Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 16:57
Em vez de dois braços, quatro. Em vez de mãos, pinças. Entra em ação do robô cirurgião, um especialista com visão superior e capaz de desempenhar funções mais precisas e menos invasivas. Um equipamento de última geração que vem revolucionando a medicina. E essa tecnologia está chegando pela primeira vez ao Estado.>
O Da Vinci Xi é considerado o mais moderno do segmento robótico do mundo e vai começar a operar no Hospital Santa Rita, em Vitória, a partir de março deste ano. O hospital não revela o custo do sistema, informando apenas que está na casa dos milhões de dólares. De início, a tecnologia não estará disponível para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e nem para os de convênios médicos.>
As equipes cirúrgicas da unidade já estão em treinamento para aprender a controlar o equipamento, que será utilizado em diversas áreas, como nas cirurgias urológicas, nas de cabeça e pescoço, nas bariátricas e na oncologia digestiva e ginecológica, por exemplo. >
Os treinamentos são feitos em locais como Rio de Janeiro e São Paulo, onde esse tipo de tecnologia já é usada há mais tempo, em hospitais de ponta. Algumas especialidades serão treinadas até no exterior. >
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"Poucos hospitais do Brasil têm esse modelo. Não há nada mais avançado na área de cirurgia robótica, que é uma tendência mundial. Vamos ser pioneiros. É muito bom poder trazer essa tecnologia para os capixabas, que, até então, só tinham acesso a ela fora do Estado e tinham que fazer o pós-operatório em quartos de hotéis", diz o médico urologista e diretor clínico do Hospital Santa Rita, Alexandre Tironi.>
O robô cirurgião, segundo o diretor, permite a execução de cirurgias complexas utilizando-se de procedimentos minimamente invasivos. "O robô tem visão em 3D e controle ergonômico. São quatro braços robóticos articulados que atuam diretamente no paciente e um sistema de vídeo de alto desempenho. Os movimentos realizados no controle ergonômico são filtrados de qualquer tipo de tremor natural do ser humano e traduz todo o movimento feito pelas mãos do cirurgião em movimentos mais precisos e com amplitude ainda maior do que a capacidade da mão humana".>
Para realizar o procedimento, o médico fica na sala de cirurgia e utiliza o controle ergonômico para manipular até quatro braços robóticos e a câmera de alta definição. "O cirurgião faz os movimentos no console, e o robô imita esses movimentos dentro do paciente", explica Tironi.>
Na área urológica, o robô cirurgião irá operar pacientes com câncer de próstata e tumor renal. "Na cirurgia robótica, os riscos podem ser minimizados, pois há menor perda sanguínea, menor dor pós-operatória. E há menos chance de sequelas mais comuns nesse tipo de tratamento, como a disfunção erétil e a incontinência urinária", destaca o urologista.>
A equipe da cirurgiã oncológica Ana Luiza Miranda Cardona Machado é uma das que estão sendo treinadas para manusear o Da Vinci Xi. A médica se diz animada para começar a operar com essa tecnologia no Estado. >
"Na nossa área, que é a cirurgia oncológica digestiva, poderemos operar pacientes com câncer no estômago, esôfago, intestino e pâncreas, por exemplo. A técnica em si não muda, mas os instrumentais são diferentes em relação à cirurgia por videolaparoscopia. Tivemos treinamento on-line, depois foram 40 horas no simulador e, em seguida, atividades práticas. Fomos ao Rio e a São Paulo acompanhar alguns casos para entender esse processo, porque é outro ritmo de cirurgia", comenta ela. >
Os benefícios da cirurgia robótica, segundo a especialista, são muitos. "Não há o risco de tremor das mãos do cirurgião. A apresentação do campo cirúrgico é melhor, facilitando as suturas. E a incisão é menor. Tudo isso garante um tempo menor de operação e um tempo de recuperação mais rápido para o paciente", cita Ana Luiza Cardona.>
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