Publicado em 10 de outubro de 2019 às 16:55
As recentes mudanças nas regras partidárias aprovadas pela Câmara dos Deputados e sancionadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) poderão facilitar a prática de fraudes durante os períodos de campanha eleitoral. Esta é a avaliação do procurador regional Eleitoral do Espírito Santo, André Pimentel Filho. Em função disso, ele garantiu que a Procuradoria Regional do Estado intensificará o trabalho de fiscalização para que as transações sejam analisadas com lupa. >
Um dos pontos mais controversos das novas regras é que, já a partir das eleições de 2020, o pagamento de advogados e de contadores dos partidos poderá ser feito por meio de terceiros, sem passar pelo caixa oficial das campanhas. Para André Pimentel, tal permissão facilita a formação do chamado caixa 2. >
"Pode facilitar, mas a gente vai trabalhar para que, mesmo com essas aberturas, a gente possa olhar essas situações com lupa como, por exemplo, se houver pagamento de quantias relevantes para terceiros, para serviços contábeis, advocacia, enfim, explicou Pimentel Filho em entrevista à rádio CBN Vitória na manhã desta quinta-feira (10). >
Os procuradores, inclusive, já estão se preparando para investigações mais detalhistas. Podemos colocar outros parâmetros no sistema que nós já temos para que a filtragem seja mais restrita, a malha seja mais fina, afirmou. >
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As novas regras partidárias foram aprovadas pela Câmara dos Deputados no início do mês de setembro. O pacote de mudanças inclui também medidas como a permissão para o fundo partidário seja usado na compra ou aluguel de móveis e imóveis e também a permissão para que os partidos recebem doações de pessoas físicas ou jurídicas por meio de boleto bancário e débito em conta, além de abertura de contas bancárias e serviços de meios de pagamento e compensação às siglas. >
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, vetou outros pontos, como o que que permite que o valor do fundo eleitoral, destinado aos partidos políticos, seja definido na Lei Orçamentária a cada ano, tendo como teto o total das emendas de bancada estadual (em 2020, elas serão de cerca de R$ 6 bilhões). Hoje, o fundo equivale, necessariamente, a 30% dessas emendas, algo em torno de R$ 1,7 bilhão.>
Para a próxima eleição, os vetos do presidente são válidos, mas isso poderá mudar a partir de 2022 caso os deputados federais optem por derrubá-los, impondo a mudança. Para o procurador regional André Pimentel, tal possibilidade de aumentar o dinheiro direcionado aos partidos também poderá ser um ponto facilitador de crimes. >
Quanto mais dinheiro houver nas eleições, mais possibilidades de desvio. Então, esse anunciado aumento do fundo eleitoral poderá gerar uma dificuldade de fiscalização. Apesar de todos os esforços a gente pode ter problemas em relação a isso".>
Por outro lado, o procurador avaliou que o fim das coligações nas eleições proporcionais para deputado e vereador, previsto pela PEC 33/2017, será um empecilho para candidaturas laranjas. Além disso, André Pimentel afirmou que, agora, os partidos e seus candidatos terão que ser mais programáticos e mostrar mais conteúdo para se destacarem. >
Acabar com as candidaturas laranja não, mas creio que vai dificultar. Os partidos que não têm um programa, uma ideologia definidos perdem importância. Isso pode melhorar a representatividade das candidaturas, com um reflexo ideológico mais apropriado, analisou. >
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