Maria de Fátima Analio da Silva, de 41 anos, foi morta a facadas pelo marido
Maria de Fátima Analio da Silva, de 41 anos, foi morta a facadas pelo marido. Crédito: Acervo familiar

Morta em casa pelo marido, Maria de Fátima se encontrou na enfermagem

Mãe de três filhos e caçula da família, ela teve a vida brutalmente interrompida aos 41 anos na madrugada de sábado (12), em Feu Rosa, na Serra

Tempo de leitura: 3min
Vitória
Publicado em 18/08/2023 às 10h22

Mãe de três filhos e caçula de três irmãos, Maria de Fátima Analio da Silva era uma sonhadora. Já quis ser jornalista, mas foi na enfermagem, área em que conseguiu um diploma técnico, que se encontrou. Cuidava de todos e se esforçava ao máximo para levar um sorriso ao rosto das pessoas. Mas, aos 41 anos, ela teve a vida brutalmente interrompida pelo marido na madrugada de sábado (12), na casa da família, em Feu Rosa, na Serra. 

Foi a filha mais velha do casal, de 17 anos, quem encontrou o corpo da mãe, com uma faca cravada no pescoço. O crime aconteceu no quarto do caçula, de apenas seis anos, onde a mãe dormia sozinha no momento do crime. Além deles, há outra filha de 13 anos.

Após fugir da casa, o pedreiro Reinaldo Teixeira da Silva, de 40 anos, foi a duas delegacias no domingo (13) e confessou que matou a esposa no dia anterior, entretanto, não foi preso, uma vez que já não se tratava de um flagrante, nem havia mandado de prisão em aberto.

Na noite de quarta-feira (16), ele procurou a Delegacia Regional da Serra, em Laranjeiras, e foi detido — três dias após ter confessado o crime. A defesa informou que o suspeito voltou a se entregar à polícia após ficar sabendo que havia um mandado de prisão em aberto contra ele por homicídio qualificado por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio. O caso está sob investigação.

Os filhos estão sob cuidados da irmã mais velha de Maria de Fátima, Delcimara Pereira, que a descreve como uma pessoa muito alegre, divertida, que conversava com todo mundo, fazia amizade fácil e tinha um coração enorme.

“Quando mudamos para Feu Rosa, éramos pequenas. Somos naturais de Cachoeiro, mas meu pai foi transferido para lá (Serra) e nós fomos. Somos três irmãos, ela era a mais nova. Cresceu ali no bairro, e todo mundo ali está revoltado, triste mesmo. Falam que a rua ficou morta porque ela mexia com todo mundo, conversava com todo mundo.”

A escolha da profissão veio a partir de uma propaganda na televisão, que despertou o interesse pelos estudos. O marido não concordava, chegava a chantageá-la e, por isso muitas vezes Maria de Fátima chegava às aulas com atraso, segundo a irmã.

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"Ela tinha até sonho de ser jornalista, mas fez o curso técnico de enfermagem depois que teve os três filhos e se descobriu ali, não só na profissão, mas descobriu a ela mesma, começou a se cuidar, e isso incomodou ele. Ele nem queria que ela fizesse o curso, que ela fosse trabalhar"

Delcimara contou, ainda, que quem pagou o curso foi o pai delas: "Ela era uma sonhadora, uma batalhadora, cuidou dos filhos, cuidou da nossa mãe junto comigo até os momentos finais e estava (trabalhando) cuidando de um adolescente, que agora deve estar sentindo muita falta dela”.

Além desse caso, são pelo menos 19 vítimas de feminicídio no Espírito Santo em 2023, até agora, segundo boletim da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp). Muito além das estatísticas, cada perda é sentida pelas famílias e amigos deixados.

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