Publicado em 26 de novembro de 2025 às 09:00
O Ministério da Saúde classifica o infarto como uma emergência cardíaca, e o que muitos chamam de “princípio de infarto” corresponde, na verdade, a um episódio de angina instável, uma forma de síndrome coronariana aguda sem morte do músculo cardíaco. >
De acordo com o Ministério da Saúde, o infarto ocorre quando o fluxo de sangue para o coração é bloqueado de forma súbita, gerando morte de células do músculo cardíaco. Na prática clínica, porém, parte dos sintomas que a população descreve como “pré-infarto” não provoca lesão permanente do músculo cardíaco. Eles se encaixam em outro diagnóstico, a angina instável. O cardiologista Wilson Gonçalves Junior, da Unimed Sul Capixaba, explica que o termo popular não existe na medicina e que o que se chama assim é, na verdade, um quadro de síndrome coronariana aguda de menor gravidade, mas que exige atendimento imediato.>
Segundo o médico, a angina instável surge quando há um entupimento súbito da artéria que irriga o coração, porém sem tempo suficiente para causar danos permanentes. Ele detalha que, nesses casos, o próprio organismo pode conseguir dissolver o coágulo que obstruiu o vaso, restabelecendo o fluxo sanguíneo antes que ocorra a morte das células do músculo cardíaco. >
“Existe a obstrução aguda, mas o vaso consegue abrir novamente antes de causar dano. No infarto, não. Há uma oclusão por tempo suficiente para provocar a morte das células do coração”, explica. Assim, o paciente pode apresentar os mesmos sintomas do infarto, mas sem o dano definitivo ao músculo cardíaco.>
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Os sinais da angina instável são semelhantes aos do infarto, dor no peito em peso, queimação ou aperto, que pode irradiar para o braço esquerdo, ombro, mandíbula, pescoço ou costas, acompanhada de palidez, suor frio, náuseas, vômito e palpitações. A diferença está na duração. >
O especialista afirma que, nesses episódios, a dor costuma ser mais breve, em torno de 20 minutos, podendo começar durante esforço e persistir mesmo em repouso. Ele alerta que o risco maior está na possibilidade de a obstrução voltar a ocorrer e dessa vez evoluir para um infarto real. “A angina instável pode ser o quadro inicial de algo que se torne um infarto efetivamente. Por isso não pode ser ignorada”, enfatiza.>
Procurar atendimento imediato é o fator decisivo para impedir que a angina instável evolua para um infarto. “O diagnóstico rápido permite o uso de medicamentos adequados e, quando necessário, a realização de exames e procedimentos, como o cateterismo para desobstrução da artéria, evitando a progressão do quadro. Nenhuma dor torácica persistente deve ser aguardada em casa. A orientação é interromper atividades, não dirigir e buscar emergência o mais rápido possível. Com diagnóstico precoce e tratamento correto, muitas vezes conseguimos evitar que o infarto aconteça”, destaca.>
A prevenção, segundo o cardiologista, é o caminho mais seguro para evitar tanto a angina instável quanto o infarto. Isso inclui tratar fatores de risco modificáveis, como sedentarismo, excesso de peso, hipertensão, diabetes, colesterol elevado e tabagismo. Ele ressalta que não basta apenas tomar remédios, é necessário alcançar metas adequadas de controle dessas doenças. Além disso, pessoas com histórico familiar precoce de doença coronariana precisam de atenção redobrada. “Não existe dose segura de cigarro, e pacientes com parentes de primeiro grau acometidos precocemente devem ter cuidado especial”, afirma. >
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