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Publicado em 29 de setembro de 2024 às 11:19
Uma amiga e a filha de Giovana Bazoni, de 38 anos, têm alergia aos tradicionais absorventes vendidos em farmácias e supermercados. Para atender a necessidade das duas, ela resolveu apostar em produtos feitos de pano. Foi assim que surgiu a empresa Chão de Casa. >
Além de estudar sobre os absorventes ecológicos, ela também decidiu aprofundar seus conhecimentos em um assunto pouco comentado, a educação menstrual.>
Giovana tornou-se mãe aos 17 anos e, ainda muito jovem, já começou a trabalhar. Seu último emprego com carteira assinada foi como vendedora em um shopping da Grande Vitória, mas, durante a pandemia, foi demitida. Como precisava de uma renda, ela começou a produzir as máscaras de pano, muito usadas logo no início da Covid. >
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“Foi nessa época que aperfeiçoei a costura. Já tenho a máquina há muitos anos e sou apaixonada por trabalho manual, que herdei das minhas avós. Por ser uma mulher feminista, parei para pensar e percebi que fazia muito sentido trabalhar com a política de diálogo com outras mulheres”, comenta. >
Giovana lembra que o absorvente industrializado conta, em sua composição, com o plástico. Ao longo da vida, as pessoas menstruam por cerca de 40 anos, gerando aproximadamente 100 quilos de lixo, como observa a empreendedora. >
“É um impacto grande. Costumo dizer que o primeiro absorvente descartável ainda está em algum aterro, pois o plástico demora de 400 a 500 anos para se decompor.">
A artesã comenta que foram nove meses de pesquisa, período que, segundo ela, foi uma nova gestação. “Por ser algo muito novo, esse é o tipo de produto que não tem muita informação disponível. Comecei a estudar vários tipos de tecidos, fui melhorando e cheguei a algo 100% confiável”, lembra. >
Até por se tratar de um assunto recente, a produção desses itens também esbarra em outro problema, que é o tabu menstrual, como alerta Giovana. >
Giovana Bazoni
ArtesãO absorvente ecológico criado por Giovana pode ser usado por qualquer pessoa que menstrua. Segundo ela, a peça consegue cumprir a função de contenção do fluxo menstrual, tem diversos tamanhos e a durabilidade de quatro anos. Toda a produção é artesanal, no quarto de costura que fica na casa dela. Quem compra as peças ainda recebe uma cartilha de como lavar, manter e até como é feito. >
Os absorventes reutilizáveis de Giovana são feitos em diversos tamanhos e atendem desde a primeira menstruação até aquelas pessoas com muito fluxo ou que precisam de um kit pós-parto. Os produtos são vendidos de R$ 25 a R$ 40 em feiras com outras mulheres empreendedoras, redes sociais e internet. >
Além disso, sempre que pode, Giovana prioriza e contrata serviços de outras mulheres. “Acredito nessa rede de apoio, de uma ajudar a outra. A identidade da minha empresa foi feita por uma amiga, por exemplo. Muitas delas me ajudaram a chegar onde estou”, conta. >
Quando Giovana fala que vende produtos menstruais, a reação das pessoas, geralmente, é de espanto. Muitas delas acreditam que há apenas os tradicionais absorventes industrializados. >
“Existe uma variedade imensa de opções. Além dos absorventes, também existem as calcinhas, os coletores, entre outros itens. Uma das coisas que me incomodavam muito era o lixo. As questões ambientais também fazem muito sentido para mim. Também falamos muito sobre diversidade, pois não são apenas mulheres que menstruam, têm também os homens trans, as pessoas não binárias”, descreve. >
Giovana analisa que nem todas as pessoas que menstruam têm uma boa relação com esse período, pois muitas sentem cólica, têm fluxo intenso, entre outros fatores. >
“A gente não precisa amar a menstruação, mas precisamos naturalizar o assunto e a relação com os nossos corpos. E isso pode ser feito com a educação. Os produtos reutilizáveis exercem muito essa função”, finaliza.>
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