> >
Na CPI da Covid, Contarato declama poema em homenagem às vítimas

Na CPI da Covid, Contarato declama poema em homenagem às vítimas

O senador capixaba, em seu discurso, traduziu o texto em inglês "Funeral Blues", frequentemente usado para expressar o luto

Publicado em 27 de outubro de 2021 às 10:39

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Senador Fabiano Contarato durante sabatina do procurador-geral da República Augusto Aras, na CCJ do Senado
O senador Fabiano Contarato declamou o poema "Funeral Blues". (Roque de Sá/Agência Senado)

Em sua fala na votação do relatório final da CPI da Covid, o senador capixaba Fabiano Contarato (Rede) declamou o  poema ‘Funeral Blues’, do poeta e crítico inglês Wystan Hugh Auden, em homenagem às vítimas da doença no Brasil. O poema foi escrito em 1936 e é usualmente lembrado como expressão de luto, individual ou coletivo.

“Em memória a todas essas famílias e vítimas nós precisamos dar uma resposta”, afirmou o senador antes de ler o poema na sessão desta terça-feira (26/10), em Brasília, segundo reportagem do Estado de Minas

O senador Fabiano Contarato usou seu tempo na comissão, ainda, para criticar as ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao longo dos dezenove meses de pandemia. “A história será implacável quando analisar a personalidade do presidente da República”, enfatiza.

“Hoje eu nao tenho duvida, esse presidente tem uma personalidade completamente voltada para o crime”, completa Contarato. Segundo o parlamentar, não fosse a CPI da Covid, o líder do Executivo federal estaria até hoje negando vacinas. “Nós teríamos um número muito maior de mortos”, lamenta.

O POEMA

O poema ganhou popularidade internacional nos anos 1990, no filme ''Quatro casamentos e um funeral'', numa cena em que o personagem Matthew, interpretado pelo ator John Hannah, homenageia seu companheiro morto.

Desde então, o poema tem sido citado como exemplo de manifestação pública de perda e luto. Está lapidado no memorial do novo estádio de futebol Heysel, em Bruxelas, onde 39 torcedores morreram durante confronto na final da Copa dos Campeões da Europa, entre Liverpool e Juventus, em 1985. 'Funeral Blues' foi musicado pelo maestro e pianista britânico Benjamin Britten.

Nascido em 1907, em York, no Reino Unido, W. H. Auden foi a grande voz dos jovens intelectuais de esquerda dos anos 30. Segundo estudiosos, sua poesia é sempre perturbadora, seja quando aborda temas sociais e políticos, seja quando fala de assuntos espirituais e de impulsos homossexuais reprimidos. O poeta morreu aos 66 anos, em Viena, na Áustria.

Leia o poema completo, traduzido para o português:

Funeral Blues

Parem todos os relógios, desliguem o telefone,

 Evitem o latido do cão com um osso suculento,

 Silenciem os pianos e com tambores lentos

 Tragam o caixão, deixem que o luto chore.

 Deixem que os aviões voem em círculos altos

 Riscando no céu a mensagem: Ele Está Morto

 Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão,

 Deixem que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

 Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Leste e Oeste,

 A minha semana útil e o meu domingo inerte,

 O meu meio-dia, a minha meia-noite, a minha canção, a minha fala,

 Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.

 As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;

 Empacotem a lua e façam o sol desmanchar;

 Esvaziem o oceano e varram as florestas;

 Pois nada no momento pode algum bem causar.

W. H. Auden, in 'Another Time'

Com informações do Estado de Minas.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais