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Metástase óssea: entenda diagnóstico de câncer de próstata de Joe Biden

Metástase óssea: entenda diagnóstico de câncer de próstata de Joe Biden

A metástase é todo o processo do câncer que se instala em algum órgão, seja ele pulmão, fígado, osso, gânglios linfáticos, cérebro ou outro

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Guilherme Sillva

Editor do Se Cuida / [email protected]

Publicado em 19 de maio de 2025 às 17:50

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fala sobre segurança de fronteira na   Sala Roosevelt da Casa Branca, em Washington
 Joe Biden foi diagnosticado com câncer de próstata Crédito: PATRICK SEMANSKY/AP

Aos 82 anos, o ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi diagnosticado com câncer de próstata em estágio "mais agressivo". A informação foi revelada pelo gabinete pessoal do democrata neste domingo, 18, e pegou os norte-americanos de surpresa, apesar do estado de saúde do ex-presidente ter sido especulado durante as eleições presidenciais de 2024.

"Na semana passada, o ex-presidente Joe Biden foi examinado devido a um novo achado de um nódulo na próstata após apresentar sintomas urinários crescentes. Na sexta-feira, ele foi diagnosticado com câncer de próstata, caracterizado por um escore de Gleason 9 (Grupo Grau 5) com metástase óssea", informa o comunicado. O nível varia entre 6 (menos agressivo) a 10 (mais agressivo).

A metástase é todo o processo do câncer que se instala em algum órgão, seja ele pulmão, fígado, osso, gânglios linfáticos, cérebro ou outro. O oncologista Fernando Zamprogno, da Rede Meridional, afirma que qualquer tipo de câncer, inclusive de próstata, quanto mais avançado, maior a chance de evoluir para metástase. “Esse avanço entendemos por tamanho de doença. Então, quanto maior a doença, quanto mais tempo ela tem para fazer essa metástase, maiores as chances de isso acontecer”, explicou.

O médico também comenta sobre a biologia do tumor. No caso do Joe Biden, o diagnóstico foi de um câncer de próstata 9 na escala Gleason, que vai até 10. A escala Gleason é usada para medir a gravidade do câncer de próstata. O nível varia entre 6 (menos agressivo) a 10 (mais agressivo). Os três tipos mais agressivos são os adenocarcinomas de próstata, Gleason 8, 9 e 10.

Zamprogno destaca que o sintoma mais comum quando o câncer de próstata se espalha para o osso é a dor. O paciente, geralmente, sente muita dor naquele osso acometido. "É uma dor crônica, que não melhora com os medicamentos habituais. Pode ser constante e em alguns casos, suficientemente grave para interferir nas atividades diárias e na qualidade de vida do indivíduo".

O diagnóstico da metástase óssea é feito através de exames de imagem, cintilografia óssea, tomografias, ressonâncias, pet scan, todos capazes de identificar o avanço da doença. 

Fernando Zamprogno, oncologista
O oncologista Fernando Zamprogno explica o que é metástase óssea Crédito: Divulgação

É importante saber o grau de agressividade do tumor para prever o seu comportamento e indicar os tratamentos mais adequados para cada paciente

Fernando Zamprogno

Oncologista

A detecção precoce do câncer de próstata é importante para encontrar o tumor em fase inicial e, assim, possibilitar um tratamento bem-sucedido. “Ela evita exatamente essa evolução para estágios mais avançados de uma doença incurável, quando é o caso da metástase. As pesquisas estão cada vez mais focadas na busca para se diagnosticar o câncer mais precocemente, pois quanto mais rápido for identificado, maior a chance de cura e de não ocorrência de metástase”, relatou o médico.

Dores ósseas

A oncologista Juliana Alvarenga conta que as metástases ósseas ocorrem quando células cancerígenas originárias de outros órgãos se espalham através da corrente sanguínea, via mais comum, ou dos vasos linfáticos, e se fixam nos ossos. "É uma complicação comum em cânceres avançados de mamapulmão e próstata".

