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Saiba os melhores investimentos para 2026, ano de eleições e Copa do Mundo

Saiba os melhores investimentos para 2026, ano de eleições e Copa do Mundo

Eventos político e esportivo e até o volume de feriados podem influenciar o desempenho de ativos; confira opções conforme o perfil do investidor

Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 18:02

A previsibilidade esperada por boa parte dos investidores não deve entrar na conta em 2026. Em um ano de muitos feriados e eventos como a Copa do Mundo e, particularmente, as eleições, a incerteza é um componente para ser administrado no momento de aplicar o seu dinheiro. Mas, segundo especialistas ouvidos por A Gazeta, isso não significa que não dá para investir: conhecendo o próprio perfil, é possível escolher ativos para ter bons rendimentos no próximo ano. 

Érico Colodeti Filho, sócio da Forttu Investimentos, observa que 2025 termina um tanto turbulento, com a política impactando o cenário econômico, e mais a crise em torno do Banco Master — que ainda não teve desfecho e também repercute na economia. Somado a esse contexto, há a manutenção pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Centralda taxa Selic em 15%, um patamar elevado e que não deve ser reduzido logo no início de 2026. 

A conjuntura pode não parecer promissora, mas Érico, que é também assessor de investimentos e head educacional do escritório, pega a taxa de juros como referência para indicar opções para o investidor, tanto o mais conservador, isto é, que prefere não arriscar muito, quanto os mais agressivos no mercado. 

"Os investidores que possuem perfil mais conservador, que gostam de segurança, conseguem navegar bem na renda fixa, seja no Tesouro Direto, seja em títulos privados, que estão remunerando bem por conta da Selic elevada. Na renda variável, também por conta da Selic alta, o investidor da bolsa, por exemplo, tem a oportunidade de comprar produtos mais baratos. Quem tem apetite para a renda variável, é hora de comprar, aproveitar esse momento de 'liquidação'", compara. 

Investimento; dinheiro; renda; rendimento
Investidor deve avaliar as opções no mercado que podem fazer o dinheiro render Crédito: Freepik

Membro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), o assessor de investimentos Marcel Lima pontua que hoje o país se apresenta com juro elevado. Porém, caso a política fiscal do governo se torne mais alinhada à política monetária do Banco Central, será possível ver uma queda mais acentuada na taxa do que o esperado para 2026. 

A tendência é de queda gradual, mas os juros deverão permanecer no patamar de dois dígitos. De acordo com o último relatório Focus, a Selic deve fechar 2026 a 12,25%. Enquanto o juro permanecer elevado, alocações conservadoras tendem a desempenhar bem.

Marcel Lima

Assessor de investimentos e membro do Ibef-ES

A renda fixa, portanto, vai continuar atraindo a maior fatia dos recursos dos investidores. 

O que é renda fixa?

A renda fixa é um modelo de investimento considerado mais seguro e previsível. Quando o investidor aplica em renda fixa, está emprestando dinheiro para uma instituição financeira, empresa ou diretamente para o país. Em troca, quem toma o empréstimo se compromete a devolver o dinheiro com uma porcentagem de ganho, que pode estar vinculada à variação da inflação, taxa básica de juros ou a uma taxa já determinada na hora da aplicação.

Conheça alguns investimentos em renda fixa:

Títulos Públicos: Emitidos pelo Tesouro Nacional, são considerados os investimentos mais seguros do mercado. O governo utiliza esses recursos para financiar suas atividades. Existem diferentes tipos, como o Tesouro Selic, Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado, cada um com características específicas de rentabilidade e prazo.

CDB (Certificado de Depósito Bancário): É um título de renda fixa emitido por bancos. Ao investir em um CDB, você está emprestando dinheiro à instituição financeira em troca de uma remuneração. Os rendimentos podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos.

CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários): Trata-se de um título de crédito lastreado em recebíveis imobiliários, como aluguéis ou financiamentos. O CRI permite que empresas do setor imobiliário captem recursos no mercado financeiro.

CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio): Similar ao CRI, mas voltado para o setor agrícola. O CRA é um título de crédito que representa uma promessa de pagamento em dinheiro e é lastreado em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, cooperativas e terceiros.

LCA (Letra de Crédito do Agronegócio): É um título de crédito emitido por instituições financeiras e lastreado em empréstimos concedidos ao setor agrícola. A LCA é isenta de Imposto de Renda para pessoas físicas e conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até certos limites.

LCI (Letra de Crédito Imobiliário): Similar à LCA, mas voltada para o setor imobiliário. A LCI é emitida por instituições financeiras e lastreada em empréstimos imobiliários. Também é isenta do Imposto de Renda para pessoas físicas e protegida pelo FGC.

Debêntures Tradicionais: São títulos de dívida emitidos por empresas de capital aberto para captar recursos no mercado. Os investidores que compram debêntures se tornam credores da empresa emissora. A rentabilidade pode ser pré-fixada, pós-fixada ou híbrida, e o risco está diretamente ligado à saúde financeira da empresa emissora.

