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Leucemia tem cura? Veja os principais sintomas e como é feito o diagnóstico

Leucemia tem cura? Veja os principais sintomas e como é feito o diagnóstico

Segundo o Inca, são estimados 11.540 novos casos a cada ano no Brasil no triênio 2023-2025; Entre crianças e adolescentes, este é o tipo de câncer mais prevalente

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 10:00

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Leucemia em crianças
Entre crianças e adolescentes, este é o tipo de câncer mais prevalente. (Shutterstock)

Dos tipos de câncer que afetam o sangue, a leucemia é a mais conhecida. A idade de acometimento varia de acordo com o subtipo da doença, que, em linhas gerais, se divide em mielóide e linfóide, de acordo com a célula afetada. Em ambas as categorias, ela pode ser qualificada como sendo aguda ou crônica, considerando a velocidade de divisão dessas células e, portanto, a agilidade com a qual a doença se desenvolve.

A campanha Fevereiro Laranja tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de medula óssea, crucial para pacientes que necessitam de transplantes para combater não só a leucemia, mas também linfomas e mielomas, além de diversas outras patologias, incluindo as não oncológicas. A medula óssea saudável, que é responsável pela produção de células sanguíneas, pode ser a única chance de cura para muitos desses pacientes.

As Leucemias Agudas podem ocorrer em todas as faixas etárias sendo que a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) tem maior incidência na infância e juventude. Já a Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é o tipo mais comum em adultos, correspondendo a 80% dos casos neste grupo. A ocorrência de LMA aumenta com a faixa etária (maior incidência acima de 65 anos). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no triênio 2023-2025, são estimados 11.540 novos casos a cada ano no Brasil - sendo o 10º tipo de câncer mais frequente entre a população brasileira.

"A Leucemia é desencadeada por mutações genéticas nas células hematopoiéticas, responsáveis pela produção das células sanguíneas (glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas). Estas mutações fazem com que a célula hematopoiética passe a produzir uma grande quantidade de células anormais, que não conseguem amadurecer e desempenhar sua função normalmente, ocupando a medula óssea e impedindo que células normais sejam produzidas", explica a oncohematologista Mariana Oliveira, da Oncoclínicas São Paulo.

Segundo a especialista, a doença não se trata de uma condição hereditária, mas sim de alterações genéticas adquiridas e que acabam por desencadear o surgimento do câncer. "Infelizmente, não existe uma forma de prevenção. Porém, é importante estar atento e procurar um médico sempre que tiver algum dos sintomas".

Fique atento aos sintomas

Os sinais às vezes confundem quem sente o mal-estar, podem sugerir alguma enfermidade menos grave e, por isso, quanto mais cedo buscar auxílio, maiores serão as chances de iniciar um tratamento eficaz.

O hematologista Carlos Bernardo Loureiro Lima, da Oncoclínicas Rio de Janeiro, conta que a leucemia afeta o dia a dia do indivíduo. Devido à diminuição de glóbulos vermelhos, o que causa anemia, é comum haver fadiga, falta de ar, palpitação e dor de cabeça. Outros sinais incluem cansaço excessivo, febre persistente, sangramentos ou hematomas sem explicação aparente, infecções recorrentes, dores ósseas ou articulares, perda de peso e palidez. 

Na leucemia, uma célula sanguínea que ainda não está madura sofre uma mutação genética, transformando-se em cancerosa. Além disso, ela se multiplica mais rápido e “morre” menos que as saudáveis. A doença é classificada de acordo com dois critérios: pode ser aguda, acometendo células mais jovens e apresentando curso clínico mais agressivo, ou crônica, pois afeta estruturas mais maduras e se desenvolve mais lentamente, permitindo que o organismo realize algumas funções normais. Neste caso, a enfermidade é mais insidiosa, inicia com aparência de benignidade e só manifesta sintomas após a sua evolução.

“No caso das leucemias agudas, devido aos sintomas, o paciente sente rapidamente que tem algo errado e busca ajuda. E essa agilidade é muito importante para o tratamento”.

Aspas de citação

Nos últimos anos, novos remédios foram incorporados para todos os tipos de casos, permitindo, por exemplo, que a doença entre nos critérios da medicina de precisão, com atendimentos personalizados e, acima de tudo, mais eficazes e menos tóxicos

Carlos Bernardo Loureiro Lima
Hematologista
Aspas de citação

Alguns fatores, como a exposição a produtos químicos, principalmente os derivados de benzeno, e à radiação em altos níveis, assim como algumas doenças genéticas como anemia de Fanconi e outras que afetam o sangue, podem elevar o risco de incidência da doença.

