Publicado em 3 de maio de 2020 às 16:54
Peritos da Polícia Federal extraíram do celular do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro mensagens trocadas com o presidente Jair Bolsonaro, incluindo as que foram deletadas para aumentar o espaço de armazenamento do aparelho. A ação foi realizada durante o depoimento de Moro, que durou mais de oito horas na sede da Superintendência da PF em Curitiba. >
Uma varredura completa foi realizada no celular do ex-ministro Moro e localizou áudios de conversas do ex-ministro com Bolsonaro. Os peritos também copiaram mensagens trocadas por Moro com a deputada Carla Zambelli, algumas delas que também haviam sido deletadas para liberar espaço de armazenamento, mas que permanecem na memória do aparelho. >
O próximo passo é a elaboração de um laudo no Instituto Nacional de Criminalística sobre as conversas e os áudios.>
Durante o depoimento, Moro citou nomes de ministros para reforçar suas acusações contra Bolsonaro, sem implicá-los em situação ilegal. Os ministros estavam presentes em reuniões do ex-juiz com o presidente e foram mencionados apenas como eventuais testemunhas de falas ditas por Bolsonaro nos encontros.>
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Moro desmentiu acusações de apoiadores e militantes bolsonaristas de que gravou o presidente por mais de um ano. Perante a Polícia Federal, disse que isso é absolutamente mentira e que jamais gravou diálogos com Bolsonaro.>
Moro prestou depoimento de mais de oito horas na sede da PF no inquérito que investiga suas acusações de tentativas de interferência política de Bolsonaro na chefia da corporação. O Planalto se preocupa com o andamento de inquéritos que apuram esquemas de divulgação de fake news e financiamento de atos antidemocráticos realizados em abril, em Brasília. >
Uma das conversas obtidas pela perícia foi a divulgada por Sergio Moro na qual Bolsonaro o encaminha uma notícia sobre inquérito do Supremo Tribunal Federal mirar aliados políticos do Planalto. Mais um motivo para a troca, disse o presidente.>
Essa conversa é a mesma que Moro mostrou ao Jornal Nacional. A "troca" que Bolsonaro mencionou, de acordo com o ex-ministro, era no comando da Polícia Federal. Assim, poderia proteger os aliados investigados.>
O ex-juiz também exibiu conversa com Zambelli, em que ela pede para Moro aceitar uma vaga do STF em troca da mudança na chefia da PF. Vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer o JB (Jair Bolsonaro) prometer. Moro respondeu que não estava a venda. >
Sergio Moro, ex- ministro da Justiça e Segurança Pública
Ao anunciar sua demissão, Moro acusou Bolsonaro de buscar uma pessoa do contato pessoal para colher informações como relatórios de inteligência da PF.>
O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor, superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm de ser preservadas. Imagina se na Lava Jato, um ministro ou então a presidente Dilma ou o ex-presidente (Lula) ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações, disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF.>
No mesmo dia que Moro pediu demissão, Bolsonaro realizou pronunciamento para rebater as acusações do ex-ministro. Oras bolas, se eu posso trocar o ministro por que eu não posso trocar o diretor da PF? Eu posso trocar qualquer um, afirmou. >
O presidente também ressaltou que a prerrogativa para escolher o nome para chefia a PF era dele, e não de Moro. No dia que tiver que me submeter a qualquer subordinado meu, deixarei de ser presidente da República, disse Bolsonaro.>
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