Publicado em 5 de maio de 2020 às 16:55
Em depoimento à Polícia Federal, no último sábado (2), o ex-ministro Sergio Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro pediu no começo de março deste ano a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro. >
"Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro, disse Bolsonaro a Moro, por mensagem de WhatsApp, segundo transcrição do depoimento à PF, disse o ministro segundo a transcrição o depoimento.>
A íntegra do depoimento foi divulgada pela CNN Brasil. A Folha também teve acesso. >
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Os investigadores perguntaram a Moro se ele identificava nos fatos apresentados em sua coletiva alguma prática de crime por parte de Bolsonaro. O ex-ministro disse que os fatos narrados por ele são verdadeiros, mas não afirmou se o presidente teria cometido algum crime.>
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Quem falou em crime foi a Procuradoria Geral da República na requisição de abertura de inquérito e agora entende que essa avaliação, quanto a prática de crime cabe às Instituições competentes, disse Moro.>
Segundo Moro, o então diretor da PF, Maurício Valeixo, "declarou que estava cansado da pressão para a sua substituição e para a troca do SR/RJ". "Que por esse motivo e também para evitar conflito entre o presidente e o ministro o diretor Valeixo disse que concordaria em sair", afirmou o ex-ministro.>
De acordo com Moro, em seguida o presidente Bolsonaro "passou a reclamar da indicação da Superintendente de Pernambuco". Segundo ele, "os motivos da reclamação devem ser indagados ao Presidente da República".>
Segundo o ex-ministro da Justiça, "o presidente lhe relatou verbalmente no Palácio do Planalto que precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência".>
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, decidiu nesta segunda-feira (4) liberar a divulgação do depoimento prestado por Sergio Moro à Polícia Federal.>
O depoimento é considerado um dos principais elementos do inquérito que pode levar à apresentação de denúncia contra o ex-ministro da Justiça ou contra o presidente Jair Bolsonaro.>
O documento foi tornado público após a defesa de Moro informar que não se opunha à sua divulgação. O ex-juiz da Lava Jato depôs por mais de oito horas na Polícia Federal em Curitiba.>
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu nesta segunda-feira ao ministro Celso de Mello que três ministros do governo Jair Bolsonaro sejam ouvidos no inquérito que apura se o presidente tentou interferir indevidamente em investigações da PF.>
Ele também solicitou ao STF cópia do vídeo da reunião realizada entre o presidente, o vice-presidente Hamilton Mourão e ministros de Estado, além de presidentes de bancos públicos, no último dia 22, no Palácio do Planalto.>
Aras entendeu ser necessário colher os depoimentos dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) para o esclarecimento dos fatos.>
Bolsonaro convocou a reunião ministerial para discutir o programa Pró-Brasil. Ela foi gravada pela própria Presidência.? >
O procurador-geral também requer a oitiva da deputada federal Carla Zambeli (PSL-SP). Moro entregou mensagens trocadas por ela, via celular, como prova de que não teria aceitado ingerência sobre o órgão de investigação.>
Moro permitiu no sábado que a PF copiasse dados de seu telefone.>
Nesta segunda, Aras solicitou ao ministro do Supremo a elaboração de um laudo pericial da PF sobre o conteúdo, bem como um relatório de análise das mensagens de texto e áudio, imagens e vídeos.>
A necessidade das diligências será analisada por Celso de Mello.>
Aras também pediu outras providências, como as oitivas do ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo cuja demissão levou Moro a romper com o presidente e as dos delegados Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira e Alexandre Ramagem Rodrigues.>
O objetivo é que eles prestem informações acerca de eventual patrocínio, direto ou indireto, de interesses privados do presidente da República perante o Departamento de Polícia Federal, visando ao provimento de cargos em comissão e a exoneração de seus ocupantes.>
O procurador-geral solicitou ainda comprovantes de autoria das assinaturas da exoneração de Valeixo, publicada no Diário Oficial da União em 23 de abril, além de eventual documento com pedido de exoneração, a pedido, encaminhada por Valeixo ao presidente. O propósito é checar se houve fraude.>
O diário oficial registrou a demissão como a pedido do diretor-geral e com a assinatura eletrônica de Moro. Mas o ex-ministro disse que não houve manifestação do delegado nesse sentido e que, como chefe da pasta da Justiça, não subscreveu o ato.>
O pedido de Aras é para que o inquérito seja encaminhado à PF e que as oitivas sejam agendadas dentro de um prazo de cinco dias úteis, contados a partir da intimação, com prévia comunicação da PGR.>
Ao deixar o cargo no último dia 24, Moro acusou Bolsonaro de tentar substituir Valeixo para interferir em investigações da Polícia Federal.>
Ele disse que o presidente estava preocupado com inquéritos em curso no STF e que têm potencial de atingir seus filhos e aliados.>
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