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Bolsonaro fala em nova onda de Covid, mas descarta fechar aeroportos

Bolsonaro fala em nova onda de Covid, mas descarta fechar aeroportos

"Você não vai vedar (a entrada do vírus), rapaz. Que loucura é essa? Quer dizer, fechou o aeroporto, o vírus não entra? O vírus já está aqui dentro", disse o presidente

Publicado em 26 de novembro de 2021 às 10:56

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O presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento com Paulo Guedes
O presidente Jair Bolsonaro. (Washington Costa/ASCOM/ME)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira (26) que uma nova onda do novo coronavírus está a caminho, mas descartou fechar aeroportos no Brasil. Para ele, seria ineficaz impedir a chegada de voos internacionais e repetiu que é preciso conviver com a doença.

"Você não vai vedar (a entrada do vírus), rapaz. Que loucura é essa? Quer dizer, fechou o aeroporto, o vírus não entra? O vírus já está aqui dentro", disse o presidente.

A declaração, transmitida por uma página bolsonarista no Youtube, foi feita em em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. Bolsonaro respondeu a um apoiador que cobrava "fechar o aeroporto".

O presidente havia dito que "grande parte da imprensa" é "sem noção" por criticar a resposta do governo à pandemia. "Genocida, não sei o quê. Qual é a solução, pô?", declarou.

"Agora, boa notícia aí: está vindo uma outra onda aí de Covid, lamentável", afirmou ainda o presidente.

Na sequência, ele ouviu o apelo para fechar os aeroportos. O apoiador ainda insistiu, dizendo que era preciso ao menos impedir a chegada de voos da Europa.

"Você está vendo muito Globo. Pessoal, tem de aprender a conviver com o vírus, infelizmente", respondeu o presidente.

Como revelou o jornal Folha de S.Paulo, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) propôs no último dias 12 cobrar o certificado de vacinação de quem cruza a fronteira do Brasil por terra ou para dispensar a quarentena após voos internacionais.

A agência não sugere impedir a chegada de viajantes, mas mesmo assim Bolsonaro rejeita adotar o "passaporte da vacina".

O presidente, que distorce dados sobre segurança e eficácia dos imunizantes, quer apenas abrir as fronteiras por terra e ignorar a cobrança da vacinação, segundo integrantes do governo.

Hoje estas fronteiras estão fechadas, com algumas exceções. A ideia da Anvisa é permitir a entrada por terra, mas apenas de quem está vacinado.

A agência também sugere endurecer as regras para voos internacionais. A ideia é que viajantes façam quarentena de cinco dias, mesmo se apresentarem teste RT-PCR negativo para o novo coronavírus. A quarentena seria dispensada, porém, para quem estivesse vacinado.

As decisões sobre o controle de fronteiras na pandemia são tomadas em conjunto pelos ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Anderson Torres (Justiça) e Ciro Nogueira (Casa Civil). A agência apenas emite recomendações.

Na quinta-feira (25), o ministro da Justiça usou argumento negacionista para dizer que é contra cobrar a vacinação de quem chega ao Brasil. "Não precisa. Ela não impede a transmissão da doença."

Na sugestão enviada ao Planalto, a Anvisa afirmou que ainda são escassos os estudos sobre a transmissão por pessoas vacinadas, mas disse que dados disponíveis "indicam claramente que a vacinação continua sendo a estratégia chave para o controle da pandemia de Sars-CoV-2, inclusive da propagação de variantes, como a Delta".

Em discussões internas do governo, representantes do Ministério da Saúde apoiaram a recomendação da Anvisa, mas a pasta comandada por Queiroga ainda não apresentou um parecer formal sobre o tema.

Na nota nota técnica, a Anvisa propõe que a vacina seja aplicada 14 dias antes do embarque ao Brasil em voo internacional ou de cruzar a fronteira terrestre. A agência argumenta que segue orientação de países como os Estados Unidos, Canadá, Chile, entre outros.

Os conselhos de secretários de saúde de estados (Conass) e de municípios (Conasems) divulgaram nota nesta quinta-feira (25) em apoio à proposta da Anvisa.

"O recrudescimento da pandemia em países europeus e o aumento de casos nos EUA, e Canadá, bem como em países da América do Sul, tais como Bolívia, Equador e Paraguai, conforme informação divulgada hoje pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), exigem que o Brasil adote medidas sanitárias adicionais, de modo a proteger sua população", disseram os conselhos.

Desde dezembro de 2020, o governo cobra a apresentação do teste RT-PCR, mas não exige quarentena, apesar de a Anvisa sugerir essa medida há meses.

Bolsonaro disse na quarta-feira (24) que prefere abrir as fronteiras, mas não manda nas decisões da agência reguladora. Ele afirmou que conversou com o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, sobre o tema.

"Na minha parte, não decido, não mando na Anvisa, [mas] a gente não teria fronteira fechada", disse Bolsonaro. "Tem a questão da economia, turismo, um montão de coisas. E o vírus, já falei para vocês, tem de conviver com ele", afirmou ainda.

A ideia da Anvisa é evitar que o aumento de casos da Covid-19 registrado na Europa, entre outros locais, também ocorra no Brasil. A agência também quer impedir que o país vire atrativo para turistas não vacinados.

"A inexistência de uma política de cobrança dos certificados de vacinação pode propiciar que o Brasil se torne um dos países de escolha para os turistas e viajantes não vacinados, o que é indesejado do ponto de vista do risco que esse grupo representa para a população brasileira e para o Sistema Único de Saúde", disse a Anvisa em nota enviada ao Planalto.

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