> >
Gravidez da ex-BBB Laís Caldas: caneta emagrecedora corta efeito do anticoncepcional?

Gravidez da ex-BBB Laís Caldas: caneta emagrecedora corta efeito do anticoncepcional?

Lais Caldas contou que engravidou mesmo fazendo uso de anticoncepcional. Segundo ela, isso aconteceu durante um protocolo de emagrecimento realizado antes do casamento, quando utilizou uma caneta emagrecedora

Imagem de perfil de Guilherme Sillva

Guilherme Sillva

Editor do Se Cuida / [email protected]

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 15:10

Laís Caldas
Laís Caldas contou que engravidou mesmo usando anticoncepcional oral, após iniciar um protocolo com Mounjaro Crédito: Reprodução @dra.laiscaldass

A médica Laís Caldas, 34, compartilhou nas redes sociais um momento marcante de sua vida. A ex-BBB publicou um vídeo no Instagram mostrando como os amigos reagiram com a notícia de sua gravidez.

Na gravação, Laís começa revelando que decidiu refazer o exame para ter certeza do resultado. "O dia que fiz o segundo teste de gravidez para confirmar, porque o primeiro eu tinha certeza que estava errado.. SQN (só que não)". Em seguida, ela exibe o teste positivo, confirmando a gestação. 

A revelação de Laís Caldas de que engravidou mesmo usando anticoncepcional oral, após iniciar um protocolo com Mounjaro para emagrecer antes do casamento, trouxe o tema para o centro das discussões médicas e das redes sociais. “Eu realmente estava tomando anticoncepcional oral direitinho, mas eu casei em setembro e eu fiz o protocolo com Mounjaro, a tizerpatida. Eu queria estar mais sequinha no casamento e fiz o protocolo. O Mounjaro retarda o esvaziamento gástrico e isso diminui a absorção de alguns medicamentos orais e um dos mais afetados é o contraceptivo oral. O caso, que rapidamente ganhou o apelido de “bebê Mounjaro”, levantou dúvidas sobre a relação entre medicamentos para perda de peso, fertilidade e falhas contraceptivas.

Por que isso acontece?

Medicamentos como o Mounjaro atuam, entre outros mecanismos, retardando o esvaziamento gástrico. Na prática, isso significa que o alimento, e também outros medicamentos ingeridos por via oral, permanecem mais tempo no estômago antes de serem absorvidos no intestino. Esse atraso pode comprometer a absorção de hormônios presentes na pílula anticoncepcional.

Estudos clínicos mostram que, no caso da tirzepatida, pode haver redução expressiva do pico hormonal no sangue, além de diminuição da quantidade total do hormônio absorvido. Em termos práticos, o organismo recebe menos hormônio do que o necessário para garantir a supressão da ovulação, o que aumenta o risco de gravidez.

Para a endocrinologista Alessandra Rascovski, da clínica Atma Soma, o caso ajuda a esclarecer um ponto essencial: não se trata de falha da paciente, mas de uma interação farmacológica que ainda é pouco compreendida fora da comunidade médica.

“O Ozempic e o Wegovy oferecem menor risco de interferência nos anticoncepcionais orais do que o Mounjaro. Além disso, o emagrecimento contribui para a melhora da resistência insulínica e para a regularização do ciclo em mulheres com ovário policístico, favorecendo o aumento da fertilidade”, explica a médica. 

Organismo mais fértil

De acordo com o ginecologista e obstetra Cesar Patez, o medicamento não age diretamente anulando o anticoncepcional, mas pode tornar o organismo mais fértil. “A tirzepatida melhora o metabolismo, reduz o peso e a inflamação sistêmica. Em muitas mulheres, especialmente aquelas que não ovulavam regularmente, isso pode levar ao retorno da ovulação. Se a paciente confia apenas em um método que já não estava 100% eficaz para aquele novo contexto hormonal, a chance de gravidez aumenta”, explica.

A especialista em Reprodução Humana Taciana Fontes afirma que o principal mecanismo está ligado à sensibilidade à insulina. “A melhora metabólica reduz a hiperinsulinemia, diminui o hiperandrogenismo e favorece a maturação folicular. Em mulheres com síndrome dos ovários policísticos e resistência insulínica, isso pode significar a retomada da ovulação e da regularidade menstrual”, afirma.

Ela acrescenta que o excesso de peso costuma estar associado a um estado inflamatório crônico. “Quando o peso diminui, a inflamação também cai. O corpo passa a ficar mais adequado do ponto de vista hormonal e endometrial, tornando-se mais receptivo a uma gestação”, diz.

Outro ponto de atenção envolve o uso do medicamento durante a gravidez. “Os dados em animais mostram toxicidade reprodutiva e alterações no desenvolvimento fetal, por isso o Mounjaro é contraindicado na gestação. Em humanos, os dados ainda são limitados, então a recomendação é suspender imediatamente o uso ao descobrir a gravidez”, alerta Taciana Fontes.

Para mulheres que pretendem engravidar ou iniciar tratamentos como indução de ovulação ou fertilização in vitro, o uso prévio desses medicamentos exige planejamento. “Não há evidência de prejuízo direto à reserva ovariana, mas o impacto metabólico é relevante. Por isso, orientamos um período de suspensão de um a três meses antes de tentar engravidar ou iniciar um tratamento de fertilidade”, explica a especialista.

Taciana também destaca que as rápidas mudanças no peso podem alterar o padrão do ciclo menstrual. “Em algumas mulheres, o ciclo fica irregular temporariamente; em outras, ele se regulariza depois de anos. Isso pode dificultar a previsão da ovulação sem monitoramento adequado”, afirma.

Para Cesar Patez, o caso da ex-BBB reforça a importância da orientação médica individualizada. “Toda mulher em idade fértil que inicia medicamentos para emagrecimento precisa revisar seu método contraceptivo. O corpo muda, os hormônios mudam e a fertilidade pode aumentar. Informação e acompanhamento são essenciais para evitar surpresas”, conclui.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

Tópicos Relacionados

gravidez

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais