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É secretário-geral do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Espírito Santo (Setpes)

Um ano de pandemia: o que mudou no transporte de passageiros?

Com a retomada do comércio, número de usuários voltou a aumentar. No entanto, estudos nos Estados Unidos e na Inglaterra apontam que, mesmo com alta ocupação, o risco de contágio é baixo

  • Jaime de Angeli É secretário-geral do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Espírito Santo (Setpes)
Publicado em 10/04/2021 às 02h00
Terminal de Vila Velha também movimentado na manhã desta quinta-feira (18), primeiro dia de quarentena no ES
Terminal de Vila Velha no primeiro dia de quarentena no ES. Crédito: Vitor Jubini

Passado um ano desde o início da pandemia da Covid-19, o setor de transporte de passageiros é um dos mais afetados pela crise. Entre os motivos, o principal é uma das premissas para combater o vírus: a diminuição drástica do número de passageiros, como forma de manter o distanciamento social. Diminuição essa que, em 2020, chegou a ser de 80%.

E as consequências desse "novo normal" nada agradável para todos são várias. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), entre março do ano passado e fevereiro deste ano, os prejuízos chegam a R$ 11,75 bilhões no transporte coletivo urbano de todo o país.

Com a retomada do comércio, o número de passageiros voltou a aumentar. Hoje, estima-se que o transporte já retomou as operações com 40% da demanda de antes da pandemia, de acordo com levantamento da NTU. Com isso, surge uma nova problemática: as "aglomerações" dentro dos coletivos.

Embora os ônibus estejam rodando com mais passageiros, o transporte coletivo não é um vetor de transmissão. E para reforçar a afirmação, expomos alguns dados muito relevantes. A começar pelo fato de que os funcionários de sistemas de transporte coletivo não estão entre os grupos com maior índice de contaminação pela Covid-19. Isso ocorre devido aos rígidos protocolos de segurança adotados dentro dos veículos, como o uso obrigatório de máscaras e o reforço na rigorosa higienização.

Também estudos feitos pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e pela Universidade de Oxford (Inglaterra) apontam que, mesmo com alta ocupação, o risco de contágio é baixo no transporte coletivo, pelas características do serviço. Entre os fatores para o baixo risco estão o período de curta permanência, a ventilação dentro dos veículos, o uso obrigatório de máscaras, a pouca interação entre os ocupantes e, é claro, os protocolos de segurança. Aspectos que diferenciam o transporte das festas e encontros sociais, que ocorrem com menos rigor e mais informalidade.

Outro levantamento, desenvolvido pela Marcopolo e pela Universidade de Caxias do Sul, constatou que o volume de ar por pessoa dentro de um ônibus chega a ser 63% superior do que o exigido pela ABNT para renovação de ar em estabelecimentos comerciais como shopping centers, bancos, supermercados, academias e aeroportos, entre outros.

Ou seja, o tráfego de passageiros no transporte coletivo urbano, além de essencial para a população, não traz riscos significativos para os usuários do sistema ou colaboradores. Nossa missão, desde março do ano passado, é possibilitar que os trabalhadores continuem exercendo suas funções. Seguindo protocolos de combate ao coronavírus e com a colaboração dos passageiros, é possível continuar operando com segurança.

* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta

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