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Uso de dexametasona em caso leve de coronavírus é muito arriscado, diz OMS

Uso de dexametasona em caso leve de coronavírus é muito arriscado, diz OMS

Entre os efeitos colaterais estão o aumento da glicose e da fraqueza muscular. Aumento na pressão arterial também pode ser observado, segundo especialistas

Publicado em 17 de junho de 2020 às 15:40

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Diretor-executivo da OMS, Michael Ryan
Diretor-executivo da OMS, Michael Ryan. (Divulgação OMS)

O medicamento dexametasona é uma opção apenas para pacientes com casos severos de Covid-19 internados em UTI, sob supervisão médica, e seu uso pode trazer risco a outros pacientes, afirmou nesta quarta (17) o diretor-executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan.

Ele ressaltou que o corticosteroide não combate o vírus, mas reduz a inflamação provocada pela doença, o que deve estar permitindo que os pacientes continuem absorvendo o oxigênio na UTI.

Cientistas da Universidade de Oxford anunciaram na terça (16) que o medicamento reduz a mortalidade nos casos mais graves de Covid-19, a partir de ensaio clínico com 6.000 pacientes ainda não publicado em revista científica.

"Isto não é para casos leves nem para prevenir a doença. Na verdade, esteroides, principalmente esteroides poderosos, podem estar associados com a replicação de vírus, ou seja, eles podem facilitar a divisão e a replicação dos vírus no corpo. Por isso é excepcionalmente importante que esse medicamento seja reservado para casos severos."

Entre os efeitos colaterais estão o aumento da glicose e da fraqueza muscular. Aumento na pressão arterial também pode ser observado, segundo especialistas.

Ryan afirmou que os dados -ainda preliminares, segundo a OMS- serão analisados pela organização, com resultados de outros trabalhos semelhantes, para atualizar as recomendações de tratamento da doença. A OMS afirmou em comunicado que aguarda a divulgação das informações nos próximos dias.

"Este é um resultado muito bem-vindo, mas é uma de muitas descobertas que ainda serão necessárias até conseguirmos vencer o coronavírus", afirmou Ryan.

"Esse é o primeiro tratamento que mostra reduzir mortalidade em pacientes com Covid-19 que precisam de oxigênio ou ventilação mecânica", disse o diretor-geral da organização, Tedros Adhanon Ghebreyesus, em um comunicado publicado na terça-feira (16).

Ghebreyesus disse também que os resultados são uma boa notícia e parabenizou o governo do Reino Unido e a Universidade de Oxford pela condução do estudo.

Segundo o comunicado dos cientistas da Universidade de Oxford, o corticoide reduziu cerca de 35% das mortes em pacientes que estavam em ventilação mecânica. Para os infectados que dependiam de suporte de oxigênio suplementar, sem a intubação, a redução de mortes foi de aproximadamente 20%.

O estudo não encontrou benefícios do uso do medicamento em pacientes que tiveram a forma mais leve da doença.

Os resultados completos da pesquisa ainda não foram publicados, e os coordenadores do estudo dizem que trabalham para que esses dados estejam disponíveis em breve.

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No Brasil, um grupo de médicos de alguns dos principais hospitais do país, que participam da Coalizão Covid Brasil e testam potenciais terapias contra a Covid-19, conduz um teste sobre o uso do corticoide nesses pacientes. Os resultados preliminares da pesquisa devem estar disponíveis até o início de agosto.

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