Publicado em 8 de maio de 2021 às 09:12
Cerveja, desconto no supermercado, em restaurantes premiados, donuts grátis até o ano que vem, ingresso para jogo de beisebol, flores, cigarro de maconha, sorteio de um Chevrolet Camaro ou dinheiro. Os incentivos oferecidos por empresários e governos locais nos EUA para que a população se vacine contra Covid-19 não param de crescer. >
Os EUA aceleraram a vacinação em março e abril, com recorde de 4 milhões de pessoas imunizadas por dia, mas o país tem registrado uma queda nos números de imunização. O problema não é a oferta de vacinas, e sim a demanda, algo que autoridades e o setor privado tentam contornar.>
Na primeira quinzena de abril, os EUA imunizaram, em média, 3,38 milhões de pessoas por dia. O número caiu para 2 milhões nesta semana. O país conseguiu aplicar ao menos uma dose em 150 milhões de pessoas, o equivalente a 57% dos adultos e 45% da população total. O desafio agora é atingir a parcela da população que não quer se vacinar ou os que têm dificuldades de acessar os locais de imunização.>
Novas estratégias dos governos federal e estaduais tentam facilitar o acesso à vacina. Muitas cidades deixaram de lado o sistema de agendamento adotado anteriormente para permitir a aplicação de doses em qualquer cidadão, sem horário marcado. Os centros de vacinação em massa - normalmente em estádios, grandes escolas ou outlets, distantes das cidades - têm sido desativados para privilegiar farmácias e clínicas de saúde rurais. A ideia é aumentar a capilaridade e aproximar os locais de vacinação das pessoas.>
>
O governo federal também ofereceu crédito fiscal para empresas concederem folga remunerada aos funcionários que precisam do dia livre para receber a vacina - ou para lidar com efeitos adversos Cerca de mil empresas já aderiram.>
Mas essas mudanças não atingem cerca de um terço da população que simplesmente não quer se vacinar, por crença ou desconfiança Levantamento feito pela organização Kaiser Family Foundation aponta que 6% dos americanos afirmam que só irão se vacinar se forem obrigados, 13% dizem que "definitivamente" não irão se vacinar e 15% vão "esperar para ver" antes de decidir. A resistência de parte dos americanos coloca em risco o sucesso da estratégia de imunização do país.>
Iniciativas locais tentam convencer ao menos a parcela dos que ainda estão abertos à ideia de se vacinarem. Algumas foram anunciadas pelos especialistas que comandam o combate à pandemia em nome do governo Biden, como descontos em redes de supermercado de até 10% para vacinados.>
Em farmácias como a CVS, a compra ficará 5% mais barata. Ligas esportivas, como a NFL, de futebol americano, e a MBL de beisebol, concordaram com sorteio de ingressos, programas de vacinação nos estádios e descontos nos produtos licenciados. Em Nova York, quem se vacinar no estádio dos Yankees ou no do Mets em dia de jogo de beisebol ganhará a entrada, segundo o governador Andrew Cuomo. E quem já estiver vacinado poderá sentar em uma ala do estádio sem restrições, onde torcedores podem aglomerar com os amigos. Os que não receberam o imunizante continuarão em seções com distanciamento.>
Até o fim do ano, os vacinados terão direito a um donut por dia na rede Krispy Kreme. Em Washington, o premiado chef espanhol José Andrés, dono de cinco restaurantes no centro da capital americana, anunciou que, a partir de hoje, pessoas vacinadas ganharão um vale de US$ 50 (o equivalente a R$ 265) para comer nos estabelecimentos. A promoção vale até que 70% da população americana esteja vacinada, segundo o próprio chef anunciou no Twitter. "Alguns heróis usam capas, outros usam aventais", comemorou a prefeita de Washington, Muriel Bowser, ao saber da iniciativa.>
Bowser e o governador de New Jersey, Phil Murphy , ofereceram cerveja de graça para quem tomar a primeira dose da vacina. Na capital americana, as primeiras pessoas que receberem uma dose hoje, véspera do dia das mães, ganharão flores e plantas. A prefeitura de Washington tem organizado dias de voluntariado nos quais moradores ajudam a contatar vizinhos e convencê-los a se vacinar.>
Em Nova York, desde abril, ativistas vêm distribuindo cigarros de maconha a pessoas vacinadas. Em março, a maconha recreativa foi aprovada no Estado. Em Michigan, um dispensário de maconha também oferece baseados de graça a quem já se vacinou.>
Em Memphis, no Estado de Tennessee, os vacinados podem entrar em um sorteio de um carro novo. O vencedor pode escolher entre uma lista de veículos, como um Chevrolet Camaro. "Receber uma dose (de vacina) não é apenas sua melhor chance de se manter seguro e saudável, você também terá a chance de ganhar um veículo novo de sua escolha", anunciou a prefeitura.>
Empresas como a American Airlines e a Amazon também passaram a oferecer incentivos a seus funcionários. A companhia aérea oferece um dia extra de folga, além do usado para a vacinação, e US$ 50 em pontos da própria companhia. A Amazon paga US$ 80 para os profissionais da linha de frente de entregas que comprovarem que estão vacinados.>
O dinheiro também tem sido usado como incentivo por autoridades estaduais. Em Maryland, o governo prometeu US$ 100 para os funcionários públicos que se vacinarem. "Esse tipo de incentivo é outra forma de enfatizar a importância da vacinação", disse Larry Hogan, governador do Estado, que pediu que empresas adotem a mesma estratégia. Em Virgínia Ocidental, jovens de 16 a 35 anos podem receber US$ 100 em títulos de capitalização se comprovarem que estão vacinados.>
Plataformas como Uber e Lyft prometem viagens a preços reduzidos No aplicativo da Uber, é possível agendar um horário para se vacinar em uma farmácia da rede Walgreens e solicitar a corrida com um motorista. Os usuários também podem doar dinheiro para financiar a viagem gratuita ou mais barata de outras pessoas que desejam se vacinar.>
Em março, Estados onde a vacinação já está mais avançada, como o Alasca, alertaram que a hesitação de parte da população em tomar a vacina poderia se tornar um problema para o governo. O presidente dos EUA, Joe Biden, pretende alcançar a meta de 70% da população adulta imunizada até 4 de julho, mas a queda semanal no ritmo de vacinação desafia o objetivo da Casa Branca.>
Diante do problema, o governo federal decidiu mudar a estratégia Nesta semana, a Casa Branca anunciou que doses paradas nos Estados serão redistribuídas para outros. O número de doses é definido pelo tamanho da população. Há Estados, no entanto, que não têm requisitado novas doses, pois ainda não aplicaram as que possuem. Na semana passada, o governo do Arkansas rejeitou toda a cota que seria enviada ao Estado, que ainda mantém 30% dos imunizantes estocados.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta