do UOL Entrevista.>
"Não tenho certeza plena de que ambos os eventos estejam conectados, é possível que sim e que não. A investigação está em uma fase inicial, não tenho certeza que tudo tenha sido por parte do mesmo grupo.">
Barroso afirmou que o primeiro vazamento pode ter sido realizado por um grupo anarquista. O segundo, uma tentativa de derrubar o sistema órgão, "pode ter sido feita por grupos que tentam desacreditar a democracia e o processo eleitoral como um todo".>
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"Esses hackeamentos, você pode qualificar no Brasil em três grandes categorias: o anarquista, que quer provar que é possível violar o sistema, pessoas que invadem o sistema com criptografia e cobram um resgate para recuperar as coisas e as milícias digitais que tentam desestabilizar a democracia e o processo eleitoral. Essas são investigadas no inquérito do Alexandre de Moraes. São possibilidades diversas", afirmou.>
No último sábado (28), em Portugal, uma operação coordenada pela Polícia Federal em parceria com a polícia portuguesa prendeu um suspeito de envolvimento no ataque. Segundo o presidente do TSE, que não deu mais detalhes da investigação, o cidadão detido já estava em prisão domiciliar e não deveria estar usando a internet.>
As investigações, realizadas pela PF com a colaboração do TSE, apontam que a invasão aos sistemas do tribunal provavelmente ocorreu em data anterior a 1º de setembro e teria partido de Portugal. Até então, a estimativa dos investigadores para o ataque era a de que ele teria ocorrido antes do dia 23 de outubro. Ainda não há precisão sobre a data e o caso segue em apuração.>
A invasão aos dados do TSE, segundo o tribunal, não trouxe risco ao sistema de votação eletrônica. As urnas não ficam conectadas à internet e a transmissão dos votos para totalização do resultado é feita por uma rede própria do tribunal que usa comunicação criptografada. Além disso, o processo de soma dos votos é realizado por um computador exclusivamente dedicado a esse processo.>
No dia 15 de novembro, data do primeiro turno das eleições municipais, um segundo ataque mirou os sistemas do TSE, com a intenção de retirá-los do ar. Conhecido como ataque de negação de serviço, esse tipo de prática consiste na realização artificial de milhares de acessos simultâneos a um site na expectativa de que a sobrecarga derrube o site.>
Barroso comentou ainda a atuação do TSE frente às fake news durante a campanha eleitoral. Segundo ele, a quantidade de "contas derrubadas pela atuação das mídias sociais foi bastante relevante".>
"Fizemos parceria com as empresas de checagem de notícia e todas as notícias suspeitas sobre o processo eleitoral imediatamente eram mandadas para checagem e colocávamos os esclarecimentos no site do TSE.">
"Atuamos ativamente com a comunicação social para inundar e seguimos um conselho da Cristina Tardáguila, da Agência Lupa: você não combate fake news dando notícias falsas, você combate notícias falsas dando mercado para as notícias verdadeiras", disse o ministro, que citou que no caso de grupos profissionais de difusão de notícias falsas, a PF foi acionada, realizando operações de busca e apreensão.>
Para Barroso, "as notícias fraudulentas comprometem gravemente a democracia.>
"Uma pessoa que difunde acusações falsas e mentiras está tendo uma conduta antidemocrática, privando a democracia da possibilidade de discutir abertamente as melhores soluções.">
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