Publicado em 27 de julho de 2020 às 17:38
O cacique Raoni Metuktire, 90, recebeu alta médica e retornou à sua aldeia, no Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, no último fim de semana após passar nove dias internado por conta de uma hemorragia digestiva.>
Levado para um hospital de Colíder, no Mato Grosso, no dia 16 de julho, ele teve o quadro de saúde agravado por uma anemia e precisou ser internado em um hospital de Sinop, dois dias depois.>
Raoni recebeu diagnóstico de úlceras intestinais e inflamação no cólon e chegou a passar por uma transfusão de sangue. Os exames para Covid-19 deram negativo. >
Na saída do hospital, ele agradeceu aos cuidados e preocupações e, na língua do seu povo, alertou para o risco das doenças "repentinas".>
>
"Agora estou curado, mas eu queria falar pra vocês que doença chega a qualquer dia e ataca alguém da nossa família. Eu queria que todas as pessoas pensassem nisso e possam gostar, amar, respeitar o outro, porque a gente não sabe o dia de amanhã", disse o cacique, antes de deixar o hospital, em Sinop.>
Segundo o sobrinho-neto de Raoni, Patxon Metuktire, o estado de saúde do cacique havia começado a piorar após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, em 23 de junho, vítima de um AVC. Desde então, Raoni apresentou sinais de depressão.>
Liderança da região do Xingu, o cacique é conhecido no mundo todo pela defesa dos direitos dos povos indígenas. Seu verdadeiro nome é Ropni ("onça"), e ele pertence aos Mebêngôkre do grupo Metyktire, mas ganhou fama mundial como líder dos Kaiapó.>
Raoni, que teve participação fundamental nos direitos indígenas conquistados na Constituinte de 1988, quando rodou o mundo com o músico Sting divulgando a luta indígena na Amazônia, pertence à geração contatada pelos irmãos Villas-Bôas, sertanistas que defendiam as populações indígenas nas décadas de 1940 a 1950 --cerca de uma década antes da criação do Parque Nacional do Xingu.>
Recentemente, o cacique Kaiapó se encontrou com personalidades como o papa Francisco, no Vaticano, e com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris, em maio do ano passado, pedindo ajuda para financiar a proteção da Amazônia durante o governo Bolsonaro, que acusou o indígena de estar sendo usado por governos internacionais com interesses na Amazônia.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta