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É possível engravidar sem saber? Entenda o que é a gravidez silenciosa

É possível engravidar sem saber? Entenda o que é a gravidez silenciosa

Trata-se de uma condição rara em que a gestação passa despercebida por longos períodos, podendo ser descoberta apenas nos últimos meses, semanas ou até mesmo no momento do parto

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 17:09

mulher grávida
A gravidez silenciosa acontece, geralmente, em mulheres que possuem alguma patologia, na qual o ciclo menstrual é irregular ou ausente Crédito: Shutterstock/ Maksym Azovtsev

Descobrir a gravidez no dia do parto pode ser raro, mas não é impossível e tem explicação médica. A chamada gravidez silenciosa ou gravidez críptica, é uma gestação rara em que a mulher não percebe que está grávida, pois apresenta poucos ou nenhum sintoma clássico. No programa Encontro desta quinta-feira (06), da TV Globo, a apresentadora Patrícia Poeta mostrou a história de uma jovem que teve uma gestação silenciosa e foi internada por causa de uma convulsão. Ela ficou em coma e quando acordou descobriu que era mãe.

Segundo a ginecologista e obstetra da Karina Bourguignon, da Unimed Sul Capixaba, trata-se de uma condição rara em que a gestação passa despercebida por longos períodos, podendo ser descoberta apenas nos últimos meses, semanas ou até mesmo no momento do parto.

A médica explica que essa situação ocorre porque os sinais típicos da gravidez são ausentes, sutis ou facilmente confundidos com outras condições. “Algumas mulheres apresentam alterações hormonais, estresse, síndrome dos ovários policísticos ou até sintomas gastrointestinais que mascaram o quadro gestacional. Em outros casos, há sangramentos que são interpretados como menstruação, o que contribui para o atraso no diagnóstico”, destaca Karina.

Entre as causas mais comuns estão níveis baixos do hormônio hCG, o que pode levar a resultados falsos negativos em testes, ausência de sintomas clássicos como enjoo e sensibilidade mamária, além de fatores psicológicos que dificultam a percepção corporal. “Há mulheres que vivem a negação inconsciente da gravidez ou que não consideram essa possibilidade por estarem usando métodos anticoncepcionais, o que também retarda a identificação da gestação”, acrescenta a ginecologista.

Os sintomas, quando aparecem, costumam ser leves e intermitentes. Náuseas, cansaço, aumento discreto das mamas ou alterações de humor podem ser confundidos com problemas hormonais ou emocionais. A barriga, por sua vez, pode não crescer visivelmente. De acordo com a especialista, isso pode ocorrer por diferentes motivos, como tônus muscular abdominal elevado, bebê localizado mais para trás no útero, baixo volume de líquido amniótico ou constituição física da mulher. “Em algumas pacientes, especialmente aquelas com sobrepeso ou musculatura abdominal firme, a gestação pode não se tornar evidente”, explica.

Desafio para os médicos

A ginecologista Mariana Andreata, da Rede Meridional, diz a gravidez silenciosa acontece, geralmente, em mulheres que possuem alguma patologia, na qual o ciclo menstrual é irregular ou ausente, o que atrapalha a perceberem a amenorreia (falta de menstruação) que é o principal sintoma da gravidez inicial. “Já com o avanço da gestação, algumas mulheres com obesidade ou alguma doença ginecológica podem não perceberem o aumento do volume abdominal que também se encontra distendido em algumas patologias”, esclarece.

No entanto, a gravidez silenciosa até o final da gestação ou até o momento do parto é rara. “No terceiro trimestre é o momento no qual ocorrem mais sintomas e aumento do volume da barriga, mas em alguns casos raros podem acontecer até mesmo no momento do parto prematuro, o que justifica, muitas vezes, a deteção somente nesse momento”, explica a médica. 

Os sintomas clássicos da gravidez nessas mulheres podem ser muito sutis, inexistentes ou confundidos com outras condições de saúde. O atraso menstrual pode ser confundido em pacientes com síndrome dos ovários policísticos, usuárias de anticoncepcionais contínuos ou com doenças de desordem endocrinológicas. 

Mariana Andreata Pontello, ginecologista
Mariana Andreata explica porque a condição acontece Crédito: Divulgação/ Mariana Andreata

A sonolência, o enjoo e as tonturas nem sempre estão presentes e muitas vezes podem estar associadas a outras doenças que as mulheres já tenham no organismo

Mariana Andreata

Ginecologista

A barriga também pode não crescer visivelmente. “A barriga pode não ter um crescimento tão expressivo em pacientes que já tenham abdômen globoso ou que fizeram alguma cirurgia como abdominoplastia ou ainda quando os bebês apresentarem restrições de crescimento quando o abdômen da mãe não fica tão proeminente”, diz Mariana.

A gravidez silenciosa é assim um desafio para médicos e pacientes visto que é difícil diagnosticá-la. “Todas as medidas que fazemos ao longo da gravidez como vacinas, suplementações, exames de rastreio de más formações e até mesmo as limitações como álcool, tabagismo e alguns exercícios não foram adotadas. Portanto a chance de um desfecho desfavorável dessa gravidez é maior do que em uma gravidez habitual”, alerta.

Conhecer o próprio corpo e manter o acompanhamento ginecológico regular são atitudes essenciais para identificar precocemente qualquer alteração. A gravidez silenciosa, apesar de rara, evidencia a importância de escutar os sinais do organismo e buscar sempre orientação médica diante de sintomas incomuns.

Karina Bourguignon ressalta que, mesmo diante de uma descoberta tardia, o acompanhamento médico deve ser iniciado imediatamente. A realização de ultrassonografia e exames laboratoriais é essencial para avaliar as condições da mãe e do bebê. “O pré-natal, ainda que em fase avançada, é fundamental para prevenir complicações como parto prematuro, restrição de crescimento fetal e pré-eclâmpsia. Além disso, é importante oferecer apoio psicológico, já que a descoberta inesperada pode gerar ansiedade e insegurança”, orienta a médica.

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