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É mestre em Comunicação e diretora-executiva da Ágora Marketing Digital e Performance

Devemos nos preocupar com compartilhamento de dados do WhatsApp?

Aceitar ou não as novas regras de privacidade levanta questões muito mais sobre nossos comportamentos do que sobre permissões de uso de dados em aplicativos

  • Rafaela Andrade É mestre em Comunicação e diretora-executiva da Ágora Marketing Digital e Performance
Publicado em 08/04/2021 às 14h00
WhatsApp vai passar a compartilhar dados de usuários com o Facebook, obrigatoriamente
WhatsApp vai passar a compartilhar dados de usuários com o Facebook, obrigatoriamente. Crédito: HeikoAL/ Pixabay

WhatsApp anunciou o compartilhamento obrigatório de dados com o Facebook para quem quiser continuar usando a rede, e o limite para aceitar ou não os termos está chegando. Na verdade, a novidade é a obrigatoriedade, uma vez que os dados já são compartilhados desde 2016. O que muda é que não poderemos mais optar por não compartilhar.

Agora, ou você está dentro, compartilhando dados, ou está fora! Ficar significa aceitar os novos termos e políticas de privacidade, que entram em vigor a partir do dia 15 de maio. A recomendação da plataforma para quem discorda é clara: apague a conta e o aplicativo.

Mas, afinal, para que serve o compartilhamento dos dados? O objetivo é usar as informações para aprimorar alguns serviços como infraestrutura e entrega, promover mais segurança em transações comerciais de compra e venda e melhorar a experiência do usuário.

Trocando em miúdos, é uma troca clara: você se beneficia do uso gratuito da rede e em troca compartilha dados para aprimoramento com objetivos de uso comercial. A mim, parece justo.

Isso te assusta? E como fica a nossa privacidade? Vale destacar que o WhatsApp garante (vamos ficar ligados aqui!) que as mensagens privadas continuarão sendo criptografadas. Portanto, a plataforma não tem acesso às conversas pessoais. O compartilhamento é no âmbito de viabilização de pagamentos e compras diretamente nesse canal, compartilhamento de números de contatos, status, entre outros dados.

E sejamos honestos: rede social não é ambiente para quem busca privacidade. Vamos combinar que o princípio das redes sociais é justamente socializar, tornar pública nossa vida, e é exatamente o que fazemos, certo?!

Estar em exposição o tempo todo é a base da convivência nas redes. Ou seja, se você busca uma vida privada, as redes sociais definidamente não são o melhor ambiente.

Mas será que as pessoas vão deixar de usar o Whatsapp?! Quando paramos para observar nossas práticas cotidianas de exposição digital, registros públicos da nossa vida privada nas redes, migração exponencial para o mobile, tudo isso acentuado pela pandemia, me parece um caminho sem volta. Quem está de fato disposto a abrir mão da velocidade, praticidade, comodidade e pertencimento que o aplicativo nos proporciona?

Obviamente a privacidade e a segurança de dados não podem ser menosprezadas, trazendo à tona a necessidade de novas regras como a recém-chegada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Fato é que a reposta sobre aceitar ou não as novas regras de privacidade do Whatsapp levanta questões muito mais sobre nossos comportamentos e hábitos do que propriamente permissões de uso de dados em aplicativos. Por outro lado, convido todos a olhar por um outro ponto de vista: tudo à mostra, completamente público, também não nos proporciona mais congruência e transparência? Será que no futuro não haverá mais lugar para esconder os cadáveres?!

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