Publicado em 19 de maio de 2025 às 10:51
A pose para foto ao lado de 20 dirigentes no dia do registro da candidatura não foi por acaso. Com Samir Xaud, estavam vários rostos de um movimento que catapultou a candidatura única de um cartola desconhecido. >
Vem de Roraima o novo presidente da CBF, a partir da eleição do próximo domingo (25). E a ideia é passar uma mensagem de que não se trata de uma candidatura personalista. Mas um projeto coletivo.>
"Eu não falei 'eu quero'. Foram cogitados alguns nomes. E acabou que definiram o meu nome. Então, pelo grupo, pelo projeto, pela proposta, eu topei", disse Samir à reportagem.>
A foto que uniu federações, interventor e novos vices foi no gabinete do terceiro andar da sede da entidade que, até quinta-feira passada, era de Ednaldo Rodrigues.>
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Na noite anterior, alguns até brincavam que já tiveram que esperar longamente na ante sala daquele mesmo gabinete para serem atendidos pelo agora presidente afastado. O diálogo com Ednaldo se deteriorou nos últimos tempos.>
Não por acaso, as federações estaduais protagonistas e donas dos votos de maior peso no pleito trataram de articular quem seria a figura a se sentar na cadeira mais importante.>
CAMPEONATO DE KART SAI DA AGENDA>
A decisão foi por um sujeito de 41 anos. Mais alto, mais forte e mais novo do que quase todos eles. Médico, faixa preta de jiu-jitsu e fã de kart.>
O Campeonato Norte Brasileiro de Kart, inclusive, precisou ser riscado da agenda de Samir. As passagens e hospedagem já estavam pagas. O carro dele já tinha sido enviado a Paragominas, no Pará, onde a competição acontecerá (de quinta a sábado). A agenda agora é a CBF.>
Tem, sim, uma ideia de banho de loja na entidade. A escolha foi por um dirigente que indique uma mudança de ares ainda que com o suporte de um sistema já conhecido no futebol brasileiro.>
Saiu a figura centralizadora de Ednaldo que de certa forma "traiu" o movimento que o alçou ao poder, em 2021, e se fechou muito. E a eleição unânime em março para ter mais um mandato? Ilusão.>
A saída de Ednaldo por decisão da Justiça do Rio uniu várias vertentes. Federações, famílias com influência no Judiciário, classe política e figuras de Brasília que não aparecem tanto. Os clubes, nesse contexto, vieram para cumprir o requisito do estatuto. Eram necessários cinco, no mínimo.>
O resultado prático? O apoio formal de 25 federações e dez clubes. Da Série A, cartas de apoio de Palmeiras, Vasco, Grêmio e Botafogo. Da Série B, Remo, Paysandu, Amazonas, CRB, Volta Redonda e Criciúma. Não houve unidade dos clubes na Libra, tampouco na Liga Forte União. Oposição inviabilizada.>
Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista, terminou praticamente isolado considerando os colegas de federações. Entre os clubes, de nada adiantou ter o apoio de 30 deles.>
O nome de Samir apareceu de forma concreta já na noite de quinta-feira, no mesmo dia em que Ednaldo foi deposto. Na sexta, a articulação tomou forma. Tanto que à noite, já havia um cenário de união com 22 federações em torno do candidato.>
SIM, DE RORAIMA>
Mas por que Samir? Ele não surgiu sozinho no páreo. Tampouco tinha força para ser o grande articulador da própria candidatura.>
O grupo inicialmente colocou três nomes em pauta. Ricardo Gluck Paul, presidente da Federação do Pará, Luciano Hocsman, da Federação Gaúcha, e Samir Xaud, de Roraima.>
O princípio era apostar em uma nova geração de dirigentes. Por essas e outras que Rubens Lopes, da Ferj, não emplacou, por exemplo.>
O UOL apurou que em Brasília no bloco do lado político ligado ao IDP de Gilmar Mendes, a preferência era até pela candidatura de Paul ou de Luciano. Mas não houve imposição. A visão sobre Luciano é que ser do Sul (região com três federações) mobilizaria menos votos.>
As federações mais engajadas chegaram à conclusão de que Samir seria o melhor nome.>
O Norte veio forte. Tanto que Ricardo Paul virou um dos vices na chapa. Mas nada de racha. Houve convergência. Luciano, inclusive, estava com o grupo em um hotel na Barra da Tijuca na noite de sábado, quando se configurou o apoio de 23 federações e dez clubes.>
O lado low profile de Samir tem prós e contras, na visão dos dirigentes.>
De fato, um cartola de Roraima não tem representatividade nacional. Nem presidente de federação ele era muito embora há alguns anos já representasse o pai, Zeca Xaud, nas reuniões da CBF e fora eleito para comandar o futebol no estado a partir de 2027.>
Só que os dirigentes entenderam que Samir, em termos de relação pessoal, seria o menor nome. Em resumo, ele não tem problema com ninguém.>
Uma frase dita nos bastidores é que, no momento, a CBF não precisa de um especialista em Direito, em marketing ou alguém para ficar na cola de Carlo Ancelotti em relação aos nomes que vai convocar. A aposta é em alguém que consiga dar fluência às relações pessoais na CBF dando espaço para que várias figuras também apareçam.>
Na lista de vices, o interventor Fernando Sarney voltará a fazer parte dos Conselhos da Fifa e da Conmebol. As cadeiras estavam com Ednaldo.>
Outro vice, Flavio Zveiter tende a ter força para tocar projetos técnicos e estratégicos, como avanço do poder das ligas sobre o Brasileirão e implementação do fair play financeiro.>
Ricardo Paul deve tocar a área de marketing e comunicação. A paraibana Michelle Ramalho, inclusive, será a primeira mulher a ocupar uma cadeira de vice-presidente da CBF.>
Nesse quebra-cabeça, a chapa preservou três cadeiras que já tinham donos na última eleição de Ednaldo para o mandato que começaria em 2026: Rozenha (presidente da Federação Amazonense), Rubens Angelotti (presidente da Federação de Santa Catarina) e Gustavo Dias Henrique, diretor de relações institucionais com Ednaldo, que tem papel importante na articulação em Brasília.>
A eleição será na manhã do próximo domingo (25). Carlo Ancelotti chega na segunda (26). A seleção é só o primeiro item na longa lista de coisas a reestruturar na CBF atual.>
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