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Publicado em 6 de novembro de 2022 às 11:04
A noite do último domingo, dia 30 de outubro, foi de festa e comemoração na casa do policial militar aposentado Givaldo Inácio da Silva, de 70 anos. Os momentos de ansiedade durante a apuração dos votos foram logo substituídos pela alegria de ver um familiar eleito presidente da República. Mestre Gil, como Givaldo é mais conhecido, é primo de primeiro grau de Luiz Inácio Lula da Silva. >
Morador da Serra, ele espera ser convidado, pela terceira vez, para ir à posse do primo, em Brasília. “Estou bem animado. Vou esperar o convite. Se mandarem, com certeza irei”, revela. >
A comemoração da vitória foi com a família e vizinhos. “Foi só alegria. No início foi muita emoção, mas tinha certeza que seria como no primeiro turno, quando ele virou a partir de 60% da votação. Mas quando abriram as urnas das pessoas que necessitam de mudança, o coração brasileiro pulsou mais forte”, relatou.>
Agora eleito, Givaldo espera que seu primo consiga vencer um dos principais desafios do Brasil: a fome. “Como ele disse em seu discurso na Avenida Paulista, e vem falando ao longo da campanha, é inadmissível o país ser o primeiro produtor de grãos do mundo e ainda termos brasileiros passando fome”.>
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E se emociona ao lembrar de um senhor que estava com um cartaz durante o discurso de Lula, que dizia: “A fome dói”. E acrescenta: “Isto é muito triste. Como é bom ter uma mesa farta, mas dói quando você vê o seu semelhante passando fome”, desabafa, em meio a lágrimas.>
Ele também torce para que Lula consiga unir o país. “Nós temos que fazer do nosso país um país de irmãos, onde eu veja em você a minha irmã e não a minha inimiga. A bandeira do Brasil é nossa, ela é do brasileiro, e do país, o Brasil é nosso”, diz.>
Na primeira posse de Lula, Givaldo foi à Brasília sozinho. Encarou uma viagem de ônibus, de 20 horas. Na segunda vez, foi com a esposa, a economista Angelina Jucá. “Foram momentos em que reunimos a família, que é muito grande, conhecemos primos, uma grande alegria”, relata.>
Mestre Gil é filho de Manoel Inácio da Silva, irmão do pai de Lula, Pedro Inácio da Silva. “Eu sou de Canhotinho e Lula de Caetés, ambos distritos de Garanhuns, interior de Pernambuco. Ele perdeu o contato com o primo na infância, quando a família de Lula se mudou para São Paulo e, posteriormente, Givaldo foi para Brasília, quando passou em um concurso da PM local. >
Ele voltou a rever o petista quando estavam em lados opostos: Lula era sindicalista do ABC Paulista e Givaldo agente do Serviço de Inteligência da Polícia Militar, em Brasília, corporação da qual fez parte durante 25 anos.>
Givaldo chegou a visitar Lula na prisão, no antigo DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) de São Paulo. “Fui para o conhecer. Na época da ditadura você não podia abrir a boca demais. Ele não falou e eu também não, ou iam achar que a gente estava junto e trazer problemas tanto para ele quanto para mim”, relata.>
O reencontro com Lula aconteceu em 1999, no Comitê do PT, em Vitória. Após mais de 20 anos de separação, a conversa foi rápida. “Ele queria saber como eu vim parar no Espírito Santo, terra que ele considera maravilhosa. Eu respondi: fugindo da seca”, brincou.>
Anos depois, Givaldo voltou a reencontrar o primo em outra visita ao Espírito Santo do então candidato Lula à Presidência da República. Desta vez ele ganhou uma foto autografada. >
Ao longo dos anos os contatos foram menores. “Alguns telefonemas. A vida dele é bem agitada”. Quando Lula esteve preso, em Curitiba, Givaldo e a esposa foram fazer uma visita. “Fomos barrados pela Polícia Federal, queriam que esperássemos mais 30 dias para falar com ele, o que não foi possível”, relata.>
Mestre Gil mora há mais de 30 anos no Espírito Santo. “Vim conhecer a terra, me apaixonei e decidi morar aqui após me aposentar na PM de Brasília. Agora já sou cidadão capixaba, com título da Assembleia Legislativa”, conta.>
Durante muitos anos ele atuou na Defesa Civil da Serra. Givaldo é espiritualista e mestre do Centro Vale do Amanhecer, na Serra.>
Primo de Lula no ES
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