Publicado em 15 de maio de 2020 às 16:35
A maioria da bancada capixaba em Brasília avalia que a saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde causará prejuízos para o combate à pandemia do novo coronavírus. Parlamentares do Espírito Santo criticaram a postura de Jair Bolsonaro (sem partido), que reiteradamente manifesta a intenção de não seguir recomendações dos órgãos mundiais de saúde sobre o uso da cloroquina e o isolamento social, e afirmaram que o agora ex-ministro "defendeu a ciência". A opinião, no entanto, não é unânime, com declarações favoráveis ao presidente da República. >
Teich, que tomou posse no cargo no dia 17 de abril, substituindo Luiz Henrique Mandetta, teve exoneração anunciada nesta sexta-feira (15). É a segunda mudança no ministério durante a pandemia. A saída dele ocorreu após a pressão de Bolsonaro para alteração dos protocolos para utilização da cloroquina. O presidente chegou a negar que Teich teria o mesmo futuro de Mandetta, demitido da pasta no mês passado. >
O deputado federal Felipe Rigoni (PSB) avaliou que mais uma troca de ministro da Saúde, durante a pandemia do coronavírus, é "inacreditável". O parlamentar criticou o presidente, afirmando que Bolsonaro precisa "deixar os seus ministros trabalharem". "Uma irresponsabilidade total e que só piora o nosso cenário", escreveu Rigoni, no Twitter. "Menos ego e mais ciência", completou.>
Médico, o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) agradeceu Teich por ter "defendido a vida e respeitado a ciência" dentro do governo Bolsonaro, e disse que a saída do ministro traz instabilidade e consequências negativas ao combate à pandemia. O parlamentar também afirmou que a saúde da população deve ser prioridade e, por isso, é preciso "deixar questões políticas de lado e colocar a vida em primeiro lugar".>
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O senador Fabiano Contarato (Rede) também apontou que Teich decidiu não abandonar a ciência, ao ser contrários às posições do presidente sobre a utilização da cloroquina desde os primeiros sintomas da doença e a flexibilização das medidas restritivas durante a pandemia. >
"Ates de sair, [o ex-ministro] dizia a amigos que estava difícil conciliar os desejos do presidente (de uso da cloroquina e de flexibilização do isolamento). É mais um médico que não abandona a ciência e se insurge contra um presidente que, a cada dia, nos leva para uma situação insustentável. Estamos diante de grave uma crise de saúde, mas mais do que isso: de uma crise política que precisa de uma resposta (...). Não podemos nos calar diante de loteamento de cargos, de um militar submisso, ou de um político terraplanista e negacionista na pasta da Saúde", afirmou.>
Para o deputado federal Helder Salomão (PT), o pedido de demissão do ministro da Saúde é reflexo do caos que o país vive durante a pandemia, com o comando do presidente Bolsonaro. "Que outro país tem um presidente tão irresponsável na condução do enfrentamento à crise sanitária? Que outro presidente vive provocando conflitos com Estados, municípios e com a sua própria equipe? Que outro país troca duas vezes o ministro da Saúde em plena pandemia?", questionou. >
"A saída do ministro da saúde, hoje, é o reflexo do caos que o Brasil está vivendo, onde as vidas das pessoas e os empregos estão ameaçados. O presidente Bolsonaro não tem mais condições de governar o Brasil", completou. No Twitter, o parlamentar também defendeu o impeachment do presidente. >
Em nota, Ted Conti (PSB) também criticou as interferências de Bolsonaro no Ministério da Saúde e disse que vê com preocupação a mudança na pasta. Apesar da crítica, o socialista diz torcer para que o próximo a conduzir a Saúde consiga desenvolver um bom trabalho.>
"Lamento a saída de mais um Ministro da Saúde, em meio a esta pandemia. Nelson Teich é um profissional reconhecido na área da medicina e deixou o governo em menos de um mês. Vejo a mudança com preocupação. O Presidente precisa interferir menos para que o Ministro consiga implantar a forma de trabalho que julga mais importante para o Brasil. Mas vamos torcer para que o próximo a ocupar este cargo na Saúde consiga desenvolver um bom trabalho para o bem dos brasileiros.">
Já o deputado federal Amaro Neto (Republicanos) evitou fazer críticas ao presidente Bolsonaro e pregou o diálogo e o equilíbrio para a elaboração de medidas de combate à Covid-19. "É inegável dizer que a saída do ministro da área mais sensível do governo, neste momento da pandemia, poderá causar algum prejuízo no combate efetivo ao coronavírus no país. Precisamos de diálogo, equilíbrio e união de forças para colocar de pé estratégias que assegurem a salvação de vidas e a manutenção das famílias brasileiras", afirmou.>
O deputado federal Da Vitória (Cidadania) relembrou que é prerrogativa do presidente a escolha de quem vai ocupar cada pasta, mas ressaltou a importância da continuidade do trabalho na área da saúde. "É preocupante a segunda troca do ministro da Saúde em menos de um mês e durante a pandemia. Cabe ao presidente escolher e nomear seus ministros, mas é importante uma continuidade no trabalho para o enfrentamento ao novo coronavírus no país." >
A deputada federal Lauriete (sem partido) também não fez uma análise sobre a postura do presidente, mas afirmou que não é o momento para o país ter obstáculos políticos. "O ministro da Saúde, Nelson Teich, deixou o cargo alegando discordâncias com o presidente. Infelizmente, é muito complicado no contexto de uma pandemia assustadora, o Brasil enfrentar obstáculos políticos. Não entro no mérito, mas em defesa da vida temos que focar na crise sanitária." >
Norma Ayub (DEM) declarou, por nota, que se preocupa com as interrupções na gestão do Ministério de Saúde e que sente "muito a falta do excelente desempenho ex-ministro Mandetta" a quem elogiou pela postura firme a favor do isolamento social e proteção dos grupos de risco.>
"Confesso que não tenho nem como avaliar o desempenho Ministro Nelson Teich. Acredito que ele tenha encontrado no Ministério da Saúde uma equipe já estruturada, e com um planejamento bem direcionado para o combate à Pandemia. Sinto ainda muito a falta do excelente desempenho do ex-ministro Mandetta, a quem rendo minhas homenagens pela postura firme e enérgica a favor do isolamento social, e a proteção especial aos idosos e demais grupos de risco de baixa imunidade. Me preocupa muito, que no meio desta guerra contra a Pandemia, tenhamos estas interrupções na gestão do Ministério da Saúde.">
Na contramão das críticas da bancada, a deputada federal Soraya Manato (PSL), aliada do presidente, disse que a saída do ministro da Saúde se deve ao fato de que Teich "não estava de acordo com as questões relacionadas ao isolamento social e o uso da cloroquina no tratamento dos acometidos com Covid-19. Ele não estava de acordo com as ideias do governo Bolsonaro." >
Vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, o deputado federal Evair de Melo (PP) afirmou que as decisões sobre isolamento social e uso da cloroquina no tratamento de pacientes com a Covid-19 não são decisões do ministro da Saúde declaração que vai de encontro com o que tem pregado o presidente, que esperava uma atitude mais enfática de Teich. >
Frisando que o problema é de gestão, o parlamentar capixaba disse que Bolsonaro vai encontrar "um nome do tamanho do desafio". "Vida que segue", declarou no Twitter. >
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