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Entenda os riscos da cirurgia feita por Maya Massafera para mudar a cor dos olhos

Entenda os riscos da cirurgia feita por Maya Massafera para mudar a cor dos olhos

Por alterar uma estrutura sensível e essencial à visão, o procedimento é considerado de alto risco, mesmo quando realizado com técnicas avançadas

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Guilherme Sillva

Editor do Se Cuida / [email protected]

Publicado em 23 de junho de 2025 às 15:01

Maya Massafera
Maya Massafera fez uma cirurgia para mudança permanente da cor dos olhos Crédito: Reprodução @Mayamassafera

A influenciadora Maya Massafera compartilhou que fez um procedimento para mudança permanente da cor dos olhos. O procedimento, conhecido como ceratopigmentação, foi realizado na França e alterou a cor de seus olhos de castanho para verde claro. “Fazendo o olho com esse médico, que é considerado o melhor do mundo, você não consegue ver que é uma operação”, comentou Massafera em um vídeo publicado em suas redes sociais.

Também chamada de tatuagem da córnea, a ceratopigmentação é uma cirurgia que aplica micropigmentos coloridos nas camadas internas da córnea para mudar a cor natural dos olhos. Por alterar uma estrutura sensível e essencial à visão, o procedimento é considerado de alto risco, mesmo quando realizado com técnicas avançadas.

O oftalmologista Pedro Trés Vieira Gomes, do Hospital de Olhos Vitória, alerta que é uma cirurgia de alto risco, com potencial para causar complicações sérias. “Existe risco de lesões na córnea, infecções graves, dor, ardência, sensibilidade à luz, lacrimejamento persistente e dificuldade para enxergar. Em alguns casos, a cicatrização pode ser inadequada, levando à perda parcial ou total da visão, sem possibilidade de reversão”.

No Brasil, o procedimento é proibido para fins estéticos. Nem o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) nem a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizam sua realização com essa finalidade. A cirurgia só é permitida em situações muito específicas, como em pacientes cegos ou que apresentam leucomas (manchas brancas na córnea), sequelas de traumas ou defeitos congênitos que comprometem a estética ou a função ocular.

Pedro Trés Vieira Gomes, oftalmologista
O oftalmologista Pedro Trés Vieira Gomes fala dos riscos da cirurgia Crédito: Edson Chagas

A córnea é uma estrutura extremamente delicada e essencial para a visão. Qualquer intervenção nessa área precisa ser criteriosamente avaliada e acompanhada por um especialista

Pedro Trés Vieira Gomes

Oftalmologista

O médico diz que ceratopigmentação é uma alternativa considerada apenas em casos extremos, como perda visual definitiva em um dos olhos, deformidades ou sintomas intensos como a fotofobia. "Mesmo assim, é uma técnica arriscada, que deve ser feita por profissionais altamente qualificados”.

Outro ponto de atenção é que o pigmento aplicado na córnea pode dificultar a realização de exames oftalmológicos, como o mapeamento de retina, além de interferir na identificação e no tratamento de problemas oculares, como a catarata. “É preciso refletir se vale a pena colocar em risco a própria visão por um desejo estético. Nesses casos, os riscos superam qualquer possível benefício”, alerta o oftalmologista.

Cirurgia é irreversível

A oftalmologista Iara Tavares, do Centro Capixaba de Olhos, explica que “o procedimento tem indicação em pessoas que a córnea perdeu a transparência por trauma, doenças ou cirurgia e torna olho esbranquiçado”.

A médica alerta que a cirurgia é irreversível. “Uma vez realizada, o pigmento não poderá mais ser retirado, mas em alguns casos com o passar do tempo ele vai 'desbotando', dependendo da técnica que foi usada e das condições da córnea, principalmente em casos de córneas muito alteradas pelas opacidades”, esclarece Iara Tavares.

Embora haja evolução na técnica que torna o procedimento menos invasivo e com recuperação mais tranquila para o paciente, ele também envolve riscos. Entre os principais são perfuração da córnea, infecção, fotofobia e deposição irregular do pigmento.

O oftalmologista Marcos Andião, especialista em Ceratopigmentação, explica que é uma infecção pode levar a perda do olho. "A pessoa que está buscando uma estética pode ter o olho amputado em casos extremos. E caso o paciente não goste e fique diferente do que ele desejava não será uma situação fácil e simples de reverter".

A técnica mais tradicional envolve a injeção de pigmento diretamente na camada superficial da córnea. Já técnicas mais recentes utilizam lasers de femtosegundo para criar túneis na córnea, onde o pigmento é inserido. Ainda que o laser seja eficaz em córneas transparentes, sua utilização é limitada em casos de córneas opacas ou com doenças.

Marcos Andião, oftalmologista
O oftalmologista Marcos Andião diz que técnicas mais recentes utilizam lasers Crédito: Divulgação Marcos Andião

O laser de femtosegundo surge como uma promessa importante para aprimorar os resultados, principalmente em pacientes com menor grau de opacidade corneana

Marcos Andião

Oftalmologista

Os especialistas alertam que é essencial uma avaliação médica detalhada antes do procedimento, para que o oftalmologista possa determinar se o paciente é um bom candidato e qual técnica será mais eficaz para o seu caso.

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