Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 20:08
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou, nesta quarta-feira (02), no Vitória Summit, evento realizado pela Rede Gazeta, que o mundo e, consequentemente, o Brasil, vive uma fase de "tribalismo", "não aceitando ideias contrárias a suas visões de mundo, levando ao radicalismo". >
Ele exemplificou, num tom de alerta, que radicalismos podem levar a cenários similares ao da série "The Handmaid's Tale". >
"Já existem alguns prognósticos futuros para esses radicalismos e, para aqueles que não estão assistindo, eu recomendo a série que se chama 'The Handmaid's Tale', que na tradução livre é 'A Fábula da Aia'. É interessantíssimo assistir isso, porque ela é uma consequência desse tribalismo que nós estamos vivendo no mundo de hoje". >
A série, baseada no livro "O conto da Aia", é exibida pela Paramount, citada por Mourão. >
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No streaming do canal a sinopse é a seguinte: "Em um futuro distópico, a taxa de natalidade do mundo cai abruptamente como resultado de diversas doenças e condições ambientais do planeta. No meio deste caos, um governo teocrático, totalitário e cristão está ditando novas regras".>
"The Handmaid's Tale" está também na Globoplay. Sinopse do capítulo 1: "Offred, uma das poucas mulheres férteis conhecidas como Handmaids na República opressiva de Gilead, luta para sobreviver como substituta reprodutora para um poderoso Comandante".>
Apesar das declarações de tom quase progressista, há poucos dias Mourão afirmou, por exemplo, que não existe racismo no Brasil.>
O vice-presidente também afirmou, nesta quarta-feira, com ar de preocupação, que os regimes democráticos têm sido contestados e citou o livro "Como as democracias morrem", dos professores de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt.>
"Começam a surgir indagações sobre a viabilidade da democracia liberal. Tem um livro bem recente que tem sido muito citado pelos nossos analistas e formadores de opinião, que é 'Porque as democracias morrem' (ele quis dizer 'Como as democracias morrem'). Tudo isso é fruto desse ambiente que nós estamos vivendo no mundo como um todo e no Brasil não é diferente. Ninguém pode se surpreender com os reflexos do tribalismo no nosso país, porque é uma consequência do que está ocorrendo à nossa volta", avaliou Mourão.>
A obra é um best-seller. Levitsky, no entanto, afirmou em março, em entrevista ao Correio Braziliense, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), parceiro de chapa de Mourão, é um risco à democracia, mas um risco fraco.>
"Os quatro indicadores (de comportamento autoritário) são (1) rejeição das regras democráticas do jogo; (2) negação da legitimidade dos oponentes políticos; (3) propensão a restringir liberdades civis básicas de rivais ou da mídia; (4) encorajamento ou tolerância à violência. Bolsonaro se encaixa nos quatro. Isso ficou claro durante a campanha de 2018 e é por isso que era tão perigoso elegê-lo", afirmou o coautor do livro, ainda em entrevista ao Correio. >
Ele pontou, no entanto, que as instituições brasileiras e o fato de Bolsonaro não ser tão popular quanto outros líderes autoritários, como foi Hugo Chávez, na Venezuela, por exemplo, minimizam a ameaça.>
Mourão esteve em Vitória para participar do Vitória Summit e, antes da palestra, almoçou com o governador Renato Casagrande (PSB) no Palácio Anchieta.>
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