Publicado em 5 de outubro de 2022 às 20:14
BRASÍLIA - O ministro Gilmar Mendes, decano do STF (Supremo Tribunal Federal), defendeu nesta quarta-feira (5) a união dos ministros da corte e afirmou que eles estão "irmanados no mesmo propósito do ministro Alexandre de Moraes, que com altivez tem defendido o processo eleitoral brasileiro de sério ataque antidemocrático, jamais presenciado, e que só chegou a esse ponto em razão da omissão conivente de diversos órgãos e agentes públicos". >
Moraes é ministro do STF e atualmente também preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele é alvo constante de ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) por relatar investigações que miram no mandatário e aliados.>
Além disso, Bolsonaro promoveu uma longa campanha para desacreditar o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas e propagou informações falsas de que pleitos passados foram fraudados.>
O discurso de Gilmar foi feito em homenagem aos 34 anos da Constituição de 1988, durante sessão do Supremo.>
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Os integrantes do STF têm tentado mostrar unidade diante da ofensiva de Bolsonaro contra Moraes e o sistema eletrônico de votação.>
No domingo (2), nove dos 11 ministros acompanharam a apuração dos votos no primeiro turno no TSE.>
Apenas os ministros indicados por Bolsonaro, Kassio Nunes e André Mendonça, não foram à corte eleitoral durante o primeiro turno.>
No discurso desta quarta, Gilmar fez críticas à atuação do governo na pandemia da Covid 19.>
Ele declarou que, durante a crise sanitária, a corte teve que agir para cumprir a Constituição diante da "irresponsável recalcitrância" de um ente do poder público em proteger a vida de brasileiros, em referência ao governo Bolsonaro.>
A fala foi recheada de menções a Ulysses Guimarães (1916-1992), ex-presidente da Assembleia Nacional Constituinte, críticas a ditaduras e a qualquer possibilidade de descumprimento da Constituição.>
Gilmar ainda defendeu Moraes dos ataques que o sistema eleitoral vem sofrendo por parte do presidente da República e aliados.>
"(Com a Constituição), o poder público se viu diante do desafio de cumprir o mandamento constitucional de oferecer a cada cidadão brasileiro acesso integral, universal e gratuito a serviços de saúde. A universalidade e gratuidade exigiu dos municípios, estados e União o desenvolvimento de políticas públicas", afirmou o ministro.>
"Claro, quando um desses entes se recusa a exercer o seu papel, o Poder Judiciário brasileiro, instado pelas defensorias, pelo Ministério Público ou pela advocacia, não faltou aos seus", continuou.>
"Virou afazer diuturno deste STF durante a pandemia de Covid-19 ante a irresponsável recalcitrância de um desses entes em proteger a vida de brasileiros e de observar o mandamento do artigo 198 da Constituição: saúde é direito de todos e dever do Estado", disse o decano.>
Antes de Gilmar, discursou a presidente do Supremo, ministra Rosa Weber.>
Ela destacou nas celebrações dos 34 anos da Constituição o compromisso "com as conquistas democráticas na construção de uma sociedade livre, justa e solidária" e "a maior estabilidade institucional e a participação popular, exaltada sua força normativa, em especial na efetividade e na exigibilidade dos direitos fundamentais e sociais, por ela ampliados".>
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