Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 15:12
- Atualizado há 5 anos
Milhares de soldados em uniformes camuflados se espalham pelas ruas de Washington. Monumentos e prédios públicos estão cercados. De longe, mal se vê a Casa Branca, protegida por barreiras e homens armados, que impedem a aproximação de veículos e pessoas que normalmente circulavam por ali. >
A tensão aguda que invadiu a capital americana é reflexo de um esquema de proteção que vai ser colocado à prova nesta quarta (20), dia em que Joe Biden toma posse como o 46º presidente dos EUA. Mas não é só com a ameaça externa que o Departamento de Defesa dos EUA está preocupado.>
A possibilidade de um ataque interno, causado por agentes de segurança, fez com que o FBI investigasse os 25 mil homens que chegaram a Washington destacados pela Guarda Nacional, com a remoção de dois deles nesta terça (19) por ligações com grupos de extrema direita. A polícia federal americana está examinando o perfil e os antecedentes dos agentes federais e há orientação para que todos os profissionais monitorem e denunciem qualquer comportamento ou comentário suspeito de colegas.>
Desde o dia 6, quando apoiadores de Donald Trump invadiram o Congresso na tentativa de impedir a certificação da vitória do democrata, Washington viu a chegada de dezenas de milhares de soldados da força federal. O contingente é maior que as tropas americanas no Afeganistão, no Iraque e na Síria juntas.>
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A região central, onde fica o Capitólio, a Casa Branca e os principais pontos turísticos da capital, virou uma zona militarizada, bloqueada por veículos militares que dividem espaço com quem vive nas cercanias.>
Moradores e pessoas autorizadas precisam se identificar aos agentes antes de cruzar ruas e quarteirões, em que cada espaço tem sido monitorado pela maciça operação coordenada pelo Serviço Secreto.>
O alerta máximo foi colocado em marcha diante da ameaça de novos atos violentos após o Congresso ser invadido por uma multidão insuflada por Trump, numa ação que deixou cinco mortos. O republicano não aceita totalmente a derrota e insiste na tese falsa de que as eleições foram fraudadas.>
Em comunicado divulgado na semana passada, o FBI, a polícia federal dos EUA, alertou para o risco de manifestações e ataques de grupos armados pró-Trump em Washington e nos 50 estados americanos.>
Até agora não foram registrados incidentes significativos, e a promessa de um grande protesto no domingo (17) acabou frustrada, com mais jornalistas e agentes federais do que manifestantes.>
As preocupações foram redobradas depois que apurações apontaram que vários dos invasores do Capitólio no início do mês tinham laços militares, reforçando a tese de que há um crescimento da extrema direita nas fileiras das Forças Armadas americanas.>
Segundo o jornal The Washington Post, o Pentágono tem recebido notificações de suspeitas de extremismo doméstico entre membros do serviço militar, a maioria das quais relacionada a veteranos, ou seja, àqueles que não estão mais na ativa.>
O Serviço Secreto é responsável pela segurança da posse presidencial nos EUA, mas há vários militares e policiais envolvidos na cerimônia, que vão desde a Guarda Nacional e o FBI ao Departamento de Polícia Metropolitana de Washington e a Polícia do Capitólio.>
Além de Washington, as maiores cidades americanas são pontos de atenção pelo risco de atos organizados por milícias de extrema direita, como o movimento boogaloo, que diz se preparar para uma suposta segunda guerra civil nos EUA.>
Estados em que a disputa eleitoral entre Trump e Biden foi mais acirrada, como Michigan e Pensilvânia, por exemplo, estão sob monitoramento especial, e regiões como Texas e Kentucky, de tradição republicana, fecharam completamente o acesso aos seus respectivos prédios do Legislativo.>
Em abril, manifestantes armados com fuzis protestaram dentro do Congresso de Michigan contra as medidas de isolamento social adotadas pelo governo do Estado no combate ao coronavírus.>
Especialistas afirmam que esse já era um prenúncio do que poderia acontecer no Capitólio após a vitória de Biden e, de fato, a escalada dos atos mostram que as facções de extrema direita seguirão com força nos próximos anos, mesmo sem a figura de Trump no poder central.>
Apesar de todas as precauções, um pequeno incêndio nas imediações do Capitólio causou pânico na manhã de segunda (18) e interrompeu o ensaio da cerimônia de posse, que já havia sido adiado por motivos de segurança. Houve correria, e o Congresso foi fechado e isolado por cerca de uma hora.>
Os agentes alegaram "abundância de cautela" ao bloquearem todas as entradas e saídas da sede do Legislativo americano e, em comunicado, esclareceram que as medidas se deram em resposta ao fogo que atingiu um acampamento de pessoas em situação de rua a poucos quilômetros dali.>
Ninguém ficou ferido, mas o incidente não deixou de causar pânico e escancarar as dificuldades sociais e logísticas que Biden precisa enfrentar a partir do momento em que abrir a porta da Casa Branca.>
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