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É secretário de Estado da Cultura do Espírito Santo

Theatro Carlos Gomes está de volta e nos convoca a viver a sua programação

Sua restauração não é apenas a entrega de uma obra: é a reafirmação de uma política cultural que entende que conservar o que somos também é construir o que podemos ser

  • Fabricio Noronha É secretário de Estado da Cultura do Espírito Santo
Publicado em 26/11/2025 às 11h09

As fotos e os vídeos registram apenas uma parte de um momento grandioso: o reencontro do Theatro Carlos Gomes com sua cidade, o brilho do palco restaurado, a praça viva, a música ocupando o ar com a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo e o cantor Silva. Mas não mostram o caminho até aqui: os meses silenciosos de trabalho, as decisões difíceis, as mãos que, com precisão e afeto, devolveram ao teatro sua dignidade histórica.

Quando chegamos à gestão, em 2019, encontramos um teatro ferido. Infiltrações, risco elétrico, adornos históricos comprometidos, ar-condicionado parado. Diante disso, existiam dois caminhos: um reparo imediato, paliativo, que adiaria o problema, ou um restauro profundo, demorado, minucioso. O governador Renato Casagrande escolheu o caminho da responsabilidade: não o mais simples, mas o mais necessário. E foi essa decisão que nos conduziu até o dia em que as portas se abriram novamente.

O restauro, realizado pelo Instituto Modus Vivendi, com investimento de R$ 20 milhões (BNDES e EDP, via Lei de Incentivo à Cultura), começou bem antes. Primeiro um minucioso levantamento conduzido pela Secretaria da Cultura seguiu para licitação que encontrou forma no projeto arquitetônico primoroso da Arquistudio.

Todo esse processo revelou preciosidades escondidas: douramentos originais no proscênio, nos camarotes e nos capitéis; a pintura marmorizada orientada pelo professor Nelson Porto; e a cor histórica do prédio, o tom camurça revelado pela prospecção estratigráfica, aprovada pelo Conselho Estadual de Cultura. Foram instalados novos elevadores, climatização moderna, banheiros acessíveis e a estrutura que receberá a nova cafeteria com vista para a praça.

A reabertura trouxe, além do concerto e da visitação pública, a intervenção artística de Flávia Junqueira e o anúncio da temporada de reinauguração, que seguirá até março de 2026, além do programa de visitas mediadas, que começará nas próximas semanas.

Reabertura do Theatro Carlos Gomes com instalação Junqueira
Reabertura do Theatro Carlos Gomes . Crédito: Mônica Zorzanelli

Escrever sobre o Theatro Carlos Gomes é falar de memória e de futuro. É lembrar que este é um patrimônio do povo capixaba, um espaço onde a arte, a história e o afeto se cruzam. Sua restauração não é apenas a entrega de uma obra: é a reafirmação de uma política cultural que entende que conservar o que somos também é construir o que podemos ser.

Agora, de volta à cena, o teatro nos convoca novamente. A ocupar, a sentir, a viver a programação que chega. Cultura é feijão com arroz. E o nosso palco maior retorna como um prato cheio de arte e pertencimento para o Espírito Santo.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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