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Publicado em 29 de agosto de 2025 às 17:31
Com um investimento que ultrapassa os R$ 54 milhões nos últimos 2 anos, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) criou o programa “Escola do Futuro”, que pretende integrar tecnologia, inovação pedagógica e novas metodologias à sala de aula. Do óculos de realidade virtual ao uso da impressora 3D, a rotina de estudantes da rede estadual no Espírito Santo mostra que o futuro já chegou. Mas, afinal, de que forma os recursos digitais em sala de aula impactam na aprendizagem para além da tela do celular? >
Desde janeiro passado, a Lei 15.100/2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas. Porém, não há restrições quanto ao uso pedagógico de outros dispositivos, visto que as novas tecnologias estão cada vez mais presentes no cotidiano de alunos e professores.>
Em Vila Velha, a Escola Estadual Professora Maura Abaurre, no bairro Vila Nova, foi uma das selecionadas para integrar o programa. Com ensino em tempo integral, a unidade adaptou espaços para receber o laboratório de Arte Maker e passou a usar novas ferramentas digitais no dia a dia. Segundo a diretora Gisele Filvoch, a certificação aumentou o engajamento dos alunos: “Eles ficaram muito animados, foi uma reação positiva. Aumentou a frequência também, o desenvolvimento e a participação, eles se envolvem mais”, completou. >
Para os alunos, a chegada dos laboratórios e o contato com novos recursos digitais mudaram a rotina. Letícia Barrack, de 17 anos, ressalta que o uso dessas ferramentas trouxe dinamismo às aulas: “Mexer na máquina 3D é algo diferente. A gente pode criar coisas durante a aula, e isso faz o dia de nove horas e meia ficar menos pesado. A rotina deixa de ser massiva e se torna mais leve, ao mesmo tempo em que aprendemos”, disse.>
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Na mesma linha, a estudante Ana Clara Guimarães, também de 17 anos, aponta que o contato com novas tecnologias possibilitou não apenas aprender, mas também compartilhar o que descobriu com mais pessoas. “A atividade mais marcante foi quando participei de uma oficina à noite com alunos da EJA. Eu tive a oportunidade de ensinar o que aprendi para outros colegas. Foi especial porque pude compartilhar conhecimento e ter contato com estudantes de outra turma da escola”, relata. >
Criado em 2023, o “Escola do Futuro” teve seu start em 5 escolas. No ano letivo seguinte, mais dez unidades foram incluídas, totalizando 15 instituições. Em dezembro último, o governador Renato Casagrande anunciou a ampliação do programa, prevendo novas certificações para este ano e a meta de chegar a 100 unidades em 2026. Esse movimento de expansão se conecta a outras iniciativas, como o “+Ciência na Escola Capixaba”, desenvolvido em parceria com o governo federal e o CNPq. >
Para quem chegou recentemente a uma unidade com essas novas metodologias, a percepção das mudanças parece evidente. Pietra Miranda, de 15 anos, compara a experiência da Escola Maura Abaurre com as instituições em que estudou antes e aponta a diversidade de recursos como a principal diferença.Para a aluna, esse tipo de ferramenta amplia as possibilidades de aprendizado: “Antes era só livro e caderno. Aqui a gente tem óculos VR, e impressora 3D, que tornam a aprendizagem muito mais prática e interessante.”, completou.>
A professora de Língua Portuguesa Andrea de Araújo, da Escola Maura Abaurre, em Vila Velha, relembra que o início da pandemia de Covid-19, em 2020, foi um ponto de virada, com a adoção de ferramentas digitais para manter o contato com os estudantes. “Além do Google Sala de Aula, uma vez por semana, nós tínhamos uma aula online. Então era aquele momento para não perder o vínculo com os alunos. A partir daí, eu acho que a tecnologia sempre esteve presente na escola”, avaliou. Ela ainda reforçou que uso de recursos digitais vai além dos aparelhos proibidos pela recente legislação: “Tecnologia não é só ter um celular que vai acessar o que eles quiserem.”>
Magno Leal de Brito Júnior, professor de Física, explicou que o processo de adaptação ao novo modelo de ensino exige disposição para aprender junto com os alunos. Ele comentou que, diante de tecnologias ainda pouco exploradas, muitas vezes é preciso descobrir na prática como utilizá-las. “A gente tem que aprender a usar o nosso cérebro. No final, são eles que têm que fazer, eles que têm que pensar”, pontuou.>
Os dois educadores concordam que a tecnologia deve ser vista como uma ferramenta, e não o fim do processo de aprendizado. Enquanto a professora Andréia ressalta que "não sou a favor de desvincular a educação da tecnologia, porque ela torna o ensino mais atrativo e faz mais parte da realidade dos alunos", o professor Magno reforça: “Eu acho que esse é um grande desafio que a gente vê agora; saber enxergar a tecnologia como uma ferramenta”.>
Para o estudante João Carlos Peixoto, de 17 anos, as expectativas para o futuro já são mais claras, e o programa o está preparando para o mercado de trabalho. “Quando a gente traz a tecnologia para dentro da escola, já está se preparando para o que vai vivenciar lá fora”, enfatizou.>
* Esta matéria é uma produção dos alunos do 28º Curso de Residência em Jornalismo, sob orientação da editora de conteúdo Mariana Gotardo.
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