Debêntures Incentivadas: São um tipo especial de debêntures, regulamentadas pela lei 12.431/2011. Visam estimular investimentos em projetos de infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação. O grande diferencial é a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que pode resultar em uma rentabilidade líquida mais atrativa.

Mercado de ações

Se o investimento em renda fixa deve marcar o ano de 2026, por outro lado, na avaliação de Marcel Lima, alocações em renda variável (como as ações) poderão gerar bons retornos conforme a expectativa de queda da Selic fique ainda mais clara.

O sócio-fundador da Pedra Azul Investimentos, Lélio Monteiro, acrescenta que a bolsa de valores, apesar de ter subido ao longo de 2025, segue barata se comparados os valores à média histórica.  Assim, investir em ações pode ser uma oportunidade, lembrando que se trata de um investimento com rentabilidade de longo prazo. 

A influência das eleições

Mas 2026 traz algumas variáveis que podem fazer diferença, como as eleições gerais em que um dos cargos em disputa será o da presidência da República. No ano eleitoral, afirma Marcel Lima, devemos esperar forte volatilidade nos mercados. "Dólar pode oscilar bastante, bem como o mercado de ações. Muitas notícias devem surgir e as pesquisas eleitorais podem fazer preço nos ativos financeiros."

Lélio Monteiro diz que ano de eleição é sempre difícil e de muitas incertezas e, por isso, historicamente o mercado fica mais defensivo e cauteloso. Para o analista, somente com o amadurecimento das candidaturas e seus posicionamentos, bem como os indicadores das pesquisas, o mercado deverá consolidar uma posição.

"Eu diria que, mais do que nunca, é hora de respeitar bem o perfil investidor. O conservador deve ser mais conservador e o mais arrojado deve ficar ainda mais porque haverá grande oportunidades para ativos de risco", defende Monteiro, citando como exemplo de ativos as ações, os títulos de inflação e a dolarização de um percentual do patrimônio. 

O que saber para investir

Para quem pretende começar a investir em 2026, Marcel Lima aponta que o primeiro passo é sempre ter uma reserva de emergência alocada em ativos com baixa volatilidade e alta liquidez. Neste caso, CDBs com liquidez diária ou fundos de investimentos de baixo risco. Com juro a 15% ao ano, trata-se também de uma alocação rentável.

Érico Colodeti reforça que o dinheiro é uma ferramenta que precisa proporcionar segurança. Para quem ainda não começou a elaborar o planejamento financeiro, ele dá a seguinte orientação para compor a reserva de emergência:

  • Profissionais concursados: guardar pelo menos o valor equivalente a três meses de remuneração;
  • Profissionais CLT: pelo menos seis meses da renda;
  • Autônomos: pelo menos o equivalente a um ano da renda.

A recomendação é montar a reserva em qualquer título que tenha liquidez diária, ou seja, em que é possível resgatar o investimento a qualquer tempo. Para aqueles que não têm o dinheiro para juntar o valor mínimo sugerido, Érico Colodeti orienta a começar com o que conseguir. 

É preciso ainda pensar na aposentadoria. Para ele, o cenário do país, em que a expectativa de vida aumentou e há menos nascimentos, vai tornar o INSS insustentável para pagar o benefício para todos. Então, na opinião do head educacional da Forttu, é preciso investir em previdência privada. 

Marcel Lima acrescenta que para projetos de longo prazo, principalmente a aposentadoria, o investidor pode lançar mão de ativos de renda variável, mas sempre com acompanhamento profissional. "Jamais seguir recomendações de internet. Muitos influenciadores não são profissionais credenciados do mercado financeiro e não estão suscetíveis à fiscalização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Perdas significativas podem ser auferidas por investidores que estão sempre em busca da melhor oportunidade citada na internet", orienta.

Além disso, continua Marcel Lima, aplicações em ativos indexados à inflação também costumam ser bons investimentos no Brasil. O especialista afirma que se proteger da alta generalizada dos preços é uma boa forma de preservar o patrimônio, mas é preciso atenção com a marcação a mercado (comum nesses ativos). A orientação profissional pode ajudar nesse processo. 

"Esteja também atento aos conflitos de interesse no mercado financeiro. Alguns profissionais ganham comissões ou precisam alcançar metas durante a distribuição dos produtos financeiros. Dê preferência ao modelo de remuneração com alíquota fixa (o fee fixo). Dessa forma, as orientações tenderão a ser mais isentas desses conflitos", completa o membro do Ibef-ES. 

Para finalizar, Érico Colodeti recomenda investimento em seguro de vida. Ele observa que as pessoas tendem a fazer seguro de carro, de imóvel, mas não fazem do mais importante. "É mais um pilar dessa tríade: reserva, previdência e seguro. Mas também o investidor precisa saber o que vai fazer com o dinheiro, seja ele conservador, moderado ou arrojado. Tudo isso vai influenciar como vai compor a carteira, que deve ser diversificada, e o quanto vai precisar até alcançar esse objetivo."

Com informações da Folhapress

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