Mariana Oliveira diz que os sintomas das leucemias agudas incluem palidez, cansaço e sonolência, uma das consequências da queda na produção de glóbulos vermelhos (hemácias) e consequente anemia.

Manchas roxas que surgem aparentemente sem traumas, pequenos pontos vermelhos na pele e/ou sangramentos mais intensos e prolongados após ferimentos leves também podem surgir em decorrência da diminuição na produção de plaquetas"

A redução na imunidade ocasionada pela baixa quantidade de glóbulos brancos faz com que a pessoa apresente infecções constantes e febre. "Dores ósseas e nas juntas, que podem dificultar a capacidade de locomoção, e dores de cabeça e vômitos são outros possíveis sintomas que não devem ser ignorados. Outro indício da doença pode ser ainda a perda de peso", afirma.

Como é feito o diagnóstico

Se o hemograma apresentar alterações, normalmente como a redução de mais de uma série de células sanguíneas (sejam as plaquetas, os leucócitos ou as hemácias), a presença de células imaturas anormais (conhecida como blastos) no sangue, ou mesmo o aumento sustentado no número de leucócitos, traz uma forte suspeita de leucemia. Nesses casos, é indicada a avaliação do hematologista, e em grande parte dos casos, o exame de medula óssea.

A hematologista Camila Gonzaga, do Instituto de Oncologia de Sorocaba, ressalta que o diagnóstico precoce de qualquer tipo de leucemia é de fundamental para a melhora e tratamento do paciente. “O benefício ocorre pela avaliação médica especializada e tratamento precoce, os quais diminuem os sintomas e os efeitos deletérios da doença em outros órgãos e sistemas, ajudando na restituição da imunidade e na recuperação clínica”.

Tratamento para leucemia

O tratamento da leucemia varia conforme o tipo e o estágio da doença, mas geralmente envolve quimioterapia, terapia direcionada e, em alguns casos, o transplante de medula óssea.

O procedimento de transplante é considerado uma alternativa eficaz para muitos pacientes, e a compatibilidade entre doador e receptor é um dos maiores desafios. Por isso, a campanha enfatiza a importância do cadastro de doadores voluntários no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

Douglas Covre Stocco
Douglas Covre Stocco explica como funciona o tratamento. (Divulgação)
Aspas de citação

O grande desafio é encontrar uma medula compatível com a do paciente, para que não haja rejeição pelo organismo

Douglas Covre Stocco
Hematologista
Aspas de citação

Outros tipos de tratamento podem ser utilizados dependendo do tipo de leucemia, como quimioterapia, imunoterapia e terapias celulares. O objetivo principal é eliminar as células cancerígenas para que a medula óssea volte a produzir células saudáveis. “Os avanços da medicina têm proporcionado uma expressiva melhora na resposta aos diversos tratamentos disponíveis, resultando em maior taxa de cura e qualidade de vida para os pacientes”, explica Camila Gonzaga.

Saiba mais sobre os subtipos de leucemia

Leucemia linfoide crônica (LLC): afeta células linfoides e se desenvolve de forma lenta. A maioria dos pacientes tem mais de 55 anos. Rara em crianças. É uma doença adquirida, e não hereditária;

Leucemia mieloide crônica (LMC): atinge células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Acomete principalmente adultos. Pode causar anemia, fadiga, infecções, sangramentos e outros problemas colaterais, mas alguns pacientes são totalmente assintomáticos;

Leucemia linfoide aguda (LLA): ataca células linfoides e agrava-se de maneira rápida. É o tipo mais comum em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos; L

Leucemia mieloide aguda (LMA): acomete células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos quanto em crianças, mas a incidência aumenta à medida que a pessoa envelhece.

Mariana Oliveira conta que os avanços nos tratamentos tiveram um salto importantíssimo. “Um deles é a terapia car-t cell, em que os linfócitos do tipo T são tratados em laboratório para que possam analisar e reconhecer as células cancerosas, eliminando-as”.

Além disso, a leucemia possui altas chances de cura, podendo chegar a até 90%, no caso das crianças, e 50% em pessoas até 60 anos. "Apesar de não existir cura para alguns casos da doença, os tratamentos são eficazes para oferecer uma maior expectativa e qualidade de vida. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para o controle da leucemia", finaliza Mariana Oliveira.

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