Publicado em 6 de novembro de 2020 às 16:49
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não deve enviar nenhuma alta autoridade de Brasília para representá-lo na cerimônia de posse do novo presidente Boliviano, Luis Arce, prevista para o próximo domingo (8).>
Segundo disseram à reportagem interlocutores no governo, o governo Bolsonaro estará representado pelo embaixador em La Paz, Octávio Côrtes, um nível de participação protocolar que contrasta com os demais vizinhos do país andino.>
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, deve comparecer ao ato, assim como o líder paraguaio Mario Abdo Benítez. Também é esperada a participação do Conselho de Ministros do Peru, Walter Martos, que ocupa um cargo equivalente à Casa Civil no Brasil. >
Além do Brasil, o único vizinho da Bolívia que não será representado por seu presidente é o Chile, mas os dois países não mantêm relações diplomáticas. Mesmo assim o presidente chileno Sebastián Piñera escalou seu chanceler, Andrés Allamand, para representá-lo.>
>
Bolsonaro também foi convidado pela chancelaria boliviana, mas a equipe de Arce, herdeiro político do ex-presidente Evo Morales, já contava com a ausência do brasileiro.>
Isso porque Bolsonaro --que tem um histórico de manifestar sua preferência em eleições de outros países-- ficou contrariado com a volta da esquerda no país vizinho. Ele já havia faltado à cerimônia de inauguração do mandato de Fernández na Argentina, quando foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão.>
A decisão de Bolsonaro de não ir à Bolívia para a solenidade e sequer enviar um representante de nível ministerial frustrou aliados de Arce, que viram no gesto mais um sinal de que o brasileiro não pretende reduzir o componente ideológico na relação com uma nação governada pela esquerda.>
O governo brasileiro foi o último entre os países que fazem fronteira com a Bolívia a parabenizar Arce pela vitória eleitoral conquistada em 18 de outubro.>
A equipe de Arce tenta não polarizar com o governo Bolsonaro, uma vez que a Bolívia tem uma alta dependência econômica com seu maior vizinho. O novo presidente boliviano tem como uma de suas prioridades tentar renegociar os termos de um acordo de venda de gás para o Brasil.>
Os preparativos para a posse de Arce foram marcados por turbulência.>
A atual presidente, Jeanine Añez, chamou para participar das festividades como representante da Venezuela o líder opositor Juan Guaidó, mas Arce estendeu o convite para o presidente Nicolás Maduro.>
Uma vez no poder, Arce deve reverter a decisão de Añez de reconhecer Guaidó como o presidente legítimo venezuelano.>
Além do mais, segundo o MAS (Movimento ao Socialismo), o presidente eleito foi alvo de um ataque com dinamites na noite desta quinta (5). A agremiação do presidente eleito disse que ele não ficou ferido.>
A polícia boliviana diz que na verdade estouraram fogos de artifício no local.>
Há ainda um cenário de protestos ocasionais contra Arce em Santa Cruz de la Sierra, um reduto da oposição ao MAS. Os manifestantes pedem auditoria das eleições e rejeitam uma decisão do Congresso para reduzir o quórum necessário para a votação de alguns projetos estratégicos.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta