Nesta semana entrou em vigor o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. Apesar das listas de isenções anunciadas, que no caso do Espírito Santo abrangem 47% do total exportado para o país norte-americano, a situação é desafiadora no curto prazo e nos obriga a pensar em um reposicionamento futuro.
Daqui para frente, precisaremos ser cada vez mais competitivos e ampliar nossa abertura comercial. Isso nos remete à necessidade de aumentar a produtividade e enfrentar o chamado Custo Brasil, com destaque para a melhoria da nossa infraestrutura logística. O que já era uma necessidade urgente tornou-se, agora, uma questão de sobrevivência futura.
Aqui no Espírito Santo esse caminho já vem sendo trilhado. Somos um Estado com alto grau de abertura ao comércio exterior, bem acima da média nacional. No ano passado, o Espírito Santo teve um excelente desempenho no comércio internacional. Segundo análise do Connect Fecomércio-ES, exportações e importações movimentaram US$ 24,58 bilhões, representando crescimento de 27,1% em relação a 2023. De acordo com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o grau de abertura da economia capixaba atingiu 65% no terceiro trimestre de 2024, enquanto a média brasileira foi de 29,8%.
Entre as várias iniciativas em curso, uma das mais destacadas é o ParklogBR/ES. Trata-se de uma aliança cooperativa entre atores portuários, logísticos, industriais e governamentais para o desenvolvimento de um cluster logístico-portuário-industrial. Nesse sentido, vai muito além dos investimentos já sinalizados e configura-se como um modelo para enfrentar os desafios do aumento da produtividade no Brasil.
Em termos de infraestrutura, o projeto é composto pelos portos de Portocel, Imetame e Barra do Riacho (VPorts), por uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada, pela Estrada de Ferro Vitória-Minas, por rodovias, aeroportos, portos secos e terminais ferroviários.
Em todos esses componentes, estão sendo realizados investimentos públicos e privados relevantes. O Governo do Estado tem investido significativamente, mais de R$ 1 bilhão, na infraestrutura rodoviária estadual da região para atender ao aumento de fluxo que inevitavelmente ocorrerá.
A partir de sua área primária, localizada no entorno dos portos em Aracruz, o ParklogBR/ES abrange mais nove municípios: Colatina, Fundão, Ibiraçu, Jaguaré, João Neiva, Linhares, Marilândia, Serra e Sooretama. Entre as funções essenciais, que incluem desde o desenvolvimento e a gestão compartilhada da infraestrutura, dos serviços de uso comum e do fluxo de veículos, destaca-se a formação e qualificação profissional. Ou seja, estamos falando de investimentos em infraestrutura, desenvolvimento de serviços empresariais e capacitação de capital humano. Isso é aumento de produtividade na veia.
Outro aspecto importante é que o ParklogBR/ES abre um conjunto de oportunidades para as regiões impactadas, tanto primária quanto secundariamente, por sua atuação. Haverá aumento da cobertura de serviços básicos, impulsionado pela expansão da infraestrutura de energia elétrica, gás e telecomunicações.
Haverá também o desenvolvimento do mercado imobiliário e a criação de oportunidades para centros logísticos de processamento de cargas, centros comerciais e de serviços, centros de inovação e turismo de negócios.
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Está em curso um novo modelo de governança que sucederá o atual, estabelecido pelo decreto de 16 de setembro de 2024, que instituiu o ParklogBR/ES como programa estruturante do Governo Estadual. A proposta é estruturar uma instituição independente, como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ou um Serviço Social Autônomo (SSA), que assegure a profissionalização e a efetividade futura da gestão do cluster. Somente em um ambiente de confiança como o nosso seria possível construir um modelo como esse em tão curto espaço de tempo.
Os atuais desafios da arena internacional são enormes e nos obrigam a pensar e agir rapidamente para construir um novo posicionamento do Brasil no mundo. O Espírito Santo, mais uma vez, parte na dianteira.
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