Publicado em 26 de novembro de 2021 às 09:10
Itália, Alemanha e República Tcheca anunciaram na manhã desta sexta (26) a proibição de entrada de viajantes de países africanos em que foi detectada uma nova variante do coronavírus potencialmente mais transmissível, a B.1.1.529.>
A medida segue decisão anunciada na quinta pelo Reino Unido e por Israel, entre outros, e pode ser adotada em toda a União Europeia, segundo proposta divulgada também nesta manhã pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.>
Em pronunciamento sobre a variante na tarde de quinta (25), a líder técnica da OMS (Organização Mundial da Saúde) Maria van Kerkhove disse que "ainda serão necessárias algumas semanas" para que se possa determinar qual o risco exato do novo mutante do Sars-Cov-2, mas que há preocupação porque ele apresenta muitas mudanças na proteína S (de spike, ou espícula), usada pelo coronavírus para entrar nas células humanas.>
O problema dessas mutações é que elas tornam a proteína S muito diferente da que foi usada no desenvolvimento das vacinas atualmente em uso, o que pode, em tese, reduzir a eficácia das vacinas. >
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O risco de novas variantes perigosas é um dos motivos pelos quais a OMS recomenda que medidas de distanciamento e proteção continuem em vigor, mesmo em países em que a vacinação está avançada.>
"Quanto mais o vírus circula, mais oportunidades ele tem de mudar e mais mutações veremos", disse Van Kerkhove.>
A OMS faz reunião de emergência às 12h (horário local, 8h no Brasil) desta sexta para discutir a nova variante, que deve ganhar o nome de uma letra do alfabeto grego - pela ordem, a 13ª letra, nu (pronuncia-se niu).>
Mesmo sem evidências científicas sobre o impacto da nova variante, governos europeus estão preferindo se antecipar. "A variante recém-descoberta nos preocupa, por isso agimos de forma proativa e precoce", afirmou o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Saphn.>
Ainda não há casos sequenciados na Europa, mas, apenas no Reino Unido, desembarcam em média por dia mais de 500 passageiros vindos da África do Sul - os que chegaram nos últimos dez dias serão chamados para testes.>
A nova variante da Covid, com múltiplas mutações e potencialmente mais contagiosa, foi detectada na África do Sul, país que vê sinais de uma nova onda da pandemia. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (25) por cientistas e pelo governo da África do Sul.>
A variante B.1.1.529 apresenta um número "extremamente alto" de mutações e "podemos ver que ela tem potencial para se espalhar muito rapidamente", afirmou o virologista Túlio de Oliveira, em entrevista coletiva online supervisionada pelo Ministério da Saúde da África do Sul.>
Além da potencial maior capacidade de disseminação, também há preocupação quanto a mutações ligadas a um possível escape imune, ou seja, possibilidade de redução de eficácia de vacinas. Os cientistas ainda não têm como fazer afirmações mais precisas sobre isso.>
Oliveira aponta que há mais de 30 mutações na proteína S (spike), através da qual o vírus se liga em células humanas para efetuar a invasão, o que faz com que essa variante seja muito diferente das cepas que circulam no mundo.>
Dados preliminares apontam que a variante aumentou rapidamente na província de Gauteng, a mais populosa do país e que inclui Pretória e Johannesburgo, e já pode estar presente nas outras oito províncias do país.>
Segundo Oliveira, a vigilância genômica aponta que a B.1.1.529, em menos de duas semanas, já sobressai em relação às infecções pelas outras variantes da Covid, logo após "uma devastadora onda da Delta".>
Pesquisadores afirmam que cerca de 90% dos novos casos em Gauteng poderiam estar associados à variante B.1.1.529.>
O NICD (Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul), porém, não atribui o crescimento de caso locais à nova variante. Mais de 1.200 casos novos em 24 horas foram registrados na quarta-feira, contra cem no início do mês. Os dados diáros dessa quinta, publicados pelo NICD, já apontam para 2.465 novas infecções.>
"Existem muitas variantes, mas algumas não têm influência sobre a evolução da epidemia", comentou em uma coletiva de imprensa John Nkengasong, do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças da União Africana).>
Segundo o professor de microbiologia clínica da Universidade de Cambridge, Ravi Gupta, a B.1.1.529 mostra sinais de "mutação cumulativa", o que indica que surgiu em uma infecção crônica.>
Ele afirmou que há motivos para preocupação porque os pontos em que as mutações foram identificadas podem estar associados à ação de anticorpos neutralizantes, à capacidade do vírus de penetrar nas células e de se propagar de célula a célula.>
Avaliação semelhante foi feita pelo diretor do Instituto de Genética UCL, de Londres, François Balloux: "Dado o grande número de mutações que acumulou aparentemente em uma única explosão, a variante provavelmente evoluiu durante uma infecção crônica de uma pessoa imunocomprometida, possivelmente um paciente com HIV/Aids não tratado".>
Embora sejam necessários estudos mais aprofundados, ele afirma que existe o risco de o novo mutante ser "mal reconhecido por anticorpos neutralizantes em relação às variantes alfa ou delta".>
"Por enquanto, deve ser monitorado e analisado de perto, mas não há motivo para se preocupar excessivamente, a menos que comece a aumentar sua frequência em um futuro próximo.">
A partir da noite desta sexta (26), as companhias aéreas só poderão transportar alemães para o país, e 14 dias de quarentena serão aplicáveis a todos, inclusive aos que foram vacinados.>
Não havia barrado voos até a manhã desta sexta (26), mas viajantes vindos do sul da África são obrigados a fazer testes frequentes.>
Proibiu a entrada de viajante estrangeiro que tenha estado na África do Sul, Lesoto, Botswana, Zimbábue, Moçambique, Namíbia ou Eswatin. Os israelenses que retornarem serão obrigados a entrar em quarentena.>
Proibiu a entrada no país de qualquer pessoa que tenha estado na África do Sul, Lesoto, Botswana, Zimbábue, Moçambique, Namíbia ou Eswatini nos últimos 14 dias.>
Restringiu voos vindos da África do Sul.>
Acrescentou à lista vermelha seis países africanos: África do Sul, Namibia, Zimbábue, Botswana, Lesoto e Eswatini, a partir das 12h (9h no Brasil) desta sexta (26) - passageiros que tenham estado nesses países nos últimos 14 dias poderão entrar apenas se forem residentes no Reino Unido e na Irlanda.>
Auto-isolamento para residentes que chegam desses países será obrigatório e, a partir de domingo, deve ser feito em hotéis, sob vigilância. Também são compulsórios testes no segundo e no oitavo dia após o desembarque.>
Viajantes que chegaram desses países nos últimos dez dias serão chamados a fazer testes.>
Voos serão temporariamente proibidos entre essas nações e o Reino Unido.>
Proibiu a entrada de não residentes que venham da África do Sul.>
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