Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 10:49
SÃO PAULO - A coleta de esgoto cresceu no país nas últimas duas décadas e hoje chega a pelo menos três em cada quatro brasileiros. Isso significa que 75,7% da população tem acesso a esgotamento por meio de rede coletora, pluvial ou fossa séptica.>
Mas a distribuição entre as regiões do país mostra que os serviços ainda cobrem menos da metade dos habitantes do Norte do Brasil (46,4%).>
Ainda, considerando a divisão por municípios, em 2.386 cidades brasileiras, metade ou mais da população não tem esgotamento adequado, indo de 50,02% em Nova Candelária (RS) a 100% dos moradores em Juarina (TO) e Júlio Borges (PI).>
É o que mostram dados das características de domicílios do Censo 2022, publicados nesta sexta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).>
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As informações consideram os moradores de domicílios particulares permanentes ocupados, que representam 99,5% da população registrada no recenseamento do ano retrasado, ou 202.083.020 de pessoas.>
De modo geral, todos os Estados tiveram aumento na cobertura do esgotamento sanitário, cuja cobertura é liderada pelo Sudeste (90,7%), seguido pelo Sul (83,9%). No Centro-Oeste, 73,4% dos moradores estão cobertos, e no Nordeste, 58,1%. Entre os Estados, São Paulo lidera (90,8%), e o Amapá está na outra ponta (11%).>
Considerando a divisão por cada tipo de esgotamento, a mais comum, que chega a 58,3% da população, é a rede geral ou pluvial, seguida pela fossa rudimentar ou um buraco (19,4%) e a fossa séptica ou filtro não ligada à rede coletora (13,2%). Este último modelo de esgotamento e a rede geral, pluvial ou a fossa ligada à rede são considerados adequados, segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico.>
Mas o país ainda tem o uso de valas (1,5%) e o lançamento de dejetos em rios, lagos, córregos ou no mar (2%) como formas de esgotamento sanitário. Os meios inadequados de esgotamento, ao todo, são a solução para 24,3% da população.>
Ainda, cerca de 0,6% da população não tem banheiro ou sanitário em casa.>
Ainda não têm banheiro ou sanitário em casa
Os dados também mostram que cidades pequenas, com até 5.000 habitantes, só 28,6% da população tinha coleta de esgoto. Na outra ponta, essa cobertura chegava a 83,4% dos habitantes de municípios com 500.001 ou mais habitantes.>
Para Léo Heller, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Minas Gerais, a desigualdade na cobertura de esgotamento entre as regiões costuma corresponder às sociais, como de renda e educação. Ainda, sistemas em alguns Estados do Norte e do Nordeste, como o Maranhão, enfrentam um problema de escala.>
"Na maioria dos municípios desses Estados, as companhias são estatais e bastante defasadas, e não conseguem investir. As tarifas não têm capacidade para pagamento e gerar receitas de investimento", afirma Heller, que também coordena a área de cooperação internacional do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento.>
Para o diretor-presidente da Agevap (Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul), André Marques, os esforços para esgotamento sanitário em cidades pequenas precisam ser compartilhados.>
André Marques
Diretor-presidente da AgevapEsse modelo será aplicado em cidades da bacia do rio Paraíba do Sul, que receberão 29 estações de tratamento cuja operação ficará a cargo das administrações municipais. Já o saneamento rural, segundo Marques, precisa de atenção porque "é onde se produz água.">
De acordo com o executivo, o marco regulatório do saneamento deixou a parte rural de fora, e a tarefa de construir sistemas de tratamento tem sido assumida por comitês de bacia hidrográfica.>
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