Ter que cumprir uma prova com percurso de 160,94 km em no máximo 24 horas, e em subida, gradativamente, até alcançar 3.000 metros acima do nível do mar, não é uma tarefa das mais fáceis. Mas esse é o desafio que Jorge Fernando Coutinho Júnior, 39 anos, e Carlos Gusmão, 41, vão enfrentar. Os dois atletas, que moram em Vila Velha, representarão o Espírito Santo, a partir do próximo sábado (21), na ultramaratona One Hundred que acontecerá, pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro (RJ).
A largada da prova acontece em Barra do Pirai, com trajeto pelo interior do Rio de Janeiro e, em sua maior parte, por estradas de terra, passando por Valença, Conservatório, Vassouras, Vale das Princesas, com chegada a Catedral de Petrópolis. Esse percurso é conhecido como o Caminho do Imperador. O One Hundred é uma competição inédita, lançada aqui no Brasil e no próximo ano terá etapas na Itália e em Portugal. O processo de seleção dos atletas para a prova foi, a partir da análise curricular dos ultramaratonistas.
Jorginho será o primeiro dos capixabas a competir neste sábado (21), às 17 horas, quando a One Hundred etapa Brasil terá início. Serão quatro baterias, com cinco competidores cada uma. Gusmão correrá no dia 5 de dezembro. Os atletas vão competir entre si mesmo em baterias diferentes e contra corredores dos Estados Unidos, Minas Gerais e do Rio de Janeiro (RJ).
O primeiro lugar nesta corrida terá garantido a isenção na taxa de inscrição, a passagem e os custos da equipe de apoio, pagos pela organização, para a disputa em 2021. Os classificados, do segundo ao quinto lugar, terão isenção na taxa de inscrição das etapas fora do país.
Gusmão e Jorginho são treinador e aluno e, nesta prova, estão na disputa entre si, mas não rivalizando. A ultramaratona é um desafio pessoal, a superação dos nossos limites. O resultado final é o importante para nós enquanto atletas e não a rivalidade na disputa, afirma o treinador, que nesta primeira etapa, sábado (21), acompanhará Jorginho, fazendo parte da equipe de apoio e no dia da sua competição em 5 de dezembro, será apoiado pelo aluno.
A pandemia do novo coronavírus modificou a realização de diversas etapas esportivas pelo mundo. Esta ultramaratona, por exemplo, foi preparada em cinco baterias com apenas quatro competidores, para que não haja aglomeração dos participantes. Com relação à preparação física para a competição, Jorginho declara que não houve muita mudança. A ultramaratona já é um esporte meio solitário, então para treinar eu não precisei mudar muito o meu ritmo, apenas procuro lugares ao ar livre, mais distantes, disse.
As ultramaratonas são provas longas de corridas, acima de 50 Km, e são realizadas em 12h, 24h e 48h, obrigatoriamente com carro de apoio e equipe durante todo o trajeto, para auxiliar na alimentação e ajudar, caso o atleta precise.
Neste tipo de competição, não há parada e o percurso total é feito dentro do limite de horas estipulado, correndo durante o dia e a noite, sem interrupção para nada. O carro de apoio é importante e obrigatório para o atleta ultramaratonista. A gente não pode interromper a corrida para nada e a equipe nos acompanha o tempo todo, nos apoiando o tempo todo, descreve Jorginho.
Jorginho escolheu correr para aliviar o estresse, há oito anos e, quando atingiu 21 Km (corridas curtas), migrou imediatamente para a ultramaratona (acima de 50 Km). De lá para cá ele acumula diversas conquistas nesta modalidade como: 3° lugar na Ultramaratona do 38° BI de Vila Velha; 1º lugar na Ultramaratona Caminhos de Rosa-MG (250 Km em 27 horas, realizando o percurso de Guimarães Rosa, autor de Grandes Sertões Veredas), em revezamento com a atleta Dian Bellon; 3º lugar na Ultramaratona Desafio Vitória-Anchieta (110 Km em 11h52min); vice campeão da Ultramaratona Sul-americana, realizada no Uruguai; e o 4º lugar na Brazil 135 Ultramarathon, prova que tem como desafio 217 Km, altimetria de 9 mil metros e tempo limite de 60 horas, que Jorginho realizou em 35.
Gusmão destaca no seu currículo como ultramaratonista: quatro vezes Finisher Spartathlon nos 246 Km na Grécia, sendo considerado o maior brasileiro finishers nessa competição, ou seja, o competidor que conseguiu finalizar essa competição por quatro vezes; campeão recordista dos 250 Km da Caminhos de Rosa-MG; duas vezes Finisher BR-135, 217 Km na Serra da Mantiqueira-MG; duas vezes campeão na Ultramaratona 12h de Niterói-RJ; Atleta da Seleção Brasileira de Ultramaratona de 24h que disputou o Mundial em Belfast/IRL; e Finisher da Badwater, 217 Km no Deserto de Mojave no Death Valley, California/EUA.
*Mônica Moreira é aluna do 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e foi supervisionada pelo editor Filipe Souza.
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