As metástases podem ocorrer em qualquer osso do corpo, mas são mais frequentemente encontradas nos ossos próximos ao eixo central do corpo. "A coluna vertebral é o local mais comum de metástase óssea. Outros locais comuns são osso do quadril (pelve), osso da perna (fêmur), osso do braço (úmero), costelas e crânio", diz a médica.

A condição pode ocasionar dores ósseas, fraturas ósseas espontâneas ou traumáticas ou compressão de estruturas como a medula espinhal. Casos mais graves podem acarretar em dificuldades na locomoção e até mesmo em paralisias, aumento do cálcio na corrente sanguínea, dentre outras complicações. "Depois que o câncer se dissemina para os ossos ou outros locais do corpo, raramente é curável, mas ainda pode ser tratado para reduzir, bloquear ou retardar seu crescimento". 

Juliana Alvarenga, oncologista
A oncologista Juliana Alvarenga explica as dores da metástase óssea Crédito: Divulgação

Mesmo que a cura não seja mais possível, o tratamento aumenta a sobrevida do paciente

Juliana Alvarenga

Oncologista

As opções de tratamento do câncer de próstata metastático têm avançado de maneira importante. “No Brasil são os mesmos tratamentos disponibilizados nos Estados Unidos e Europa. Fazemos bloqueadores de hormônios centrais e periféricos conjugados ou não a quimioterapia. Assim, temos a possibilidade do tratamento sem quimioterapia ou com quimio, a depender da agressividade da doença. O que proporciona grande impacto em ganho e sobrevida ao paciente. Quando a doença atinge o estágio de ser refratário ao bloqueio de hormônio, temos opções de quimioterapia e de radioisótopos”, explicou Zamprogno.

O oncologista revelou, ainda, que já está disponível uma molécula nova que chegou ao Brasil e a partir deste ano, estará disponível no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o medicamento chamado Pluvicto, que é o lutécio PSMA. Então, pacientes que já fizeram quimioterapia, têm também como opção essa nova molécula. 

A orientação do especialista é que todo homem, a partir dos 50 anos de idade, faça o exame de PSA e o toque retal anual. Se o indivíduo possui histórico familiar de câncer de próstata, de mama, de ovário ou até mesmo de pâncreas, a depender da idade, essa busca ativa pode começar até 10 anos mais cedo.

Câncer de próstata

O câncer de próstata é segundo tipo de câncer mais frequente entre os homens. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar mais de 70 mil casos por ano no Brasil até 2025. “Causado pela replicação descontrolada das células da próstata, o câncer de próstata é um tumor maligno que tem a idade como principal fator de risco. Indivíduos com idade mais avançada acabam apresentando um risco aumentado de desenvolver essa doença, principalmente após os 40 anos”, alerta o explica o oncologista Ramon Andrade de Mello. 

Dessa forma, o acompanhamento médico regular a partir dessa idade é extremamente importante, já que o diagnóstico precoce do câncer de próstata aumenta muito as chances de sucesso do tratamento. "Presença de sangue no sêmen, ao urinar, diminuição do jato de urina, mudança na frequência ou surgimento de dor ao urinar são alguns dos possíveis sintomas do câncer de próstata, mas nem sempre aparecerem”, detalha o oncologista. Por isso, os métodos de rastreio são tão importantes.

O tratamento da doença pode variar caso a caso, podendo incluir cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e também quimioterapia. “Temos também novos métodos que têm demonstrado excelente eficácia, como as terapias-alvo, que permitem localizar alvos celulares e manipulá-los para impedir o desenvolvimento dos tumores, uso de fármacos radioativos como Lutécio 177, medicamento recém-aprovado pela Anvisa que mostrou resultados positivos em pacientes com câncer metastático, e terapia focalizada de alta intensidade (HIFU), procedimento em que usamos energia de ultrassom para destruir as células cancerígenas”, finaliza o especialista.

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