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Publicado em 12 de junho de 2025 às 20:17
Com o potencial de desenvolvimento econômico e a exploração do território para diferentes negócios, o Espírito Santo foi definido como a “Singapura brasileira” pelo especialista Marcello Brito, em referência ao país que é conhecido como a "Pérola da Ásia", graças à força e à diversidade da economia local. A afirmação foi feita durante o painel “O Agronegócio Brasileiro e os Desafios da COP 30”, no segundo dia da Feira Sustentabilidade Brasil 2025, nesta quinta-feira (12), na Praça do Papa, em Vitória. >
No painel que abriu o auditório Terra, foi abordado o impacto das mudanças climáticas na produtividade agrícola, a transição para práticas regenerativas, a rastreabilidade da produção e as estratégias para fortalecer a competitividade do Brasil – e do Espírito Santo – no mercado global de alimentos sustentáveis.>
Durante sua fala, o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, destacou o crescimento da cobertura vegetal do Estado (era 9% em 1992 e hoje está em 27%) e o crescimento estrutural do governo como essenciais para o desenvolvimento do agronegócio. “Este movimento é árduo. Nem todos os Estados têm um fundo de descarbonização. Nós temos. Nem todos os Estados têm um fundo para as mudanças climáticas. Nós temos”, afirmou. >
Além disso, ele ressaltou a importância do Programa de Reflorestamento, que nos últimos anos já recuperou 15 mil hectares em áreas degradadas. “Aqui os números são pequenos, pois vivenciamos o Estado com uma área pequena também. Então, esse é um movimento importante.”>
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Também foram destacados os principais produtos de exportação e sua dominância em comparação com outros Estados, dentre eles a pimenta do reino, que representa 60% a 70% da produção nacional; o gengibre, que chega a 80% do produzido no país; e o café conilon, principal commodity capixaba.>
Por fim, os especialistas defenderam o uso da tecnologia e inteligência de mercado para fortalecer o setor. “O primeiro item da sustentabilidade de uma propriedade rural é a economia, pois um produtor que está no vermelho não cuida do verde”, declarou Enio. >
A especialista em inovação agrícola Mariana Caetano propôs uma nova abordagem para os incentivos ambientais, com a necessidade de discutir um crédito de biodiversidade, que pense em todos os biomas do Brasil.>
“Nos últimos anos, nós discutimos sustentabilidade. De agora para frente, a gente discute sustentabilidade com prosperidade. Porque o fato de estar preservado não significa prosperidade para quem está ali,” destacou Marcello Brito, finalizando o painel.>
No painel “Do Campo ao Oceano: Tecnologias Marítimas e o Futuro do Agro”, o destaque foi a integração entre ecossistemas costeiros e práticas agrícolas sustentáveis, dentro da chamada economia azul. A expressão se refere ao uso sustentável dos recursos marinhos para impulsionar o crescimento econômico, a geração de empregos e a melhoria dos meios de subsistência, ao mesmo tempo em que preserva a saúde dos oceanos, mares e das regiões costeiras.>
O pesquisador português e convidado especial Sérgio Miguel Leandro, referência internacional em economia do mar, lembrou que o futuro está na união de ciência, política pública e inovação. “Estamos criando em Portugal um ecossistema de inovação azul com formação, pesquisa e startups atuando juntas para desenvolver soluções sustentáveis”, afirmou.>
O professor e pesquisador Marcelo Polese, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), destacou a importância da aquicultura (refere-se ao cultivo de organismos aquáticos, como peixes, moluscos, crustáceos e algas, em ambientes controlados) e da bioeconomia para alcançar a economia azul. “Produzir em massa espécies ornamentais evita a caça ilegal e movimenta um mercado de alto valor, inclusive no agronegócio”, informou.>
Para a engenheira de pesca Roberta Garcia, a transformação só é possível se o básico for garantido, com investimento em monitoramento marinho, ordenamento e gestão compartilhada. Sem isso, não se começa nem a falar em pesca sustentável.>
Entre as apresentações, foi consenso que a transição verde só será efetiva se os produtores, pescadores e as comunidades locais estiverem no centro do processo. A extensão rural e a inclusão digital foram apontadas como chaves para essa transformação. “O extensionista é o elo entre o setor produtivo e as soluções tecnológicas. Sem essa ponte, o produtor fica desconectado das oportunidades”, concluiu Roberta.>
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