> >
Como lidar com o luto na quarentena

Como lidar com o luto na quarentena

Fundadoras da plataforma "Vamos falar sobre luto" criam cartilha com novos rituais de despedida em tempos de distanciamento físico

Publicado em 20 de abril de 2020 às 15:02

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Homem chorando
Homem chorando. (Pixabay/ HolgersFotografie)

Não existe dor maior do que perder alguém que a gente ama. Parece que o chão desaparece por debaixo dos nossos pés. Nesse momento o apoio de pessoas da família e dos amigos é fundamental. Um abraço ou um simples apertar de mãos podem fazer milagre numa hora dessas. Mas como cumprir esse ritual e apoiar o enlutado em tempos de pandemia e isolamento social?

As fundadoras da plataforma "Vamos falar sobre luto", criada em 2016, lançaram uma cartilha com dicas de novos rituais de despedida em tempos de distanciamento físico. "Esses rituais são fundamentais para que a pessoa concretize a perda e possa seguir em frente", disse a cofundadora da plataforma, Mariane Maciel.

O problema é que desde o início da Covid-19 são permitidas apenas duas horas de velório com a presença de, no máximo, 10 pessoas. Em algumas cidades, nem isso. E aí que entram as dicas da cartilha.

Para um paciente internado em fim de vida

“Escrever uma carta (embalada em um saco plástico) ou fazer uma gravação em vídeo que possam ser entregues por profissionais de saúde são duas ideias interessantes”, disse Mariane, usando uma das sugestões da cartilha. E existem muitas outras, como pedir que uma música especial seja tocada ou uma poesia seja lida são outras. Se houver alguém mais próximo da pessoa doente em casa, oferecer a ela o apoio e cuidado: enviar cartões, boas leituras, comidinhas ou frutas.

Para a despedida após falecimento

Como o velório passa a ser um ritual íntimo, entre familiares e amigos mais próximos, é hora de ter criatividade pra dar o conforto que o enlutado e sua família precisam. "Estamos longe fisicamente, mas não precisamos estar longe emocionalmente, com algumas atitudes podemos nos fazer presente", ensina Mariane.

Antes de tomar qualquer atitude, porém, é preciso sentir o que a pessoa que perdeu um ente querido realmente precisa. Sim, porque há quem precise de um tempo para receber qualquer conforto, mesmo que virtual. "As pessoas também podem escrever homenagens e memórias afetivas em um documento compartilhado que pode ser transformado depois em um lindo livro de memórias", sugere.

Enviar orações ou mensagens posoitivas por rede social ou simplesmente marcar um horário para que a família e amigos, cada um de sua casa, dirijam sua atenção e preces ou pensamentos ao falecido e aos enlutados ajuda demais. "Pedir para que todos acendam uma vela em um mesmo momento e que compartilhem por WhatsApp também pode ser simbólico", ressalta Mariane.

Se é você quem perdeu alguém

Autocuidado. Essa  é a palavra para  o enlutado.  É hora de se permitir chorar, sofrer, chorar, falar da pessoa que se foi. E mais: redobrar os cuidados com o corpo, o sono, a alimentação e também os sentimentos. Cada luto é único e temos o direito de viver o nosso da forma que acharmos  melhor, seja em silêncio ou desabafando com amigos e parentes.

Crianças e adolescentes precisam de atenção

A cofundadora da plataforma "Vamos falar sobre luto", Mariane Maciel, explica que as crianças e os adolescentes também precisam viver o luto. E que nós, adultos, podemos, sim, chorar e demonstrar sofrimento na frente deles. "É claro que temos que ter bom-senso, mas estranho seria se nossos filhos soubessem de nossas perdas e não nos vissem chorando. Podemos ter uma conversa franca com eles. E dizer que eles podem e devem chorar, mas deixá-los seguros de que não estarão sozinhos", explicou. Uma dica para que eles possam participar de alguma forma da despedida de uma pessoa querida, é enviar um desenho ou uma cartinha.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais