Publicado em 12 de junho de 2021 às 16:33
O miliciano mais procurado do Rio de Janeiro, Wellington da Silva Braga, o Ecko, foi morto neste sábado (12) numa operação policial que tinha como objetivo capturá-lo após mais de quatro anos de fuga. >
De acordo com a Polícia Civil, Ecko foi preso após uma troca de tiros em Paciência, zona oeste do Rio de Janeiro, sua principal área de atuação. Segundo a corporação, o miliciano foi baleado, socorrido de helicóptero, mas morreu no hospital. >
A operação para prendê-lo ganhou o nome de Dia dos Namorados. A investigação aproveitou a data comemorativa para monitorar parentes de Ecko que ele visitaria neste sábado. >
Ecko é mais um miliciano morto em operações policiais. No ano passado, o ex-capitão da Polícia Militar Adriano da Nóbrega, ligado ao senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), também foi morto na tentativa de prendê-lo no interior da Bahia. >
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Ele estava na lista dos bandidos mais procurados do Brasil, elaborada pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública ainda na gestão do ex-juiz Sérgio Moro. Havia contra ele dez mandados de prisão por homicídio, extorsão, associação criminosa, entre outros crimes. O primeiro foi expedido em dezembro de 2016. >
A primeira grande operação para tentar prender Ecko ocorreu durante a intervenção federal na segurança pública no estado, organizada pelo Exército. A polícia prendeu 149 pessoas numa festa em um sítio em Santa Cruz (zona oeste). >
Ecko fugiu e a Justiça mandou soltar 137 pessoas duas semanas depois. O Ministério Público entendeu que não havia provas contra a maior parte dos detidos. >
Em outubro do ano passado, a polícia matou 12 pessoas apontadas como membros da quadrilha de Ecko. Entre eles, estava o ex-policial militar Carlos Eduardo Benevides Gomes, conhecido como Bené. Ele era apontado como líder da "franquia" miliciana de Ecko em Itaguaí. >
O miliciano morto era símbolo de um novo perfil de milicianos do estado. Abandonou o discurso de combate às drogas adotado por essas quadrilhas no início dos anos 2000 e investiu na exploração do tráfico e outras atividades criminosas. >
Era um "pé inchado", como os milicianos egressos das corporações policiais (maioria na origem desses grupos) chamavam os civis que atuavam no domínio de territórios. >
Investigações da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) apontavam que o grupo de Ecko mantinha uma aliança com traficantes da facção TCP (Terceiro Comando Puro). Os milicianos deixam os traficantes atuarem na favela, com a venda livre de drogas, mas exigem parte do lucro >
Ecko, também conhecido como Didil, assumiu a chefia da Liga da Justiça -como se autointitula a principal milícia da zona oeste- em abril de 2017, após a morte de seu irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, também um "pé inchado". >
A Liga da Justiça surgiu na zona oeste, nos anos 2000, e tem como símbolo o morcego do personagem de quadrinhos Batman, uma alusão ao apelido de um dos chefes da quadrilha, o ex-policial Ricardo Teixeira Cruz, hoje preso. >
Os seus primeiros chefes eram os irmãos Natalino, ex-deputado, e Jerônimo Guimarães, ex-vereador. Os dois também foram policiais. >
A Liga é considerada a milícia mais poderosa e a que mais conseguiu ampliar o seu território, a partir da absorção de outros grupos menores. Ecko intensificou essa expansão, a partir de "franquias" do grupo criminoso na Baixada Fluminese. >
Assim como outras milícias, obriga moradores de lugares pobres a contratarem serviços urbanos. Em 2015, a Polícia Civil estimava o lucro do grupo em R$ 1 milhão por mês com a exploração de serviços como segurança e ligações clandestinas de internet e TV a cabo em 12 bairros. >
A quadrilha também invadiu conjuntos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida, controlando quem ocupa os apartamentos. >
Os métodos nos últimos anos se diversificaram -elas cobram por qualquer atividade que movimente dinheiro. >
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