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É professor do Departamento de Filosofia da Ufes. Coordenador pedagógico da Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória

Estamos vivendo a geopolítica do fim do mundo

Navios de guerra, submarino nuclear e soldados dos EUA na costa da Venezuela e avião misterioso da CIA no Brasil são movimentos que inspiram grande preocupação e pedem uma postura soberana do governo e altivez do povo brasileiro

  • Maurício Abdalla É professor do Departamento de Filosofia da Ufes. Coordenador pedagógico da Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória
Publicado em 20/08/2025 às 13h32

O mundo passa por um momento delicado e perigoso. Muita coisa faz lembrar o contexto das guerras mundiais do século passado.

Potências imperiais buscam garantir sua dominação econômica em territórios de seu interesse, muitos deles em disputa. Ideologias totalitárias (que deram origem ao fascismo e ao nazismo) ressurgem como alternativas políticas. A sensação de insatisfação com a economia nacional faz ressurgir a opção por líderes ditatoriais.

Na Segunda Guerra Mundial, a fabricação de armas nucleares decidiria o conflito. Hoje, as potências em disputa possuem arsenal suficiente para destruir o planeta várias vezes.

Trump reencarna o espírito imperialista e ditatorial de Mussolini, enquanto Netanyahu faz o papel de um Hitler rebaixado, com desejos territorialistas e ação genocida. Porém, com o potencial bélico dos EUA, dificilmente haverá uma aliança de países para enfrentá-los. Por isso, grande parte dos países do Ocidente se ajoelham diante do novo protótipo de Imperador e deixam passar o holocausto palestino que ocorre à vista de todos.

A China parece avançar apenas na medida em que seus interesses sejam favorecidos. Putin pode ter combinado com Trump de não se meter em assuntos da parte Ocidental do mundo, desde que Trump deixe para ele o domínio sobre as áreas de seu interesse. Assim, a guerra na Ucrânia pode acabar, com centenas de milhares de mortos e nenhum avanço para Zelensky. E a Rússia não se mete nas aventuras trumpistas do lado de cá.

A ação imperialista e ditatorial de Trump avança sobre o Brasil. Supertaxação, interferência no Judiciário e tentativa de influenciar as eleições locais são o início de uma ofensiva duradoura, que visa o domínio sobre nossa economia, o fim das leis que regulam as Big Techs e a apropriação dos metais de terras raras.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em encontro no Alasca
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em encontro no Alasca. Crédito: Sputnik/Gavriil Grigorov/Pool via Reuters

Navios de guerra, submarino nuclear e soldados dos EUA na costa da Venezuela e avião misterioso da CIA no Brasil são movimentos que inspiram grande preocupação e pedem uma postura soberana do governo e altivez do povo brasileiro. Mas mais de um terço está de joelhos por causa da doença ideológica que se espalhou ao redor de um réu à beira da condenação pelo STF. Essas pessoas são capazes de colocar o uniforme estadunidense na guerra contra o Brasil, mas se dizem “patriotas”.

Se, antes, podíamos especular sobre o que teria acontecido com o mundo se a bomba atômica fosse criada primeiro pelos nazifascistas, agora, podemos experimentar, caso o mundo não reaja com urgência contra Trump – e o Brasil contra o viralatismo de extrema direita.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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